Há 25 anos nascia, em Campos dos Goytacazes, município do Norte
fluminense, a Feira da Roça. O projeto surgiu a partir da necessidade de
geração e diversificação de renda entre os moradores da zona rural do
Imbé, por conta principalmente das demissões de funcionários, durante a
década de 1990, nas usinas de cana-de-açúcar da região. O novo negócio
não só melhorou a vida financeira dos agricultores, como também abriu
espaço para o mercado da alimentação saudável e para a negociação direta
entre produtores e consumidores.
Entre os
feirantes, há agricultores apoiados pelo Rio Rural, programa da
secretaria estadual de Agricultura, através de subprojetos que promovem o
aumento da produtividade e da qualidade da produção e que vêm ajudando a
fortalecer essa rede.
Uma das pioneiras da Feira da Roça é a produtora Dilma Rodrigues, da microbacia Canal Coqueiro/Pau Fincado, em Campos.
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Me lembro quando começamos, de forma bem humilde, ainda sem barracas.
Hoje, temos uma boa estrutura, feirantes de vários distritos, alimentos
frescos, diversificados e clientes cativos - conta entusiasmada a
senhora de 68 anos.
Dilma produz em seu sítio,
semanalmente, pelo menos 25 peças de queijo da roça e colhe até 40
quilos de aipim orgânico, produtos que respondem pela maior parte de
suas vendas. Há dois anos, o lucro dela aumentou bastante depois da
implantação do kit galinha caipira, projeto implantado com incentivo do
Rio Rural. O apoio do programa viabilizou a compra de aves e material
para instalação do galinheiro. Atualmente, a produtora vende, em média,
100 ovos por semana pelo preço de R$ 7,00 a dúzia.
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A procura pelos ovos caipiras cresceu muito porque eles são mais
saudáveis do que aqueles produzidos em granjas. Em menos de cinco horas
de feira, vendo tudo. O kit galinha caipira ainda me dá mais uma
vantagem: ganho dinheiro também com a venda do abate dos animais, pois é
preciso substituir as galinhas quando vai diminuindo a produção delas -
conta a agricultora.
Pescadores da feira também são beneficiados com subprojetos
De
acordo com o presidente da Feira da Roça, o produtor Jurandir Pereira
Neto, apesar de os produtos agrícolas serem os mais procurados pelos
clientes, a exemplo do queijo, milho, aipim e hortaliças, os peixes
também têm boa saída.
- O peixe tem bastante
procura porque é vendido fresquinho, sem atravessador. O consumidor
valoriza isso, esse é o nosso diferencial. A qualidade é que faz com o
que o nosso público seja fiel - explica Pereira Neto.
Alguns
pescadores, que também trabalham como feirantes, foram contemplados
pelo Rio Rural com o kit pesca, que inclui recursos para a compra de
materiais como isopor para boia, tralha (material usado para confecção
da rede) e anzol.
José Carlos Filho, da
microbacia Canal São Nicolau/Canal de Tocos, também em Campos, trabalha
na atividade pesqueira com a esposa Aulenir Matias. Os dois vieram de
famílias tradicionais nesse ramo. Por semana, chegam a tratar 200 quilos
de peixe, como traíra, tilápia e cará, que são bastante vendidos na
feira.
- A gente não tinha dinheiro sobrando
para poder comprar uma rede melhor. O Rio Rural nos ajudou com isso, com
esse investimento, que está se multiplicando. Nós temos cinco anos de
feira e, depois do kit, demos uma alavancada. Antes entregávamos tudo
para os atravessadores. Com a feira, nossa vida mudou para melhor -
salienta Aulenir.
A pescadora conta ainda que,
se as vendas continuarem progredindo, o casal planeja comprar uma
caminhonete para transportar o peixe de casa até a feira, substituindo o
atual veículo emprestado. Se depender da clientela, o ritmo de
crescimento continua. Nas terças e sextas-feiras, quando o casal vai à
feira, a fila de clientes é grande.
- Eu adoro
peixe e faço questão de vir aqui comprar com eles. O diferencial é um
alimento super saudável e prático. Eles tiram a espinha dos peixes e, em
casa, é só temperar com alho, sal e fritar. Peixe fresco é muito bom -
diz a dona de casa Verônica Camilo.
De acordo
com o técnico Jeferson Luiz, executor do Rio Rural na microbacia
CanalCoqueiro/Pau Fincado, mais subprojetos devem ser liberados nos
próximos meses para outros produtores rurais que trabalham na feira.
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O que nos dá satisfação é ver como eles melhoraram de vida, aumentaram a
renda, sem falar na melhor integração da comunidade. O Rio Rural é
apenas o incentivo, o primeiro passo. A partir daí, com boa orientação,
eles conseguem andar com as próprias pernas e ainda incentivar mais
gente a entrar no programa - frisa o técnico.
Serviço:
A
Feira da Roça conta com 180 produtores, que trabalham nos fundos da
Praça da República, atrás da rodoviária Roberto Silveira, no centro de
Campos dos Goytacazes.
O funcionamento vai de 4 horas da manhã até o meio dia, às terças e sextas-feiras.
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