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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Nordeste bota sua esperança de chuva em nome feminino


   
                  

"Nos últimos cinco anos, a chuva no sertão cearense ficou 50% abaixo da média” Luiz Bacelar,sócio da Agrícola Famosa. A seca provocada pelo fenômeno El Niño, que não tem deixado as chuvas chegarem na região nordeste, está levando os produtores de frutas a procurar por outras áreas de cultivo. nos últimos dois anos,as perdas superam R$ 430 milhões

A cena é desoladora. Plantações de banana, melão, melancia e mamão, mesmo em áreas irrigadas, estão sofrendo com a falta de água nas principais regiões produtores de frutas do Nordeste.

 “Nos últimos cinco anos, a chuva no sertão cearense ficou 50% abaixo da média e isso afetou até quem depende de águas subterrâneas”, diz Luiz Roberto Barcelos, diretor geral e sócio da Agrícola Famosa, de Icapuí, no Estado do Ceará, e presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). 

Todo o País, mas especialmente a região Nordeste, tem sofrido com a falta de água provocada pelo fenômeno El Niño, um desarranjo climático que leva seca extrema à região. 

Seu contraponto, a La Niña, que poderia trazer chuvas ao Nordeste, não tem se manifestado. Nos últimos cinco anos, a precipitação de chuvas ficou abaixo de 400 milímetros anuais, ante a média histórica de 800 milímetros. Só para comparação, áreas com menos de 250 milímetros anuais de chuvas são consideradas desérticas. A seca está contribuindo para que o Produto Interno Bruto do Agronegócio (PIB Agro) do Nordeste, caia cerca de 4,4% neste ano, enquanto para o agronegócio em todo o País, a previsão é de um crescimento da ordem de 1,2%, de acordo com as previsões da consultoria Tendências, de São Paulo. As perdas nos últimos dois anos já chegam a R$ 431,8 milhões.

As perdas

Em razão da escassez de água, a Agrícola Famosa reduziu as lavouras de banana de 450  para 200 hectares Por isso, a Agrícola Famosa, assim como outros produtores de frutas, estão buscando novas áreas de plantio, nas quais a seca castiga menos a lavoura. A Famosa, por exemplo, deixará de cultivar 2,5 mil hectares de terras nos próximos dois anos, localizadas na região do Tabuleiro de Russas, onde estão projetos de irrigação estimulados pelo governo desde a década de 1990 e que hoje somam 15 mil hectares. 

“Vamos plantar no Rio Grande do Norte, na região do aquífero Açu, na Chapada do Apodi, que tem um custo maior para a extração da água, mas é mais seguro porque esse aquífero está em uma profundidade maior que o usado no Ceará”, afirma Barcelos. A empresa, que fatura R$ 590 milhões por ano e produz 200 mil toneladas de frutas, investiu cerca de R$ 55 milhões na compra de terras mais aptas à produção. 

No caso de outra cearense, a Itaueira Agropecuária, com sede em Fortaleza, a empresa vai deixar de cultivar mil hectares, do total de 2,6 mil hectares que mantém no município de Aracati, onde planta melão e melancia há 16 anos. José Roberto Prado, diretor comercial da Itaueira, diz que a saída também foi o Rio Grande do Norte e que o custo da mudança, ainda não concluída, já superou R$ 10 milhões e custou a perda de 1 mil empregos para a região. 

“Tivemos de remanejar mais de um terço de nossa produção, em apenas quatro meses”, afirma Prado. “E vamos gastar mais porque, além do custo com a compra de terras, tem todo o investimento com a implantação do equipamento de irrigação e de cultivo.”

A mudança para áreas de menor risco serve também como proteção futura e não apenas para sanar os estragos da atual estiagem. A região Nordeste é o maior polo exportador de frutas frescas do País. No ano passado, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, saíram da região 630 mil toneladas, com destino a países da Europa, da Ásia, além dos Estados Unidos. A receita da região tem ficado próximo de US$ 674 milhões, 42% do que o País fatura com frutas.

Qual o futuro?

No Ceará, os meteorologistas prevêem alguma chuva provocada pela La Niña somente em 2017, mas alguns mais pessimistas apontam para 2018. O chefe-geral da Embrapa Semiárido, Pedro Carlos Gama da Silva, diz que a falta de água que afeta as lavouras, e que levou à perda de até 90% da produção em muitos municípios do sertão cearense, não foi uniforme em todo o Nordeste e que esse quadro pode continuar assim no próximo período. “Houve regiões com incidência razoável de chuvas, como no Estado de Sergipe. Outros, como o Ceará, Paraíba e Bahia sofreram mais”, afirma Silva. Na Paraíba, os pecuaristas deslocaram cerca de 300 mil bovinos, 28% do rebanho, para outras regiões. Na Bahia, 10% do rebanho de caprinos, cerca de 230 mil animais, morreram de fome e sede.

Na correria:  “Tivemos de remanejar um terço de nossa produção em menos de quatro meses” , diz Prado, da Itaueira Agropecuária

O professor Luiz Carlos Molion, coordenador do LabClim, da Universidade Federal de Alagoas, foi o mais pessimista dos meteorologistas ouvidos por DINHEIRO RURAL. Ele prevê que 2017 ainda será um ano com chuvas abaixo da média nas regiões Norte e Nordeste. Molion acredita que o ápice das precipatações nessas regiões será somente em 2018, com chuvas acima da média em 2019. 

O meteorologista, que desenvolveu um modelo próprio de previsão do tempo, defende a tese de que a Lua influencia as marés e as correntes marítimas, ao contrário de seus pares que não considera as correntes. Ele relaciona a força do El Niño com a proximidade que a Lua fica dos trópicos durante a sua órbita em torno da Terra. 

“É um movimento que dura 19 anos e, desde 1940, a incidência desse fenômeno em alta intensidade se repete em ciclos de período idêntico”, afirma Molion. Por isso, ele acredita que o período mais seco irá até 2019, repetindo o que ocorreu no período de 1997 a 2001. Já o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, foi o mais otimista em relação ao futuro. Ele acredita que o pior já passou e que as tão esperadas chuvas podem chegar a partir do próximo verão. 

“A plena recuperação dos açudes do norte da região Nordeste pode ocorrer em 2016, em Estados como o Maranhão, Ceará e Piauí”, diz Nascimento. “Apenas no caso dos sertões dos Estados do sul da região, como Bahia, Sergipe, Pernambuco e Paraíba, a normalização pode ser mais lenta.”

Fonter Istoé Dinheiro Rural



segunda-feira, 5 de setembro de 2016

CRIME AMBIENTAL MONSTRUOSO : EUA matam milhões de abelhas por culpa da Zika

                                  Apiários tiveram de ser incinerados
                            



Por causa de apenas centenas de mosquitos, talvez, e o perigo que poderiam representar ao transmitirem a Zika, abelhas morrem após uso de veneno contra zika. Apiários da Carolina do Sul questionam uso de inseticida. De acordo com canal, 2,5 milhões dos insetos foram atingidos. Outros insetos também foram mortos. As abelhas são responsáveis pela polinização e ampliação das áreas produtivas para alimentos. Esta não é a primeira mortandade que, inclusive, afetou o México.

Apicultores da Carolina do Sul, no sudeste dos Estados Unidos, removeram esta semana milhões de abelhas mortas depois que as autoridades pulverizaram o polêmico inseticida "naled" para combater os mosquitos vetores do zika.

Juanita Stanley, uma apicultora de Summerville, ao noroeste de Charleston, encontrou uma cena apocalíptica após a fumigação de domingo passado: milhões de abelhas estavam caídas em torno das suas colmeias.
 
ZIKA
Vírus é preocupação mundial

 "Nosso negócio familiar ficou destruído pela fumigação aérea. Ajudem-nos a compartilhar esta história, não permitam que as abelhas produtoras de mel morram em vão", escreveu Stanley na página do Facebook do apiário de que é coproprietária, Flowertown Bee Farm and Supplies.

Este comentário estava acompanhado de mais de vinte fotos que mostravam as abelhas mortas e a equipe do apiário queimando as caixas que armazenavam as colmeias.

Segundo o canal local WCSC, o apiário perdeu 46 colmeias e 2,5 milhões de abelhas.

Jason Ward, o administrador do condado de Dorchester - ao que pertence a maior parte de Summerville -, reconheceu a responsabilidade da fumigação aérea neste massacre.

O inseticida utilizado pelas autoridades americanas, chamado "naled", é polêmico devido aos seus efeitos na saúde humana e no meio ambiente. A União Europeia proibiu seu uso em 2012, mas os Estados Unidos o utilizam desde 1959.

"O condado de Dorchester está a par de que alguns apicultores da zona que foi fumigada neste domingo perderam suas colmeias", afirmou Ward em um comunicado na terça-feira (30), prometendo que iria contatar os afetados.

O administrador disse, ainda, que não estão previstas mais fumigações aéreas por enquanto.

Também detalhou que o condado realizou uma fumigação aérea na manhã de domingo (28), depois de que foram registrados quatro casos de zika em Summerville, dois dias antes.

O vírus da zika, que pode causar malformações congênitas em fetos em desenvolvimento de mulheres grávidas infectadas, como a microcefalia, começou recentemente a aparecer no sul dos Estados Unidos. Até o momento, a Flórida é o único estado a registrar casos autóctones.

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os Estados Unidos continental já registra mais de 2.600 casos de zika em pessoas que contraíram o vírus durante viagens ao exterior.

Mas se espera que à medida que avança o verão e que os estados do sul são atingidos por fortes chuvas, o mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus, continue prosperando.

Fumigações com "naled"

As fumigações aéreas com "naled" não ocorrem sem polêmica. Porto Rico, que sofre uma epidemia de zika, com quase 14.000 infectados localmente, rejeitou a medida.

Este pesticida é considerado por cientistas e ativistas um neurotóxico severo que afeta o aparelho respiratório e o meio ambiente.

Seu uso foi proibido na União Europeia porque a substância representa "um risco potencial inaceitável" para a saúde humana e o meio ambiente.

A Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA), porém, afirma que este pesticida é seguro se for pulverizado comedidamente.

Mas seus críticos dizem que o "naled" não só mata os mosquitos, como também é tóxico para as abelhas, as borboletas, os peixes e outros organismos aquáticos.

"'Naled' é um inseticida generalista", disse à AFP a ecóloga Elvia Meléndez Ackerman, professora de ciências ambientais na Universidade de Porto Rico, no distrito de Río Piedras. "Matará muitas espécies de insetos e terá efeitos negativos em outras espécies".

A cientista deu como exemplo a diminuição da população de um molusco comestível na Flórida, onde foram realizadas várias pulverizações.