quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Consumidor continua sofrendo nas armadilhas de preços dos alimentos
Por Jorge Luiz Lopes
Os preços do alho e do limão Tahiti voltaram a bater em tetos absurdos, segundo podemos analisar em alguns supermercados ditos baratos, e nos sacolões onde muitos deles praticam o que podemos denominar de extorsão. A culpa é de quem? Segundo eles, dá inflação, dos serviços (água, luz) e taxas sociais. Mas, na realidade, o que se vê mesmo é a ganância de alguns. Primeiro lugar: preferem jogar o produto fora, como acontece com as frutas que neste período amadurecem muito rápido, a vender mais barato e assim acabar com o estoque, sem perdas consideráveis.
Aproveitei para verificar os preços desses dois produtos indispensáveis para a nossa cozinha e, numa lista de 22 centrais de abastecimento no país, recolhi alguns exemplos de preços para que você possa anotar em sua agenda e esfregar na cara de quem quer te roubar o tempo todo. Ou, então, simplesmente não compre.
Vejamos o preço do alho: o quilo mais em conta foi encontrado no Espírito Santo (R$ 13,79); seguido pelas Ceasas der Minas Gerais e do Rio de Janeiro (R$ 14). O preço mais caro foi encontrado no Piauí (R$ 22), enquanto que na Ceagesp - maior central de alimentos da América Latina - o preço era de R$ 18,40.
Agora, vamos saber o preço por quilo do Limão Tahiti: o mais barato era praticado pela Ceasa do Acre (R$ 1,25); na Bahia (R$ 1,40); no Rio de Janeiro (3,80) e o mais caro encontramos na Ceagesp (R$ 5,51).
No caso dessa fruta tão importante, para se fazer uma limonada ou temperar carnes, chegamos ao absurdo de encontrar em alguns locais do Rio o preço por quilo cobrado a quase R$ 10. No do alho, de R$ 20 para cima. Só para termos uma ideia, a caixa com 10 kg do alho, vendido nesta terça-feira na Ceasa do Rio de Janeiro, estava com os seguintes preços: R$ 145 (nacional) e R$ 140 (chinês). A caixa do limão Tahiti, com 25 kg, estava sendo negociada a R$ 95.
Frutas
Outro preço enganador que podemos constatar é o da melancia, que está a R$ 1,50 a melancia grande, de 6 kg. Já a melancia pequena, de 4 kg, está apenas a R$ 0,50, o quilo. Aí o que acontece, o comerciante pega a melancia pequena, corta, e vende com a preço acima de R$ 1,50, como se fosse a maior delas. O que não acontece.
Em relação à frutas, é bom ficar de olho nos preços do cajú, geralmente em caixas vendidas com 4 unidades. A caixa com 15 frutos está custando R$ 28, na Ceasa fluminense.
O abacaxi, unidade com 1 kg está sendo vendida a R$ 2,50; e a unidade com 4 kg, a R$ 4,50. O que acontece? O comerciante pega a unidade mais barata e vende a quase R$ 5. Um lucro e tanto não é mesmo?
Feijão com arroz
Temos visto anúncios de supermercados, no Rio de Janeiro por exemplo, vendendo o quilo do feijão preto a pouco mais de R$ 4, em oferta. Na realidade, constatamos que está mais barato que o quilo do mesmo feijão, vendido na Ceasa do Rio, que beira os R$ 6 (R$ 5,89).. O pacote com 30 quilos está sendo negociado a E$ 176,70.
No caso do arroz branco fino, o pacote com 30 quilos está sendo vendido a R$ 71,94. Já o fardo com 20 kg da farinha de mandioca está custando R$ 53.
Outro item indispensável em nossa culinária, os ovos, eles estão com os seguintes preços: ovos brancos, 30 Dz, a R$ 95 ( o tipo extra); ovos vermelhos, a R$ 112 (tb o tipo extra). No caso do tempero, o sal, o pacote com 30 kg está custando apenas R$ 28.
Outro preço que destaco é o caso do açúcar, que está custando quase R$ 5 em alguns locais, mas que na Ceasa do Rio o fardo de 10 kg está por R$ 26.
Batata com cebola
Por falando nessa dupla dinâmica em nossa cozinha, os preços da batata estão o seguinte: saca de 50 kg R$ 95 (comum) e R$ 115 (lisa). A cebola tem os seguintes preços, para a saca de 20 kg: R$ 20 (cebola mineira); R$ 35 (catarinense), R$ 30 ( gaúcha) e R$ 26 (pernambucana).
No caso da cenoura, caixa com 18 kg (R$ 23).
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Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Nordeste bota sua esperança de chuva em nome feminino
"Nos últimos cinco anos, a chuva no sertão cearense ficou 50% abaixo da média” Luiz Bacelar,sócio da Agrícola Famosa. A seca provocada pelo fenômeno El Niño, que não tem deixado as chuvas chegarem na região nordeste, está levando os produtores de frutas a procurar por outras áreas de cultivo. nos últimos dois anos,as perdas superam R$ 430 milhões
A cena é desoladora. Plantações de banana, melão, melancia e mamão, mesmo em áreas irrigadas, estão sofrendo com a falta de água nas principais regiões produtores de frutas do Nordeste.
“Nos últimos cinco anos, a chuva no sertão cearense ficou 50% abaixo da média e isso afetou até quem depende de águas subterrâneas”, diz Luiz Roberto Barcelos, diretor geral e sócio da Agrícola Famosa, de Icapuí, no Estado do Ceará, e presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
Todo o País, mas especialmente a região Nordeste, tem sofrido com a falta de água provocada pelo fenômeno El Niño, um desarranjo climático que leva seca extrema à região.
Seu contraponto, a La Niña, que poderia trazer chuvas ao Nordeste, não tem se manifestado. Nos últimos cinco anos, a precipitação de chuvas ficou abaixo de 400 milímetros anuais, ante a média histórica de 800 milímetros. Só para comparação, áreas com menos de 250 milímetros anuais de chuvas são consideradas desérticas. A seca está contribuindo para que o Produto Interno Bruto do Agronegócio (PIB Agro) do Nordeste, caia cerca de 4,4% neste ano, enquanto para o agronegócio em todo o País, a previsão é de um crescimento da ordem de 1,2%, de acordo com as previsões da consultoria Tendências, de São Paulo. As perdas nos últimos dois anos já chegam a R$ 431,8 milhões.
As perdas
Em razão da escassez de água, a Agrícola Famosa reduziu as lavouras de banana de 450 para 200 hectares Por isso, a Agrícola Famosa, assim como outros produtores de frutas, estão buscando novas áreas de plantio, nas quais a seca castiga menos a lavoura. A Famosa, por exemplo, deixará de cultivar 2,5 mil hectares de terras nos próximos dois anos, localizadas na região do Tabuleiro de Russas, onde estão projetos de irrigação estimulados pelo governo desde a década de 1990 e que hoje somam 15 mil hectares.
“Vamos plantar no Rio Grande do Norte, na região do aquífero Açu, na Chapada do Apodi, que tem um custo maior para a extração da água, mas é mais seguro porque esse aquífero está em uma profundidade maior que o usado no Ceará”, afirma Barcelos. A empresa, que fatura R$ 590 milhões por ano e produz 200 mil toneladas de frutas, investiu cerca de R$ 55 milhões na compra de terras mais aptas à produção.
No caso de outra cearense, a Itaueira Agropecuária, com sede em Fortaleza, a empresa vai deixar de cultivar mil hectares, do total de 2,6 mil hectares que mantém no município de Aracati, onde planta melão e melancia há 16 anos. José Roberto Prado, diretor comercial da Itaueira, diz que a saída também foi o Rio Grande do Norte e que o custo da mudança, ainda não concluída, já superou R$ 10 milhões e custou a perda de 1 mil empregos para a região.
“Tivemos de remanejar mais de um terço de nossa produção, em apenas quatro meses”, afirma Prado. “E vamos gastar mais porque, além do custo com a compra de terras, tem todo o investimento com a implantação do equipamento de irrigação e de cultivo.”
A mudança para áreas de menor risco serve também como proteção futura e não apenas para sanar os estragos da atual estiagem. A região Nordeste é o maior polo exportador de frutas frescas do País. No ano passado, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, saíram da região 630 mil toneladas, com destino a países da Europa, da Ásia, além dos Estados Unidos. A receita da região tem ficado próximo de US$ 674 milhões, 42% do que o País fatura com frutas.
Qual o futuro?
No Ceará, os meteorologistas prevêem alguma chuva provocada pela La Niña somente em 2017, mas alguns mais pessimistas apontam para 2018. O chefe-geral da Embrapa Semiárido, Pedro Carlos Gama da Silva, diz que a falta de água que afeta as lavouras, e que levou à perda de até 90% da produção em muitos municípios do sertão cearense, não foi uniforme em todo o Nordeste e que esse quadro pode continuar assim no próximo período. “Houve regiões com incidência razoável de chuvas, como no Estado de Sergipe. Outros, como o Ceará, Paraíba e Bahia sofreram mais”, afirma Silva. Na Paraíba, os pecuaristas deslocaram cerca de 300 mil bovinos, 28% do rebanho, para outras regiões. Na Bahia, 10% do rebanho de caprinos, cerca de 230 mil animais, morreram de fome e sede.
Na correria: “Tivemos de remanejar um terço de nossa produção em menos de quatro meses” , diz Prado, da Itaueira Agropecuária
O professor Luiz Carlos Molion, coordenador do LabClim, da Universidade Federal de Alagoas, foi o mais pessimista dos meteorologistas ouvidos por DINHEIRO RURAL. Ele prevê que 2017 ainda será um ano com chuvas abaixo da média nas regiões Norte e Nordeste. Molion acredita que o ápice das precipatações nessas regiões será somente em 2018, com chuvas acima da média em 2019.
O meteorologista, que desenvolveu um modelo próprio de previsão do tempo, defende a tese de que a Lua influencia as marés e as correntes marítimas, ao contrário de seus pares que não considera as correntes. Ele relaciona a força do El Niño com a proximidade que a Lua fica dos trópicos durante a sua órbita em torno da Terra.
“É um movimento que dura 19 anos e, desde 1940, a incidência desse fenômeno em alta intensidade se repete em ciclos de período idêntico”, afirma Molion. Por isso, ele acredita que o período mais seco irá até 2019, repetindo o que ocorreu no período de 1997 a 2001. Já o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, foi o mais otimista em relação ao futuro. Ele acredita que o pior já passou e que as tão esperadas chuvas podem chegar a partir do próximo verão.
“A plena recuperação dos açudes do norte da região Nordeste pode ocorrer em 2016, em Estados como o Maranhão, Ceará e Piauí”, diz Nascimento. “Apenas no caso dos sertões dos Estados do sul da região, como Bahia, Sergipe, Pernambuco e Paraíba, a normalização pode ser mais lenta.”
Fonter Istoé Dinheiro Rural
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Rio de Janeiro, RJ, Brasil
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Cenoura apresenta queda de até 71% no preço
De acordo com levantamento da CeasaMinas, 90,1% da cenoura comercializada no Rio de Janeiro vem de regiões produtoras mineiras. Quanto à saúde, tanto a cenoura como também a batata doce ajudam a reduzir em 35% a degeneração dos olhos, decorrente da idade.
Uma das hortaliças mais comuns na mesa do brasileiro, a cenoura atingiu em setembro o menor preço médio para este 2016. O preço médio no atacado do entreposto de Contagem ficou em R$ 0,91/kg, o equivalente a uma queda de 71% em relação ao de março, quando atingiu o pico de R$ 3,14/kg. O aumento da oferta é um dos fatores que explicam a redução do preço. E não somente para o orçamento doméstico a cenoura é recomendada nesta época. Estudos recentes apontam, entre outros benefícios, que o consumo de cenoura reduz o risco de degeneração macular ligada à idade.
Segundo o chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, a queda verificada foi uma das mais representativas de setembro em relação ao primeiro semestre, nos últimos quatro anos. De acordo com ele, a oferta também oscilou no período, passando de 3,9 mil para 4,2 mil toneladas, uma alta de 7,6%.
A queda foi sentida principalmente por quem vive do comércio da hortaliça. Marlon Correa da Silva comercializa a cenoura cultivada pelo produtor Natal Hitoshi, no Mercado Livre do Produtor (MLP) de Contagem. Ele conta que, até fevereiro deste ano, chegou a vender a caixa de 20 quilos de cenoura por até R$ 70. "O que estamos vendo agora é reflexo dos preços mais altos verificados no início do ano. Na época de preços mais altos, muitos produtores em vez de segurarem o cultivo, acabaram aumentando o plantio, ocasionando a alta da oferta", explica.
Correa acredita que a queda acentuada de preços no mercado de Belo Horizonte é conseqüência também da preferência dos compradores por produtos de classificação inferior, o que acaba pressionando para baixo a média de preços.
"Os mercados daqui da capital e do Norte de Minas, por exemplo, aceitam melhor a cenoura menor, do tipo 1A, que inclusive é mais barata. Já na região de Juiz de Fora, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a do tipo 3 A (mais grossa) é a preferida, mesmo tendo preços maiores", afirma.
Já o produtor rural Samuel Flávio Lopes da Costa, de Carandaí (MG), ressalta que no início do ano, vendia a caixa de cenoura de 20 quilos do tipo 2A por R$ 50 e hoje a mercadoria sai por R$ 10.
De acordo com ele, o preço mínimo para cobrir o custo de produção deveria ser o dobro deste valor. "Teve gente que nunca plantou cenoura e passou a plantar neste ano, para aproveitar o preço mais alto", lamenta.
Perspectiva
Produtor de cenoura de Rio Paranaíba (MG), Edvaldo do Nascimento Oliveira prevê uma reação dos preços até o fim de ano. O produtor explica que as chuvas, que reduzem a oferta, e o aumento da procura com as festas típicas de fim de ano, tendem a pressionar uma reação dos preços da cenoura em dezembro. Para aproveitar este momento, ele planeja aumentar, em dezembro, o volume trazido ao MLP, das atuais 3.500 para 5 mil caixas por semana.
Rastreabilidade
A Sekita Agronegócios é considerada uma das maiores produtoras de cenouras do Brasil, com lavouras na região mineira do Alto Paraíba. "Produzimos em torno de 850 hectares por ano, o equivalente a 82 mil toneladas anuais", afirma Antônio Márcio, gerente comercial da Sekita Agronegócios. Os produtores associados abastecem praticamente todo o país, por meio principalmente da venda às empresas atacadistas, várias delas instaladas nas Ceasas.
Apesar da queda atual no preço do produto, ele considera que 2016 tem sido um ano positivo para a Sekita. Diferentemente de muitos produtores, a empresa consegue manter preços mais estáveis ao longo do ano. De acordo com Márcio, isso é resultado não somente do grande volume negociado, mas também do padrão de qualidade e da garantia de oferta regular.
A Sekita aposta ainda no controle da rastreabilidade para conquistar os compradores. "Já temos o código QR que vai impresso nas caixas de atacado, dando aos compradores a possibilidade de rastrear a origem da nossa cenoura. Queremos no futuro oferecer o mesmo código ao consumidor final", afirma Márcio.
Uma das alternativas da Sekita para se precaver de intempéries climáticas é a cadeia do frio, que mantém baixa a temperatura da hortaliça entre a colheita e comercialização. ?Isso garante durabilidade ao produto, pois evita a proliferação de bactérias, principalmente no verão?, explica.
Minas Gerais
A importância de Minas Gerais no abastecimento de outros estados se revela nos números: na Ceasa Grande Rio, por exemplo, 90,1% da cenoura ofertada no entreposto foram provenientes de municípios mineiros em 2015. Isso equivale a 45,6 mil toneladas, volume superior até mesmo à quantidade enviada por Minas Gerais ao entreposto de Contagem da CeasaMinas (43,8 mil toneladas).
Na Ceasa de São Paulo (Ceagesp), 42,8% da cenoura ofertada foram de municípios mineiros, o equivalente a 38,8 mil toneladas. E na central de abastecimento do Ceará, 46,6% da cenoura foram provenientes de Minas Gerais.
Cuidando da saúde dos olhos
Estudo liderado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e divulgado em 2015, apontou que o consumo de determinados carotenóides, pigmentos que dão cor a alimentos como cenouras e batata-doce, podem reduzir em até 35% o risco de desenvolvimento de degeneração macular relacionada à idade. Entre estes carotenóides, estão a beta-criptoxantina, alfa-caroteno e betacaroteno.
Já o consumo de dois outros tipos de carotenóides - a luteína e zeaxantina, presentes em vegetais de folhas verdes - reduzem em 40% o risco de progressão da doença. A degeneração causa perda do centro do campo de visão, sendo uma das causas de perda de visão em pessoas com mais de 55 anos.
A cenoura ainda é muito útil nos problemas de pele, nas gastrites e excesso de acidez nas colites e como preventivo do câncer.
É excelente fonte de vitamina A e boa fonte de vitaminas do complexo B, fósforo, cálcio, potássio e sódio.
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Produção de laranja aquece economia do Noroeste Fluminense
São José de Ubá, tradicional produtor de tomate, aposta na citricultura com apoio de programas do governo do estado.
Quem compra laranja em feiras e supermercados do interior nem imagina que muitas delas vêm de um local improvável até bem pouco tempo. É que o município de São José de Ubá, no Noroeste Fluminense, conhecido como a “terra do tomate”, está se firmando como um novo polo de produção de laranja, com safra anual média de 500 toneladas. A diversificação de cultivo é o resultado de investimentos promovidos por programas da secretaria estadual de Agricultura, como o Rio Rural e o Frutificar.
O produtor Carlos Roberto Marinho, da microbacia Santa Maria, está na quarta colheita de laranja das variedades Folha Murcha, Natal e Valência, de sabor mais adocicado, tradicionalmente consumidas in natura.
- Pouca gente acreditava que daria certo esse plantio em Ubá. Me sinto satisfeito por ter acreditado -revela ele.
Com o Frutificar, programa estadual que concede crédito a juros baixos para investimentos em fruticultura, Marinho investiu R$ 50 mil reais no plantio de 1.200 pés. No terceiro ano, começou a pagar o empréstimo com a venda da primeira safra, que vai de junho a outubro. Com a quitação do investimento no ano que vem, ele pretende triplicar a área plantada.
O produtor também trabalha com pecuária de corte e produção de leite, mas afirma que a laranja possui o melhor custo-benefício de todos, além de ter preço estável e grande procura no mercado. A aceitação na região foi tão grande que os comerciantes vão até a propriedade escolher a encomenda, o que traz duas vantagens ao produtor: economia com transporte e de tempo também.
Para gerar melhor aproveitamento da lavoura, que possui um bom espaçamento, o cultivo é consorciado com pastagem. Por isso, entre as linhas de pés de laranja há uma área delimitada para a circulação de gado, que se alimenta do capim crescido nessa espécie de corredor. Sem os animais, a área ficaria ociosa e o solo, desprotegido.
União de esforços
A integração dos programas agrícolas governamentais permite que os produtores rurais consigam estruturar melhor o processo produtivo, pois cada incentivo prioriza ações específicas.
- Nossa intenção é que os produtores desenvolvam uma grande capacidade gestora e aproveitem bem os recursos disponibilizados. Uma das metas é a geração de empregos no campo, resultado direto do crescimento da produtividade - explica o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.
Carlos Roberto Marinho afirma que o Frutificar foi importante para garantir o plantio, enquanto o Rio Rural contribuiu para a produção de água, uma vez que o produtor implantou o subprojeto de proteção de nascentes, responsável pela melhor absorção da água de chuva no solo.
- A proteção da nascente é boa por dois motivos: preserva o meio ambiente e nos dá garantia de água para irrigação - enfatiza Marinho.
No caso do produtor Antônio Cléber de Oliveira, da microbacia Córrego do Colosso, o Rio Rural ajudou na aquisição de caixas agrícolas, usadas para transportar alimentos. O material foi obtido por meio de suprojeto grupal.
- Os custos de produção caíram quando ganhamos as caixas, que antes eram alugadas. Isso aumenta meu lucro na hora de vender as laranjas - afirma o agricultor que cultivou tomate e pimentão por mais de trinta anos. Hoje, Oliveira vive somente da citricultura e fornece frutas para o banco de alimentos e mercados de cidades vizinhas.
Histórico
As primeiras lavouras de laranja incentivadas pelo Frutificar em São José de Ubá foram formadas há seis anos, na intenção de que os agricultores locais diminuíssem a dependência da cultura do tomate, que apresenta preço instável no mercado. Instituições parceiras como o Sebrae/RJ e a Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro (Firjan) ficaram responsáveis pela contratação de consultores agrícolas, que fazem o acompanhamento dos laranjais.
- Os resultados de Ubá superaram nossas expectativas. Quinze propriedades conduzem muito bem a produção e temos outros produtores interessados no segmento. O clima quente da região ajuda no cultivo - conclui o técnico do Programa Frutificar, Denilson Caetano.
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TURISMO RURAL - 3ª Festa do Morango com chocolate em Nova Friburgo
A edição do evento, que acontece entre os dias 12 e 16 de outubro, coincide com o principal período de safra do morango.
O município de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, realiza, de 12 e 16 de outubro, a 3ª Festa do Morango com Chocolate. O evento acontece entre 13h e 21h, na Praça Demerval Barbosa Moreira, e a expectativa dos organizadores é de que mais de 3 mil pessoas prestigiem as atividades previstas.
Compõem as atrações da festa diversas delícias feitas com morango e chocolate, tais como fondues, cascata de chocolate, compotas, geleias, doces, etc. Além disso, o evento também conta com uma programação de oficinas de culinária para adultos e crianças.
A terceira edição da festa coincide com o principal período de safra do morango, que começa no mês de outubro. No entanto, a cidade de Nova Friburgo, que é a mais importante fornecedora comercial da fruta no estado, possui uma produção contínua durante todo o ano, graças ao plantio de diversas espécies. Com a 3ª Festa do Morango com Chocolate, o município pretende apresentar toda a diversidade e o potencial local da produção de morangos.
O evento tem apoio do Rio Rural - programa da secretaria estadual de Agricultura, da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, e é promovido pela Associação dos Produtores de Morango de Nova Friburgo (Amorango).
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 2522-6942. Acesse também a página do evento no Facebook.
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quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Rico em vitaminas, o cajú está garantido para as festas de ano
Produtores de caju do Ceará comemoram a boa fase da cultura. O clima seco não ajudou muito, mas a produção vai ser maior. Cerca de 60 mil toneladas devem ser colhidas no estado. Uma boa notícia para os consumidores que adoram a fruta, que poderá ter os preços reduzidos nas Ceasas.
Os produtores de caju do Ceará vivem uma fase melhor que a do ano passado. O clima seco não ajudou, mas mesmo assim, a produção vai ser maior.
Pés lotados de cajus grandes e suculentos. A lida no campo começa cedo, às 7 horas da manhã, em uma propriedade em Beberibe. A colheita deste ano tem dado muito trabalho para os agricultores do Ceará, que estão animados.
O Sindicato dos Produtores de Caju estima que sejam colhidas, até novembro, 60 mil toneladas no estado, 10% a mais que na última safra.
O Ceará é o maior produtor de caju do país e passa por uma das secas mais prolongadas de sua história. Já são cinco anos seguidos, mas os produtores têm conseguido amenizar os efeitos.
José Gonzaga planta cinco variedades de caju em 200 hectares. A área é irrigada com a ajuda de um açude e um poço profundo com vazão de 15 mil litros por hora. Mesmo assim é racionada, ele só irriga com frequência os pés mais novos, que plantou este ano.
Até o fim da safra, Gonzaga espera colher 560 toneladas de caju, quase a mesma quantidade do ano passado.
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terça-feira, 11 de outubro de 2016
Produção rural tem cada vez mais tecnologia
Colheita digital.Uma nova safra de startups está levando inovação ao campo e reinventando o agronegócio brasileiro
Bater o bico da bota no chão para saber se é preciso irrigar o campo e outras práticas ancestrais, passadas de pai para filho, estão com os dias contados no meio rural brasileiro. O País está vivendo um florescimento de startups agrícolas, conhecidas como agtechs, que usam tecnologias avançadas para elevar a produtividade e para reduzir custos com insumos. São empresas como Agrosmart, que utiliza sensores e imagens de satélite para monitorar irrigação e crescimento das plantas, a Wegbados, um classificado online de compra e venda de animais, e a 4hoofs, que criou o aplicativo 4milk para fazer gerenciamento de fazendas de leite.
Neste rol, há também aquelas que alcançaram reconhecimento internacional, como a Bug Agentes Biológicos e Enalta, ambas incluídas no ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo da publicação americana Fast Company. “Existe um potencial imenso para desenvolver startups de agronegócios”, diz o professor Ângelo Costa Gurgel, coordenador do mestrado profissional em agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo. A safra de agtechs está também chamando a atenção de grandes companhias, como Basf, Bayer, Monsanto e Microsoft.
Essas gigantes do mundo corporativo estão investindo em fundos de investimento ou aceleradoras de empresas com o objetivo de fomentar novas companhias de tecnologia ao redor do globo, incluindo o Brasil. “Observamos um potencial muito grande pela força da agricultura brasileira”, diz Renato Luzzardi, gerente de alianças da Bayer para a América Latina. De fato. Em 2015, o PIB recuou 3,8%, mas o agronegócio cresceu 1,8%. “É um mercado no qual o Brasil tem potencial de ser líder global”, afirma Luiz Fernando Sá, sócio e diretor editorial da StartAgro, uma plataforma de informação para integrar vários atores do empreendedorismo na área de agtechs.
“Temos potencial de negócios e de mão de obra. Só precisamos de uma organização desse ecossistema.” São Paulo é o principal polo das startups agrícolas, pela existência de grandes centros de pesquisa e desenvolvimento em Piracicaba, Pirassununga, Sorocaba, São José dos Campos, São Carlos, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto e Jaboticabal. “Não há dúvida: o Estado de São Paulo é o Vale do Silício caipira”, afirma Francisco Jardim, fundador do fundo SP Ventures, que se especializou no investimento em agtechs. Dos R$ 105 milhões do fundo, aberto em 2013, 60% foi direcionado às startup rurais. Em cinco anos, serão 100%.
Os investimentos, no entanto, não estão restritos às empresas paulistas. “A região do Centro-Oeste, mais o Estado de Tocantins e Minas Gerais, cresce mais que o restante do Brasil”, afirma Renato Ramalho, sócio responsável pelos fundos de tecnologia da A5 Capital Partners, que também estuda trazer agetchs dos Estados Unidos, Israel e Espanha para o Brasil. Não há dados sobre o quanto já foi aportado por fundos de capital de risco nessas startups agrícolas. A Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital, no entanto, estima que dos R$ 76,1 bilhões investidos nos últimos cinco anos no País, R$ 2,1 bilhões tiveram como destino empresas de agronegócios.
Grande parte dos empreendedores das agtechs nasceu em famílias de produtores rurais. O pai de Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart, é um pequeno produtor de milho em Pedralva (MG). “Vimos a oportunidade de usar a tecnologia para resolver um problema dentro de casa”, diz Mariana, que fundou a empresa ao lado de Raphael Pizzi. Até 2017, os serviços de monitoramento de produção prestados pela Agrosmart, com sede em Campinas, devem chegar a 400 mil hectares. Murilo Betarello, CEO do IZagro, um aplicativo que reúne informações de todos os produtos agroquímicos usados para controlar as principais pragas das lavouras, também é produtor rural desde os 13 anos.
Em Franca, sua família começou com pecuária e acrescentou aos negócios a cana-de-açúcar. O aplicativo da IZagro conta com 11 mil downloads, é gratuito e busca parcerias com empresas de biotecnologia para ganhar dinheiro. Outros empreendedores são herdeiros de grandes empresas do agronegócio brasileiro. É o caso de Marcos Fernando Marçal dos Santos, CEO do Webgados, filho de Marcos Molina, controlador do frigorífico Marfrig. “Cheguei a comandar uma fazenda da família”, diz Santos. “Encontrava alguns problemas na hora de negociar e vi esse mercado de aplicativos crescendo muito.”
Foi daí que surgiu a ideia de criar um classificado online para a venda e compra de animais da pecuária. O número de downloads do aplicativo, que é gratuito, chegou a 7,5 mil, com ofertas em 17 Estados. A trajetória de muitas das agtechs começou dentro de uma instituição de ensino. A Hidrointel, de Leonardo Quaini, nasceu na Universidade Federal de Santa Catarina, por meio de um programa da Fapesp. A empresa receberá R$ 60 mil para desenvolver o protótipo de um hardware e um software para fazer uma irrigação de forma inteligente. “No primeiro ano teremos uma versão comercial do produto”, diz Quaini.
Quem se destaca nesse universo, no entanto, é a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba. Lá surgiram a Promip e a Bug, que produzem agentes biológicos, como microvespas, que combatem pragas na lavoura. No caso da Promip, a startup nasceu de um mestrado de um de seus fundadores, Marcelo Poletti. “O controle químico como única ferramenta tem sido, em alguns casos, ineficiente”, afirma Poletti, CEO da Promip, criada em conjunto com Roberto Konno.
A Bug, por sua vez, surgiu da união de Diogo Rodrigues Carvalho, que fazia mestrado, com Heraldo Negri, funcionário da Esalq. “Desenvolvemos um sistema de criação de agentes biológicos em grande volume a um custo compatível ao que o produtor gastava com o inseticida”, diz Carvalho, CEO da Bug. “Reduzimos entre 50% e 70% o uso de agrotóxico em culturas como soja, melão e abacate, e em 100% em cana-de-açúcar.” A Esalq serviu também como inspiração para Antonio Morelli criar a Agronow.
“Fiz um algoritmo matemático que consegue fazer previsão de safra com taxa de acerto superior a 90%”, diz o empreendedor, que usa imagens de satélite para realizar o seu trabalho. “Sem a pessoa ir a campo, posso fazer estudos de produtividade agrícola independente de onde estiver a plantação.” Entre as startups agrícolas há aquelas que já decolaram e exportam seus serviços. A mineira Strider, que monitora lavouras com uso de GPS para identificar pragas e reduzir em até 20% o consumo de defensivos, conta com 5% de seu faturamento de operações em plantações de algodão no Texas (EUA) e na lavoura de frutas e legumes na Austrália.
A Enalta, de São Carlos, é responsável por sistemas de telemetria de máquinas no campo na Colômbia, na Costa Rica e na Guatemala. E com perspectivas de entrar no México. Com seus produtos, o fazendeiro pode reduzir em até 15% o gasto com gasolina e monitorar a realização de manutenções. “O que foi inovador na nossa companhia foi combinar tecnologia já existente para resolver um problema de um setor gigante no Brasil e no mundo, que ninguém tinha dado muita atenção”, diz Gilberto Girardi, CEO da Enalta.
A AgroTools também exporta sua tecnologia de big data e geoprocessamento para os Estados Unidos e América do Sul. Cobrindo hoje no Brasil 200 milhões de hectares, a empresa, criada em 2007, já atende 15 das maiores marcas do agronegócio, como Cargill, BRF, JBS, Walmart e Carrefour. “Estamos, pela primeira vez, em busca de investimentos”, diz Fernando Martins, diretor da companhia, que em 2014 deixou a presidência da Intel no Brasil para investir nesse mercado. “É um momento correto de alavancar e crescer.”
Conheça algumas das startups brasileiras do agronegócio:
4milk
Aplicativo faz gerenciamento de fazendas de leite com controle de custos e acompanhamento genético do rebanho.
Agronow
Utiliza sistema de mapas e índice de safras atuais e passadas, gerando uma previsão de produtividade para a colheita.
Agrosmart
Usa imagens de satélite para monitorar mais de dez variáveis ambientais que auxiliam o produtor a tomar decisão de gestão do agronegócio.
AgroTools
Criada em 2007 em São Paulo, passou de startup para grande empresa de geoprocessamento e big data de lavouras e pecuária.
Bovcontrol
Aplicativo ajuda produtor de gado de corte e leite a gerenciar o manejo nutricional do rebanho, monitora acasalamento e orienta a venda.
Bug Agentes Biológicos
Criada em 2001, produz vespas e agentes biológicos que combatem pragas na lavoura.
Enalta
Especializada em telemetria agrícola, que monitora a operação da máquina diretamente no campo.
Hidrointel
Startup tem o objetivo de desenvolver um sistema de automação de irrigação de forma inteligente.
IZagro
Aplicativo oferece informações de todos os produtos agroquímicos usados para controlar as principais pragas das lavouras.
Promip
Produz vespas que são pulverizadas por máquinas e drones, para combater praga em plantações.
Webgados
Anúncio online de compra e venda de gado de corte e leite com uso gratuito. No futuro, terá serviços pagos.
Strider
Startup que desenvolveu um sistema que usa GPS e tablets que auxiliam na identificação de pragas e gerencia a aplicação de defensivos agrícolas.
Fonte Istoé Diinheiro
Bater o bico da bota no chão para saber se é preciso irrigar o campo e outras práticas ancestrais, passadas de pai para filho, estão com os dias contados no meio rural brasileiro. O País está vivendo um florescimento de startups agrícolas, conhecidas como agtechs, que usam tecnologias avançadas para elevar a produtividade e para reduzir custos com insumos. São empresas como Agrosmart, que utiliza sensores e imagens de satélite para monitorar irrigação e crescimento das plantas, a Wegbados, um classificado online de compra e venda de animais, e a 4hoofs, que criou o aplicativo 4milk para fazer gerenciamento de fazendas de leite.
Neste rol, há também aquelas que alcançaram reconhecimento internacional, como a Bug Agentes Biológicos e Enalta, ambas incluídas no ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo da publicação americana Fast Company. “Existe um potencial imenso para desenvolver startups de agronegócios”, diz o professor Ângelo Costa Gurgel, coordenador do mestrado profissional em agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo. A safra de agtechs está também chamando a atenção de grandes companhias, como Basf, Bayer, Monsanto e Microsoft.
Essas gigantes do mundo corporativo estão investindo em fundos de investimento ou aceleradoras de empresas com o objetivo de fomentar novas companhias de tecnologia ao redor do globo, incluindo o Brasil. “Observamos um potencial muito grande pela força da agricultura brasileira”, diz Renato Luzzardi, gerente de alianças da Bayer para a América Latina. De fato. Em 2015, o PIB recuou 3,8%, mas o agronegócio cresceu 1,8%. “É um mercado no qual o Brasil tem potencial de ser líder global”, afirma Luiz Fernando Sá, sócio e diretor editorial da StartAgro, uma plataforma de informação para integrar vários atores do empreendedorismo na área de agtechs.
“Temos potencial de negócios e de mão de obra. Só precisamos de uma organização desse ecossistema.” São Paulo é o principal polo das startups agrícolas, pela existência de grandes centros de pesquisa e desenvolvimento em Piracicaba, Pirassununga, Sorocaba, São José dos Campos, São Carlos, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto e Jaboticabal. “Não há dúvida: o Estado de São Paulo é o Vale do Silício caipira”, afirma Francisco Jardim, fundador do fundo SP Ventures, que se especializou no investimento em agtechs. Dos R$ 105 milhões do fundo, aberto em 2013, 60% foi direcionado às startup rurais. Em cinco anos, serão 100%.
Os investimentos, no entanto, não estão restritos às empresas paulistas. “A região do Centro-Oeste, mais o Estado de Tocantins e Minas Gerais, cresce mais que o restante do Brasil”, afirma Renato Ramalho, sócio responsável pelos fundos de tecnologia da A5 Capital Partners, que também estuda trazer agetchs dos Estados Unidos, Israel e Espanha para o Brasil. Não há dados sobre o quanto já foi aportado por fundos de capital de risco nessas startups agrícolas. A Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital, no entanto, estima que dos R$ 76,1 bilhões investidos nos últimos cinco anos no País, R$ 2,1 bilhões tiveram como destino empresas de agronegócios.
Grande parte dos empreendedores das agtechs nasceu em famílias de produtores rurais. O pai de Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart, é um pequeno produtor de milho em Pedralva (MG). “Vimos a oportunidade de usar a tecnologia para resolver um problema dentro de casa”, diz Mariana, que fundou a empresa ao lado de Raphael Pizzi. Até 2017, os serviços de monitoramento de produção prestados pela Agrosmart, com sede em Campinas, devem chegar a 400 mil hectares. Murilo Betarello, CEO do IZagro, um aplicativo que reúne informações de todos os produtos agroquímicos usados para controlar as principais pragas das lavouras, também é produtor rural desde os 13 anos.
Em Franca, sua família começou com pecuária e acrescentou aos negócios a cana-de-açúcar. O aplicativo da IZagro conta com 11 mil downloads, é gratuito e busca parcerias com empresas de biotecnologia para ganhar dinheiro. Outros empreendedores são herdeiros de grandes empresas do agronegócio brasileiro. É o caso de Marcos Fernando Marçal dos Santos, CEO do Webgados, filho de Marcos Molina, controlador do frigorífico Marfrig. “Cheguei a comandar uma fazenda da família”, diz Santos. “Encontrava alguns problemas na hora de negociar e vi esse mercado de aplicativos crescendo muito.”
Foi daí que surgiu a ideia de criar um classificado online para a venda e compra de animais da pecuária. O número de downloads do aplicativo, que é gratuito, chegou a 7,5 mil, com ofertas em 17 Estados. A trajetória de muitas das agtechs começou dentro de uma instituição de ensino. A Hidrointel, de Leonardo Quaini, nasceu na Universidade Federal de Santa Catarina, por meio de um programa da Fapesp. A empresa receberá R$ 60 mil para desenvolver o protótipo de um hardware e um software para fazer uma irrigação de forma inteligente. “No primeiro ano teremos uma versão comercial do produto”, diz Quaini.
Quem se destaca nesse universo, no entanto, é a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba. Lá surgiram a Promip e a Bug, que produzem agentes biológicos, como microvespas, que combatem pragas na lavoura. No caso da Promip, a startup nasceu de um mestrado de um de seus fundadores, Marcelo Poletti. “O controle químico como única ferramenta tem sido, em alguns casos, ineficiente”, afirma Poletti, CEO da Promip, criada em conjunto com Roberto Konno.
A Bug, por sua vez, surgiu da união de Diogo Rodrigues Carvalho, que fazia mestrado, com Heraldo Negri, funcionário da Esalq. “Desenvolvemos um sistema de criação de agentes biológicos em grande volume a um custo compatível ao que o produtor gastava com o inseticida”, diz Carvalho, CEO da Bug. “Reduzimos entre 50% e 70% o uso de agrotóxico em culturas como soja, melão e abacate, e em 100% em cana-de-açúcar.” A Esalq serviu também como inspiração para Antonio Morelli criar a Agronow.
“Fiz um algoritmo matemático que consegue fazer previsão de safra com taxa de acerto superior a 90%”, diz o empreendedor, que usa imagens de satélite para realizar o seu trabalho. “Sem a pessoa ir a campo, posso fazer estudos de produtividade agrícola independente de onde estiver a plantação.” Entre as startups agrícolas há aquelas que já decolaram e exportam seus serviços. A mineira Strider, que monitora lavouras com uso de GPS para identificar pragas e reduzir em até 20% o consumo de defensivos, conta com 5% de seu faturamento de operações em plantações de algodão no Texas (EUA) e na lavoura de frutas e legumes na Austrália.
A Enalta, de São Carlos, é responsável por sistemas de telemetria de máquinas no campo na Colômbia, na Costa Rica e na Guatemala. E com perspectivas de entrar no México. Com seus produtos, o fazendeiro pode reduzir em até 15% o gasto com gasolina e monitorar a realização de manutenções. “O que foi inovador na nossa companhia foi combinar tecnologia já existente para resolver um problema de um setor gigante no Brasil e no mundo, que ninguém tinha dado muita atenção”, diz Gilberto Girardi, CEO da Enalta.
A AgroTools também exporta sua tecnologia de big data e geoprocessamento para os Estados Unidos e América do Sul. Cobrindo hoje no Brasil 200 milhões de hectares, a empresa, criada em 2007, já atende 15 das maiores marcas do agronegócio, como Cargill, BRF, JBS, Walmart e Carrefour. “Estamos, pela primeira vez, em busca de investimentos”, diz Fernando Martins, diretor da companhia, que em 2014 deixou a presidência da Intel no Brasil para investir nesse mercado. “É um momento correto de alavancar e crescer.”
Conheça algumas das startups brasileiras do agronegócio:
4milk
Aplicativo faz gerenciamento de fazendas de leite com controle de custos e acompanhamento genético do rebanho.
Agronow
Utiliza sistema de mapas e índice de safras atuais e passadas, gerando uma previsão de produtividade para a colheita.
Agrosmart
Usa imagens de satélite para monitorar mais de dez variáveis ambientais que auxiliam o produtor a tomar decisão de gestão do agronegócio.
AgroTools
Criada em 2007 em São Paulo, passou de startup para grande empresa de geoprocessamento e big data de lavouras e pecuária.
Bovcontrol
Aplicativo ajuda produtor de gado de corte e leite a gerenciar o manejo nutricional do rebanho, monitora acasalamento e orienta a venda.
Bug Agentes Biológicos
Criada em 2001, produz vespas e agentes biológicos que combatem pragas na lavoura.
Enalta
Especializada em telemetria agrícola, que monitora a operação da máquina diretamente no campo.
Hidrointel
Startup tem o objetivo de desenvolver um sistema de automação de irrigação de forma inteligente.
IZagro
Aplicativo oferece informações de todos os produtos agroquímicos usados para controlar as principais pragas das lavouras.
Promip
Produz vespas que são pulverizadas por máquinas e drones, para combater praga em plantações.
Webgados
Anúncio online de compra e venda de gado de corte e leite com uso gratuito. No futuro, terá serviços pagos.
Strider
Startup que desenvolveu um sistema que usa GPS e tablets que auxiliam na identificação de pragas e gerencia a aplicação de defensivos agrícolas.
Fonte Istoé Diinheiro
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Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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