Por Jorge Lopes (jorgeseraphini@gmail.com)
O Blog CeasaCompras dá continuidade a série de reportagens especiais sobre a situação econômico-financeira das centrais de abastecimento da Região Sudeste, que respondem a mais de 50% da alimentação do brasileiro. Dois resultados se mostraram surpreendentes, os da CeasaMinas e da Ceagesp. No entanto, outros dois, Rio de Janeiro e Espírito Santo, são pífios. Considerada a segunda maior central do Brasil, vindo atrás apenas da Ceagesp, a gigante da América Latina, a Ceasa Grande Rio por três anos consecutivos perdeu esse posto.
A Ceasa fluminense, em 2016, obteve alta de apenas 4,81% no volume de negócios. Mas, na movimentação de mercadorias, o saldo é negativo. Por que isso aconteceu?
Esta é uma pergunta que sugere uma gama de respostas: a principal, podemos assim dizer, está na destruição política e econômica do Estado. Vamos incluir ainda o fator segurança. Isso mesmo. Quem vai comprar numa central, como a maior de todas, Irajá, na Zona Norte carioca, se arriscando a ser atacado no meio do caminho por bandos armados? Marginais que roubam e matam.
Outra pergunta: E quem tem dinheiro para comprar alimentos no momento em que empregos foram pulverizados, os salários atrasados e servidores estaduais sacrificados?
A então segunda maior central de abastecimento do país, construída na década de 70, o mercado do Irajá, que é cercado por 14 comunidades carentes dominadas por traficantes e ladrões de cargas, está a míngua. Basta analisar os números divulgados pelo governo federal: no ano passado foram negociados R$ 3.306.067.000,00 - um aumento de apenas 4,81% em relação a 2015. Ainda no ano passado foram movimentadas apenas 1.314.097.000 kg de mercadorias, com saldo negativo monstruoso de - 15,08%.
Só para termos idéia, este mercado obteve R$ 3.154.328.000,00 (2015) e R$ 3.033.700.000,00 (2014). Ambos crescimentos pífios.
Destaque
No Rio de Janeiro, apenas o mercado de Nova Friburgo, na Região Serrana, apresentou alta expressiva de 20,32% nos negócios( R$ 37.045.000,00). A carga movimentada cresceu 9,90% ( 27.241.000 kg). A segunda maior central do estado, no Colubandê, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, os negócios cresceram apenas 9,92% ( R$ 347. 732.000,00). A movimentação de mercadorias foi de 163.242.000 kg ( 0,30%).
Outros três mercados pertencentes à Ceasa Grande Rio, situados no interior do estado, despencaram em volume de negócios, vendas e movimentação de mercadorias. São eles:
Mercado do Produtor Ponto de Pergunta - R$ 25.756.000,00 ( - 12,71%) e um total de carga movimentada de 19.083.000 kg ( - 18,75%);
Paty do Alferes - R$ 11.043.000,00 ( - 25,04%); movimento de carga de 7.618.000 kg ( - 28,05%);
São José de Ubá - R$ 2.827.162,24 ( - 14,20%); movimento de carga de 2.232.156 kg ( - 17,97%).
No somatório geral de mercadorias negociadas em 2016, a Ceasa Grande Rio apurou apenas R$ 3.730.470.162,24.