Presença certa nas festividades de fim de ano, elas ainda são pouco lembradas nos meses de junho e julho, quando o preço também é um atrativo para o consumidor. Com queda de 12,5% no preço médio, entre junho e maio no atacado da CeasaMinas, as uvas se destacam ainda pelos benefícios à saúde ligados à redução do risco de doenças cardíacas e diabetes, entre outras potencialidades.
O comparativo se refere ao período de 1 a 20 de junho em relação a igual período de maio, no entreposto de Contagem. O valor médio do quilo passou de R$ 7,43/kg para R$ 6,50/kg. Vale lembrar que a redução do preço se deu mesmo com a menor oferta no período, a qual passou de 558 toneladas para 530 t, o equivalente a uma oscilação de -5,1%.
De acordo com o chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, a menor procura do consumidor por frutas no inverno em geral acaba contribuindo para segurar o preço, mesmo com oferta negativa.
A atacadista Multifrutas é uma das empresas especializadas no comércio desses produtos no entreposto de Contagem. Para o gerente Ailson Soares da Silva, mais conhecido como 'China', o consumidor deve aproveitar o período atual, em que, além do preço acessível, as uvas apresentam maior durabilidade, por causa do frio.
"Se, por um lado, o frio contribui para reduzir a demanda, por outro, as baixas temperaturas ajudam 'a segurar a fruta', ou seja, conservá-las por mais tempo", lembra.
Sem sementes
O consumidor brasileiro pode se beneficiar ainda com a oferta cada vez mais comum das variedades sem sementes. Entre elas, estão as resultantes de pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). São exemplos mais recentes desse trabalho, as variedades BRS Núbia, BRS Isis e BRS Vitória, que prometem, além de mais produtividade, maior resistência a pragas e melhor sabor.
"As uvas sem sementes possuem vários diferenciais, como a maior durabilidade, maior doçura e firmeza dos cachos. Na nossa loja, o aumento da oferta dessas variedades foi em torno de 60% nos últimos anos", destaca Ailson Silva.
Os diferenciais das variedades sem sementes se refletem em uma maior valorização no atacado da CeasaMinas. Para se ter uma ideia, de 1 a 20 de junho, enquanto a uva itália (com semente) foi comercializada, em média, a R$ 5,68/kg, a variedade thompson (sem semente) foi encontrada a R$ 9,35/kg.
A boa notícia é que ambas caíram de preço em relação ao mesmo período de maio, assim como quase todas as demais variedades: uva itália (-14,3%); thompson (-11,7%); brasil (-6,3%); rubi (-5,9%); crimson (-5,4%); benitaka (-3,4%) e niágara (-1,3%). A exceção é a variedade rede globe, com leve alta de 1,7% no preço.
Minas Gerais
Entre as variedades comercializadas por municípios mineiros, o destaque é a uva niágara. Se em 2006 Minas Gerais ofertava 37,2% do total de niágara no entreposto, em 2016 passou a ser responsável por 68,3%.
Marcelo Aguiar Silva é um dos vendedores de uva niágara no Mercado Livre do Produtor (MLP) de Contagem, trazendo a mercadoria em nome do agricultor Antônio Nobuyoshi Iida, de Pirapora (MG). Silva ressalta a preferência dos produtores da região pela niágara, que, segundo ele, tem apresentado custo menor e melhor retorno financeiro. "Em Pirapora, muitos produtores deixaram de produzir uvas finas de mesa a exemplo da variedade benitaka e as sem sementes por acharem que a niágara compensa mais", afirma.
Ele explica que a estratégia do produtor é entrar com a mercadoria na CeasaMinas quando a produção concorrente da região do Jaíba começa a diminuir. Isso, segundo ele, permite aproveitar o momento para conseguir um preço melhor.
Saúde
Do ponto de vista nutricional, a uva é uma grande aliada da saúde. Um estudo publicado em 2013 em pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, apontou o potencial da fruta na redução da inflamação e do armazenamento de gordura no organismo. Os polifenóis, componentes naturais encontrados nas uvas, seriam os responsáveis por esses efeitos benéficos, conforme a pesquisa realizada em ratos.
Segundo o coordenador do trabalho, Mitchell Seymour, o estudo sugere que uma dieta enriquecida com uva pode desempenhar um papel protetivo contra a síndrome metabólica e os danos causados por ela. A chamada síndrome metabólica é um conjunto de doenças geralmente associadas à presença de gordura abdominal, pressão alta e diabetes, dentre outros fatores.
A pesquisa amplia e reforça os resultados de um estudo anterior, do mesmo autor, o qual demonstrava que uma dieta enriquecida com uva reduzia fatores de risco para doenças cardíacas e diabetes em ratos propensos a obesidade.