domingo, 23 de novembro de 2014

ESPECIAL - Feira livre é chique - Ela é muito antiga mas, apesar dos anos e dos problemas, permanece com o charme inalterado.




Quem vai ao nordeste, anda na rua, no shopping ou conversa com amigos e conhecidos, sempre escuta que tudo que é bacana "é chique". Expressão usual que pode ser aplicada à nossa feira livre,  tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo. Exemplos não faltam. O primeiro que conto é em relação ao que vi na feira dominical do Cacuia, bairro da Ilha do Governador, Zona Norte carioca. Nela, o consumidor, freguês, seja ele sofisticado ou apenas um apreciador da cozinha gourmet... Não ri, não. Tem gente sofisticada que agora vai a feira tranquilamente, disfarçada, mas vai. Basta ver na Zona Sul, principalmente na Lagoa, Ipanema, na Barra da Tijuca.  Porque a moda é ver coisas interessantes e economizar.

 

Voltando ao tema, na feira do Cacuia, na parte do pescado, podemos nos deparar com uma delícia muito apreciada na Europa, principalmente em Portugal, ou nos Estados Unidos e na Coréia do Sul. Estou falando do tamboril, ou "peixe-sapo", denominação dada a um peixe esquisito que vive a 200 metros de profundidade no meio dos oceanos, pelos pescadores do Sul do país.  No entanto, se perguntarmos quem conhece aquele peixe, além do feirante, apenas 10% das pessoas saberá. O restante 90% ignora e nem faz ideia. Mas ele está lá, sendo vendido a R$ 16, o quilo.  Claro, já preparado, sem a cabeça horrenda de monstro das profundezas. Esse peixe me faz lembrar o seriado japonês da década de 60, o National Kid, no episódio "Celacanto" - um monstro marinho que provocava maremoto. É o tamboril multiplicado por mil vezes, em tamanho.

(Veja a matéria seguinte com a receita de tamboril à moda portuguesa) 

 

Outro exemplo: nos finais de semana é sempre a mesma coisa para aquele produtor que sai da cidade paulista de Cosmópolis, e trafega 140 km até a feira livre de Higienópolis, no Centro da cidade de São Paulo, levando produtos orgânicos. Entre eles, a novidade sãos ovos pequenos, postos por galinhas muito jovens. Mal chega à feira, os ovos desaparecem, comprados rapidamente pela freguesia que fica aguardando, por que eles tem uma substância que faz bem ao cérebro. Junto, também estão sendo vendidos legumes cada vez menores, pois reúnem bastante nutrientes devido ao tamanho concentrado. E a geleia de banana verde? Segundo nutricionistas e o próprio produtor, a casca da banana verde faz bem para os intestinos, previne doenças e evita o acúmulo de açúcar no sangue.

Agora, tanto lá como cá, o pastel de feira e o tradicional caldo de cana gelado, são imbatíveis e mais apreciados. Tanto é que tem vendedor andando de Kombi onde se lê "Pastel de Feira". Virou uma grande moda, que tem o seu auge no Mercadão de São Paulo, onde eles são imensos e carregam ingredientes dos mais variados sabores.

Fala a verdade. Você encontra isso em qual supermercado?

Enquanto as feiras livres seguem o seu ritmo em São Paulo, no Rio tem até deputado estadual querendo se meter. Qual o pretexto escuso? Vamos imaginar em uma segunda reportagem.  Em relação à Prefeitura, nem é bom falar. A perseguição torna-se uma constante, sempre com desculpas escusas que iremos abordar também numa segunda matéria.  Por enquanto, vamos falar de coisas boas em relação ao charme atrativo das feiras livres.

Ao gosto dos chefs estrangeiros

É uma realidade: as feiras livres estão aumentando o seu charme e atraindo cada vez mais gente especializada, como os chefs de cozinha que encontram nela uma variedade de ingredientes para os cardápios diários, sempre fresquinhos como nos acostumamos a ver. O chef francês Jean Chauvel - que em outubro passado esteve participando do festival Les Pantagruels, gastronômico, realizado no Hotel Le Relais La Borie, em Búzios, na Região dos Lagos fluminenses - é um deles. Esteve junto com outros chefs renomados. O bretão, que adora pesca, mar e navios, foi dizendo logo ao chegar que queria provar condimentos, sementes e tubérculos  da cozinha brasileira. Afirmando ainda que queria descobrir as "feiras de rua" (feiras livres) e os produtos locais. Mas ele não está sozinho.

Responsável pela SIRHA, a maior e mais sofisticada feira de culinária do mundo, a francesa Marie Odile Fondeur, provou e gostou dos saboeres da feira livre carioca. A primeira parada foi na feira livre de Ipanema, na Zona Sul do Rio, onde ela se encantou pela fruta-de-conde madurinha e muito doce, que não existe na França dos condes, reis e rainhas. A partir daí saiu provando de tudo: melancia, a nossa nordestina-carioca tapioca, com vários tipos de queijos e coco, o pastel e o tradicional caldo de cana geladinho.  Este último a encantou tanto que já marcou a presença do quitute durante a versão carioca da SIRHA, que acontecerá no ano que vem.

Destaque

No mês de outubro passado e no início de novembro, o tema Feira Livre foi destaque em telejornais e programas jornalísticos como o "Globo Repórter", que o abordou com extrema delicadeza, mostrando as feiras de São Paulo, do Rio e de onde vem alguns produtos. O tema Feira Livre também foi destaque do programa "Esquenta", da Regina Casé, na Rede Globo. Portanto, apesar dos pesares, a feira continua livre como nunca no coração do brasileiro, mesmo sendo atacada por todos os lados: governo municipal, concorrência dos supermercados, "sacolões" e mercadinhos de bairro. Sem contar os preços altos das mercadorias devido à seca nas regiões produtoras. São esses problemas que iremos abordar em uma segunda reportagem da série. Aguardem.

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