quarta-feira, 27 de abril de 2016

Rio tem uma radiografia amarga do consumo

                      
  

Pesquisa mostra que 80% dos cariocas cortam despesas e quase metade complementa a renda.


Oito em cada dez cariocas deixaram de comprar algo ou fazer uma atividade, este ano, devido à crise econômica. Ainda assim, também oito em cada dez moradores do Rio têm a sensação de que estão gastando mais do que nos anos anteriores. Esses são alguns dados mostrados na pesquisa “O carioca e a crise econômica”, realizada pela Unicarioca no mês passado.

— O que mais chama a atenção é que, apesar de toda a crise, o carioca não tem por hábito fazer nenhum tipo de planejamento e, muitas vezes, em função disso, ele tem dificuldade para pagar as contas, para aproveitar melhor o seu orçamento — explica Jalme Pereira, coordenador do Laboratório de Pesquisas do centro universitário, referindo-se aos 74% dos entrevistados que disseram não ter planejado as finanças para 2016.

A sondagem também mostra que 42% dos cariocas têm alguma atividade extra para complementar a renda. Em breve, a assistente administrativo Sandra Silva, de 48 anos, vai fazer parte dessa estatística. A moradora do Irajá, na Zona Norte, fez um curso de trançado com fita em chinelo na papelaria Caçula para fazer uma grana extra:

— Lá em casa, somos cinco: eu, meu marido e mais três adolescentes. Cada um está fazendo uma coisa para complementar a renda. A minha ideia é fazer os chinelos e vender para as amigas, as vizinhas...

Alberto de Freitas, professor de Artesanato na Caçula, conta que os cursos têm registrado aumento na procura, devido à crise econômica. E exemplifica o quanto o aluno pode ganhar com os produtos:

— O chinelo aqui custa R$ 14. Com ele pronto, o gasto chega a uns R$ 16. E o aluno pode vender até por R$ 40.

O consultor financeiro André Braga avalia que a renda extra pode ser vista sob duas óticas: como uma correção de rumo, para os que não se planejaram; ou, por outro lado, como uma chance de crescer um momento de adversidade:

— Neste caso, o planejamento será o diferencial. Quem fizer, vai chegar mais longe.

Outro dado moistrado pela pesquisa é que 46,8% dos entrevistados disseram que estão comprando menos carnes. Braga chama a atenção para esse e outros efeitos perversos da inflação, especialmente para o carioca:

— Uma verdade sobre a inflação é a seguinte: Você acorda mais pobre a cada dia que passa! Esse é um dos seus efeitos mais cruéis e silenciosos sobre o padrão de vida da população. Nos últimos anos, o carioca, sobretudo, viveu os efeitos de uma alta de preços mais acentuada do que em outras cidades. O Rio ficou caro. E, na falta de alternativa para elevar a renda, só resta como opção cortar os gastos. Um registro triste de como nós estamos assolados pela escassez é chegarmos ao ponto de aceitarque comer carne é uma conquista ou que esta é um item supérfluo. Mas, em nosso país, é a maispura realidade.
Fonte Extra

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