Visitante come o que colhe em fazendas do chamado Vale do Café, no interior fluminense. Propriedades vão além do turismo histórico e oferecem imersão em plantação de orgânicos. Fisicamente, o Vale do Café ocupa uma área que abarca 15 municípios do sul fluminense. Temporalmente, transita entre o século 19 e o atualíssimo.
Os ecos do primeiro período, auge da produção do fruto na região, são a principal marca do turismo local. Hoje, das mais de 147 fazendas históricas do Vale do Café --nas contas do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural--, 35 estão abertas para visitação.
Em diferentes estados de conservação, as propriedades permitem vislumbrar como funcionava o processo de beneficiamento do grão --em algumas delas, os visitantes são recebidos por guias trajando roupas, e afetando trejeitos, do passado.
Em Rio das Flores (a 180 km da capital fluminense), a fazenda do Paraízo, de 1845, guarda construções, maquinário, móveis e utensílios da época, incluindo um fogão a lenha, ainda em uso pelos donos, que moram por lá. A visita, encerrada com lanche colonial, custa R$ 70 por pessoa.
Alguns anos mais moça, a Alliança (finalizada em 1863), no município de Barra do Piraí (110 km do Rio de Janeiro), também conserva o aparato usado no século 19 para o processamento do café.
Além disso, assume a roupagem de "fazenda de vivência", nas palavras da proprietária, a argentina Josefina Durini.
Parte do terreno é usada para cultivar orgânicos --de batata doce a alho-poró-- e pancs (plantas alimentícias não convencionais), que nos últimos anos passaram a integrar cardápios de restaurantes celebrados em grandes cidades do país. Os visitantes são guiados pela plantação e aprendem sobre as propriedades das espécies: tiririca, erva-de-santa-maria, capoeraba...
E há o momento colheita. Os turistas podem apanhar os produtos e levá-los para casa ou ver uma porção deles usada no almoço, servido na própria fazenda --dependendo da categoria de passeio.
É preciso agendar a visita às duas fazendas com pelo menos dois dias de antecedência --o mesmo ocorre com outras atrações.
Assim, vale tentar marcar ao menos dois passeios num mesmo dia, para não perder a viagem, e estabelecer uma cidade como base. Vassouras, a 117 km da capital do estado, é uma das maiores da região.
Entre as opções de hospedagem por lá estão o hotel Santa Amália, com diária para duas pessoas a partir de R$ 607 (pensão completa), e a Vila Hibisco Pousada (preços partem de R$ 247).
Em Barra do Piraí, uma alternativa é o hotel fazenda Ribeirão, com diárias para duas pessoas a partir de R$ 750 (pensão completa).
Mais roteiros do sabor:
Jardim Ecológico Uaná Etê
Com 135 mil metros quadrados e trilhas que somam cerca de 10 km, o espaço, localizado na cidade de Engenheiro Paulo de Frontin, preenche facilmente um dia inteiro.
Isso se o visitante aderir à proposta de relaxamento do jardim: há redes e grandes teias trançadas com cordas para se jogar, gramados para piquenique, silêncio e natureza --30 mil mudas de diversas espécies foram plantadas no Uaná Etê desde sua inauguração, em 2014 (o que é sinônimo de "é preciso levar repelente de insetos").
Os fundadores do local, o casal de músicos Cristina Braga e Ricardo Medeiros, também investiram em atividades relacionadas ao seu ofício.
No bosque dos sinos, por exemplo, diversos desses objetos ficam à disposição para o público chacoalhar e "tocar" como bem entender.
O jardim funciona de quinta a segunda, das 9h às 17h. A entrada inteira custa R$ 40.
Cachaça Werneck
Em 2008, o casal Cilene e Eli Werneck --ele, engenheiro, e ela, artista plástica-- passou a se dedicar à produção de cachaça orgânica, em uma fazenda na cidade de Rio das Flores (a 180 km da capital fluminense). A bebida já ganhou prêmios dentro e fora do país.
É possível visitar as instalações pequenas, em um tour guiado pelo próprio Eli. Vale pelo didatismo dele --o visitante aprende, por exemplo, que o caldo de cana deve ser diluído em água, porque as leveduras encarregadas da fermentação não aguentam tanto açúcar-- e pela degustação ao fim do passeio.
O programa é gratuito e deve ser agendado com dois dias de antecedência. Informações pelo email contato@cachacawerneck.com.br.
Fazenda Santo Inácio
A menos de 15 km de Minas Gerais, a fazenda, de 1830, faz as vezes de restaurante de comida mineira desde 2007. É uma experiência pé no chão. Os donos da Santo Inácio --e o gato Filé-- vivem na propriedade e dividem o espaço com os clientes.
Os comensais se servem, na própria cozinha, de pernil, arroz, feijão-preto, couve, taioba e quiabo refogados, purê de abóbora e por aí vai. Opções simples e saborosas.
Segundo Ana Célia Mello Valle, responsável pelo restaurante, tudo que é servido cresce na fazenda. Porcos são abatidos a poucos metros do salão principal e o mesmo vale para a produção dos doces.
Serve-se à vontade por R$ 40. O restaurante abre apenas aos domingos, para o almoço, mas é possível agendar horários durante a semana. Mais informações pelo telefone (24)
Fazenda Alliança
Na propriedade da argentina Josefina Durini, os turistas são acompanhados pelo olhar de 140 búfalas, que pastam no entorno da sede da fazenda. A produção de leite do animal é o carro-chefe da Alliança.
A visita mais completa, com lanche, passeio pela estrutura usada para processar café, pela horta e pelos pomares, contato com as búfalas e almoço com produtos orgânicos e pancs custa R$ 280 por pessoa. Mais informações pelo telefone (24) 99327-0248.
Hotel fazenda União
O hotel, em Rio das Flores, pode agradar quem quer relaxar e fazer turismo histórico.
A sede da fazenda, de 1836, é uma espécie de antiquário, com peças garimpadas pelos donos do hotel, e conta com 11 quartos. Entre as peças expostas, há louças que pertenceram a figurões: Dom João, duque de Caxias e marechal Deodoro da Fonseca. Há ainda um museu de arte sacra, com 50 peças dos séculos 18 e 19. O hotel também tem piscina aquecida, quadra de tênis e oferece passeios de quadriciclo e cavalgadas.
A diária para duas pessoas parte de R$ 1.075. Agendamentos pelo e-mail reservas@fazendauniao.com.br.
Pacotes & Preços
R$ 387
3 noites em Vassouras, na Submarino Viagens (submarinoviagens.com.br)
Hospedagem no hotel Santa Amália para uma pessoa, em quarto duplo. Inclui café da manhã. Sem aéreo
R$ 908
2 noites em Conservatória, na CVC (cvc.com.br)
Hospedagem no hotel fazenda Rochedo, em quarto duplo, com pensão completa. Inclui passeio pelos principais pontos da cidade. Sem aéreo
R$ 1.198
4 noites em Resende, na CVC (cvc.com.br)
Hospedagem em quarto duplo no hotel fazenda Três Pinheiros, com pensão completa. Inclui passeio pela cidade. Sem aéreo.
Fonte O Dia