quarta-feira, 30 de maio de 2018

Pobres, são os mais afetados na Ceasa do Irajá

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Desabastecimento causado por greve de caminhoneiros enfraqueceu a xepa da central de abastecimento carioca, prejudicando milhares de pessoas que catavam o que comer nas caçambas. O local é cercado por 14 favelas.

Com o olhar atento, Rosana Barbosa da Silva, de 32 anos, percorreu ontem as caçambas de lixo da Central de Abastecimento do Estado do Rio (Ceasa-RJ), em Irajá, em busca de comida. Moradora da favela Bandeira 2, em Del Castilho, ela costuma ir ao local duas vezes por semana para garimpar entre os produtos descartados algo que possa aproveitar para alimentar os três filhos. Mas, por causa da greve dos caminhoneiros, que provocou o desabastecimento do mercadão, Rosana estava há seis dias sem coletar restos de frutas, verduras ou legumes.

Com a retomada na chegada das mercadorias, ontem de manhã, a Ceasa começou a voltar à vida. A movimentação dos caminhões atraiu não apenas compradores e intermediários de feiras livres, mas também dezenas de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza e recorrem às sobras para sobreviver.

— Acabou tudo lá em casa, só tenho água. Quando ouvi no rádio que a Ceasa estava funcionando, vim correndo — diz Rosana, que conta apenas com os R$ 257 da Bolsa Família para sustentar os filhos de 10, 11 e 15 anos: — Não acho vergonhoso estar aqui catando. Sempre digo aos meus filhos que a vida é difícil, mas isso é melhor do que roubar.

Há 14 anos atuando na segurança da Ceasa, o vigilante André da Silva, de 52 anos, diz que nunca se acostumou a ver os “catadores da xepa”, como são conhecidos. A cena se repete todas as manhãs: grupos de pessoas, incluindo idosos e crianças, formam-se em torno das caçambas para esperar o momento do descarte.

Há mais de duas décadas, essa é a rotina de Rosimere Alves da Silva, 53 anos. Moradora de Anchieta, ela vai à Ceasa a cada dois dias em busca de sobras. Monta uma banca em frente de casa para vender as verduras e hortaliças, além dos sacolés, feitos com o suco de frutas, que saem a R$ 1,50 a unidade. Ontem, ficou decepcionada com o que encontrou.

— Preciso ajudar a engrossar a renda, por isso não deixo de vir — conta.


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