terça-feira, 18 de novembro de 2014

Estiagem no Nordeste prejudica a produção de caju


No Piauí, flores secaram e a cultura não se desenvolveu por falta de chuva. No ano passado, o estado colheu pouco mais de 12 mil toneladas de caju. Por consequência, a castanha de cajú também sai prejudicada. Pragas também são outro problema.

Do Globo Rural

Os produtores de caju do Piauí sofrem com a seca que já dura três anos. Segundo os produtores, essa é a pior estiagem da história da cajucultura do estado. A área plantada diminuiu e a produção despencou.

A força da cajucultura fez de Santo Antônio de Lisboa, que fica a 340 quilômetros de Teresina, um símbolo no semi-árido piauiense. A atividade é a principal fonte de receita do município. Mas, há três anos, a árvore que frutifica na praça principal da cidade seca no campo. Os efeitos da estiagem prolongada viraram o pior pesadelo dos produtores.

O agricultor Francisco de Assis da Silva tem uma propriedade de 42 hectares e está no ramo há 12 anos. A metade dos cinco mil pés de caju plantados morreu. “Nós estamos com cinco anos que é prejuízo total. Não está compensando”, diz.

Segundo os produtores, essa é a pior estiagem da história da cajucultura do Piauí. As flores secaram e os produtos não se desenvolveram por falta de chuva. Os agricultores também enfrentam problemas com as pragas, como a mosca branca, que destrói lentamente o cajueiro. Mais de 80% da safra foi perdida. Dados do IBGE apontam a redução da área plantada. Em cinco anos, área de com a cultura caiu pela metade por causa da seca.

Com queda no plantio e na colheita, o agricultor Leontino Nascimento viu a inversão de uma situação histórica. Há dez anos, o Piauí tinha muita produção, mas sem indústria. O caju e a castanha eram beneficiados no Ceará. Hoje, a indústria de extração de sucos, que o produtor construiu na propriedade, está parada à espera de caju que comprou do estado vizinho.

A queda da produção afetou também a exportação da castanha de caju. A cooperativa que une 400 produtores se esforça para honrar contratos com a Itália, que gostaria de comprar quatro vezes mais do que vai receber. “Nós temos uma capacidade instalada ao torno de 150 toneladas. A gente vem trabalhando com 20% da nossa capacidade. Isso limita para que a gente possa fazer novos contratos”, diz Jocibel Bezerra, presidente da cooperativa.

Em 2011, último ano em que não teve seca, a safra de castanha do Piauí foi de 45 mil toneladas. No ano passado, o estado colheu pouco mais de 12 mil toneladas.

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