Pesquisa mostra que 80% dos cariocas cortam despesas e quase metade complementa a renda.
Oito
em cada dez cariocas deixaram de comprar algo ou fazer uma atividade,
este ano, devido à crise econômica. Ainda assim, também oito em cada dez
moradores do Rio têm a sensação de que estão gastando mais do que nos
anos anteriores. Esses são alguns dados mostrados na pesquisa “O carioca
e a crise econômica”, realizada pela Unicarioca no mês passado.
—
O que mais chama a atenção é que, apesar de toda a crise, o carioca não
tem por hábito fazer nenhum tipo de planejamento e, muitas vezes, em
função disso, ele tem dificuldade para pagar as contas, para aproveitar
melhor o seu orçamento — explica Jalme Pereira, coordenador do
Laboratório de Pesquisas do centro universitário, referindo-se aos 74%
dos entrevistados que disseram não ter planejado as finanças para 2016.
A
sondagem também mostra que 42% dos cariocas têm alguma atividade extra
para complementar a renda. Em breve, a assistente administrativo Sandra
Silva, de 48 anos, vai fazer parte dessa estatística. A moradora do
Irajá, na Zona Norte, fez um curso de trançado com fita em chinelo na
papelaria Caçula para fazer uma grana extra:
—
Lá em casa, somos cinco: eu, meu marido e mais três adolescentes. Cada
um está fazendo uma coisa para complementar a renda. A minha ideia é
fazer os chinelos e vender para as amigas, as vizinhas...
Alberto
de Freitas, professor de Artesanato na Caçula, conta que os cursos têm
registrado aumento na procura, devido à crise econômica. E exemplifica o
quanto o aluno pode ganhar com os produtos:
— O chinelo aqui custa R$ 14. Com ele pronto, o gasto chega a uns R$ 16. E o aluno pode vender até por R$ 40.
O
consultor financeiro André Braga avalia que a renda extra pode ser
vista sob duas óticas: como uma correção de rumo, para os que não se
planejaram; ou, por outro lado, como uma chance de crescer um momento de
adversidade:
— Neste caso, o planejamento será o diferencial. Quem fizer, vai chegar mais longe.
Outro
dado moistrado pela pesquisa é que 46,8% dos entrevistados disseram que
estão comprando menos carnes. Braga chama a atenção para esse e outros
efeitos perversos da inflação, especialmente para o carioca:
—
Uma verdade sobre a inflação é a seguinte: Você acorda mais pobre a
cada dia que passa! Esse é um dos seus efeitos mais cruéis e silenciosos
sobre o padrão de vida da população. Nos últimos anos, o carioca,
sobretudo, viveu os efeitos de uma alta de preços mais acentuada do que
em outras cidades. O Rio ficou caro. E, na falta de alternativa para
elevar a renda, só resta como opção cortar os gastos. Um registro triste
de como nós estamos assolados pela escassez é chegarmos ao ponto de
aceitarque comer carne é uma conquista ou que esta é um item supérfluo.
Mas, em nosso país, é a maispura realidade.
Fonte Extra
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