sábado, 29 de novembro de 2014

ESPECIAL GASTRONOMIA (CEASAS) Brasileiros estão comendo menos e gastando mais


Por Jorge Lopes

O ano de 2014 mal fechou e já temos um prognóstico que avaliza as últimas pesquisas sobre o consumo dos brasileiros, que teria sofrido uma retração. De acordo com levantamentos feitos pelo Programa Nacional de Hortifrutigranjeiros (ProHort) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos últimos dois anos houve uma diminuição acentuada nas vendas de produtos nas maiores centrais de abastecimento do país. Ou seja, aponta os técnicos, o brasileiro comprou menos comida, mas gastou mais.  O estudo envolveu dados divulgados pelas diretorias técnicas da Ceagesp (SP), maior central da América Latina, e das ceasas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e do Paraná., desde o início de 2013.

Em 2013, foram comercializados nestes cinco mercados 2.936.671.824 quilos de produtos. E neste ano que ainda não se encerrou, caiu para 2.777.769.765 quilos. Será que os fatores climáticos contribuíram, como a estiagem na Região Sudeste do país e as chuvas intensas no Sul? Pode ser.  Mas, enquanto comprou menos, o brasileiro gastou nesses mesmos locais, em 2014, R$ 6.258.446.695,  pouco mais de 11% em relação ao ano anterior, quando registrados R$ 5.595.628.332. As vendas diminuíram 5,4%, no total geral.

Os brasileiros comeram menos frutas, verduras, legumes e ovos, mas gastou mais devido aos preços que variraram muito no período estudado pelo Programa. E a tendência é que o consumo desses alimentos caia mais ainda, levando comerciantes a jogar toneladas de frutas e legumes fora, como assistimos na tarde de quinta-feira (27/11), na Ceasa do Irajá, bairro da Zona Norte do Rio: uma caçamba de lixo foi utilizada para colocar quase uma tonelada de batatas que não mais serviam para a venda ao consumidor. Essas batatas estavam sendo recolhidas por um criador de porcos de uma das favelas das proximidades. O mesmo acontecia com o abacaxi, que também estavam sendo jogado fora aos montes.  A Central carioca está sendo abastecida por grande quantidade de batata, cebola, alho e abacaxi, mas não está conseguindo vender tudo que compra dos produtores. E o destino final é o lixo. Não vendem porque mantém os preços altos que mal dão para cobrir os custos, afirmam comerciantes.

Outras quedas acentuadas

Em relação às hortaliças e legumes, entre 2013 e 2014, houve uma queda de 3,4% no período, na comercialização desses produtos nas centrais de abastecimento pesquisadas pelo Mapa.  Em relação a esses produtos classificados pelo programa, houve uma queda acentuada de 14,5%, na comercialização: de R$ 5.770.775.942 para R$ 4.932.480.49.  A queda foi bem maior, -27,4%, quando nos referimos às vendas de flores, produtos orgânicos e ovos: 210.556.174 quilos em 2013, contra ao volume de comercialização que chegou, até agora, a 152.793.348 quilos. O total em dinheiro, também teve queda abrupta de -21,5%: R$ 671.920.895 (2013) contra R$ 527.565.609 (2014).

Variação julho/agosto

Em relação a cinco produtos que foram destaque durante este período, devido às altas dos preços, temos o seguinte:

A batata teve o seu preço mais baixo, de acordo com levantamentos do ProHort, verificado, durante os meses de julho e agosto passados, na Ceasa de Minas Gerais, onde sofreu uma queda de -17,57% nesse período, quando foi vendida em média a R$ 0,60. A alface teve o seu menor preço verificado na Ceasa do Rio de Janeiro, que é abastecida em 100% por produtores fluminenses. O preço da verdura apresentou queda de -12,12%, onde a média chegou a R$ 0,92.

No caso do tomate, o menor preço praticado ocorreu na Ceasa de Minas (R$ 1,23),  mesmo apresentando um aumento de 2,27% no preço final, nesses dois meses pesquisados.

Em relação à cebola, os menores preços praticados ocorreram nas ceasas do Rio de Janeiro e São Paulo (Ceagesp), que foi em média de R$ 1,18. Apresentando queda de -6,7% na primeira, e de -7,76%, na segunda central de abastecimento e maior do país.

Já, a cenoura teve aumento em duas centrais e redução de preço em outra: +12,96% (Minas gerais) e +0,06% (Paraná) e queda de -4,82% (Espírito Santo).

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