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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Pesquisa encontra alface crespa que suporta mais o calor

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Para vencer a barreira do clima e facilitar a produção de alface nas regiões mais quentes do Brasil, pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF) desenvolveram duas novas variedades de alface crespa de folhas verdes que apresentam tolerância ao calor e ampla adaptação às condições tropicais, independentemente do sistema de produção, seja campo aberto, hidroponia ou cultivo protegido.

Em tempos de mudanças climáticas, as elevações de temperatura nas regiões produtoras de hortaliças têm tornado cada dia mais desafiador o cultivo de algumas espécies que necessitam de clima mais ameno para alcançar seu pleno desenvolvimento. A alface, hortaliça folhosa com origem na região do mar Mediterrâneo, tem sua produção favorecida quando a faixa de temperatura oscila entre 15ºC e 25ºC.

“Essa característica é importante porque altas temperaturas antecipam o florescimento da alface e a produção de látex nas folhas, o que deixa a planta com um sabor bem amargo, indesejado pelos consumidores”, contextualiza o agrônomo Fábio Akiyoshi Suinaga, coordenador do programa de melhoramento genético de alface da Embrapa, que tem entre seus principais objetivos contribuir para a sustentabilidade da cadeia produtiva dessa hortaliça no País.

Mais resistência às principais doenças
Além de tolerantes ao calor, as novas cultivares apresentam resistência às principais doenças da cultura como fusariose e nematoide-das-galhas, característica relevante, tendo em vista que a principal dificuldade que os produtores rurais enfrentam no cultivo de alface é o controle de doenças. Em campo aberto, a alface está sujeita a doenças de solo e doenças foliares e, na hidroponia, ocorrem podridões causadas por parasitas que ficam na solução nutritiva.

Segundo Suinaga, ter resistências incorporadas à genética da planta é um fator favorável à redução do aporte de agrotóxicos nos cultivos de alface, o que soma benefícios para o meio ambiente, mas também para o consumidor, já que a principal forma de consumo são folhas frescas. “Quanto mais tecnologia embutida na semente, menor será o custo de produção do horticultor e melhor a lucratividade dos produtos”, resume.

As duas novas cultivares de alface possuem mecanismos diferentes para burlar o calor e garantir boa produtividade. No caso da cultivar BRS Leila, a tolerância a altas temperaturas acontece porque o material tem, embutido em sua genética, uma estratégia natural para atrasar o florescimento da planta. Assim, quando comparada à cultivar de alface crespa mais plantada no Brasil, a BRS Leila resiste, em média, dez dias mais ao calor antes de iniciar o florescimento.

Alface fica menos tempo exposta ao calor
Já a cultivar BRS Mediterrânea, que traz no nome a memória da origem da espécie, possui uma tática diferente para atingir boa produtividade mesmo diante de condições de temperaturas elevadas: vigor e precocidade. Quando se traça um paralelo com outras cultivares do mercado, ela atinge o ponto de colheita mais rápido, em média, sete dias antes da variedade mais plantada. Assim, por ser mais precoce, com um ciclo produtivo mais curto, ela fica menos tempo no campo exposta ao calor, um fator de estresse para planta que causa o florescimento antecipado.

Ou seja, mesmo em condições de temperatura superior à faixa de temperatura ideal de cultivo, suas plantas atingem o ponto de colheita, com qualidade e padrão comercial, em menor intervalo de tempo. Essa característica também é interessante do ponto de vista do escalonamento da produção, já que o mercado consumidor demanda o produto fresco durante todo o ano.“Outra vantagem de cultivares precoces de alface é que o produtor consegue efetuar mais colheitas durante o ano e utilizar melhor sua área em um mesmo espaço de tempo. A alface é uma espécie de colheita diária. Por isso, na hora de o agricultor fazer o planejamento do seu plantio, ele precisa considerar a demanda do mercado, que deseja produtos frescos. Para conseguir atender essa exigência, é preciso utilizar cultivares precoces, de ciclo médio e de ciclo tardio para ter diferentes tempos de colheita em sua lavoura”, comenta Suinaga ressaltando a importância da produção escalonada.

Parceria com o setor produtivo no desenvolvimento e na validação

As cultivares foram desenvolvidas no âmbito do programa de melhoramento genético de alface da Embrapa Hortaliças, cujo objetivo principal é contribuir com a sustentabilidade da cadeia produtiva de alface no Brasil. A validação foi realizada em conjunto com a empresa Agrocinco, que possui contrato de parceria em Pesquisa e Desenvolvimento baseada na Lei de Inovação Tecnológica.

Na experiência do agrônomo Luís Galhardo, diretor comercial da empresa, que está licenciada para comercialização das sementes das novas cultivares da Embrapa, as alfaces BRS têm ótima capacidade de suportar as frequentes temperaturas altas brasileiras, pois não pendoam facilmente.
“Devido à precocidade e à tolerância ao pendoamento (ou florescimento precoce), o agricultor pode fazer mais plantios na mesma área ao longo do ano e obter melhor eficiência, bem como pode ver ampliado o período de comercialização dos pés, uma vez que as plantas não emitem pendão rapidamente”, comenta Galhardo ao acrescentar que a alface BRS Mediterrânea ainda possui excelente resistência à queima das bordas, conhecida como “tip burn”, um fator associado ao calor que compromete o aspecto visual e a comercialização do produto.

As novas cultivares de alface foram disponibilizadas para o mercado e, segundo o empresário, elas já têm os guias de adubação prontos, inclusive para os períodos de inverno e verão. “No momento, estamos realizando trabalhos de introdução das alfaces BRS nas regiões produtoras e as nossas projeções são de boas taxas de crescimento para esse ano”, sinaliza.

Horticultores aprovam novas alfaces
No Distrito Federal, o senhor Valdecir Grecco é um exemplo de produtor rural que adotou as novas cultivares de alface. Há mais de 50 anos, ele produz diferentes espécies de hortaliças, mas faz 11 anos que decidiu se especializar na produção de mudas e montou um viveiro, cujo carro-chefe são as mudas de alface. “Já completou um ano que estou vendendo mudas das cultivares BRS e elas são excelentes: mais precoces e tolerantes”, opina.

Ele conta que os horticultores da região que compraram mudas das novas cultivares, voltaram para comprar mais. “Os produtores estão gostando porque o retorno deles é frequente. Toda semana, eles retornaram para comprar mais mudas e iniciar novos plantios”, conta Grecco acrescentando que as cultivares BRS não exigem nenhum cuidado especial comparadas aos materiais comumente plantados pelos produtores.

Câmara simula cenários climáticos
Sem diminuir a importância dos testes de validação nas regiões produtoras, nos últimos tempos, a principal ferramenta de avaliação das cultivares pelos pesquisadores, especialmente do ponto de vista da tolerância ao calor, tem sido um equipamento que funciona como um simulador.

“A câmara de crescimento vegetal é um ambiente que simula cenários climáticos futuros. Em um espaço reduzido, é possível testar o comportamento das plantas, cultivadas em vasos, a partir da projeção de diferentes fatores como temperatura, umidade, CO2, radiação, entre outros”, explica o engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco Lima, pesquisador da Embrapa. Nesse ambiente simulado, as plantas são expostas às condições extremas para que se observem quais são as mais resistentes em relação a altas temperaturas e outros fatores como, por exemplo, o déficit hídrico.

De acordo com Pacheco, durante semanas as plantas de alface são testadas na faixa de 30ºC a 35ºC, dia e noite, uma condição drástica que não acontece nas lavouras, já que no ambiente natural as horas mais quentes acontecem durante o dia e as temperaturas noturnas tendem a ser mais amenas. “Com os ensaios na câmara de crescimento vegetal, podemos nos antecipar aos cenários futuros de clima e, assim, termos tecnologia disponível quando as projeções se confirmarem”, ressalta o pesquisador.

As previsões mais otimistas do Quinto Relatório de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), apontam aumento de 1,8ºC na temperatura global até o fim do século (2081 a 2100), sendo a referência para comparação o período de 1986 a 2005. No cenário pessimista, o AR5 projeta que o aumento de temperatura global pode chegar a 4,8ºC.

“Em relação ao Brasil, projeções apontam que pode haver um aumento da temperatura média em todas as estações do ano e em todas as regiões, variando de 3ºC a 4,5ºC”, quantifica Pacheco, ao mencionar que as regiões produtoras de hortaliças das regiões Norte e Centro-Oeste, no período do inverno e da primavera, seriam as mais afetadas se as projeções se confirmarem.

“A estratégia mais eficiente para manter a produção de hortaliças nessas regiões críticas, mesmo diante da elevação da temperatura, é o melhoramento genético”, defende o pesquisador, que acrescenta: “cultivares que toleram hoje situações limítrofes associadas à temperatura ficarão ultrapassadas em um curto intervalo de tempo, por isso, é imprescindível a pesquisa antecipar-se às necessidades futuras”.

Presente e futuro da pesquisa com alface
Romper a barreira do clima foi a principal conquista da pesquisa de melhoramento genético de alface. “Houve um esforço para adaptar a espécie às condições tropicais do nosso País, principalmente pelo efeito ocasionado pelas altas temperaturas no florescimento antes da hora e no amargor nas folhas”, explica Suinaga.

Em um cenário de mudanças climáticas e elevações de temperatura nas regiões produtoras, é primordial que a pesquisa desenvolva alfaces tolerantes ao calor e também mais precoces para que elas atinjam o ponto de colheita, com qualidade e padrão comercial, em um menor intervalo de tempo. “A precocidade também está associada à menor demanda hídrica da cultivar, o que contribui para a sustentabilidade no campo”, assinala o pesquisador.

No Brasil, o plantio de alface está concentrado em “cinturões verdes”, áreas com lavouras próximas aos centros consumidores porque a alface é muito perecível e exige refrigeração, um gargalo do sistema de logística brasileiro. Para o horizonte de médio prazo, a pesquisa tem trabalhado para disponibilizar cultivares de alface com folhas pouco mais espessas e com maior tempo de conservação após a colheita. “Nós compramos alface pela aparência e ela não pode estragar de um dia para o outro, ainda mais se quisermos atingir mercados mais distantes”, avalia o pesquisador, ao antecipar que a próxima tecnologia lançada deve ser uma nova cultivar de alface do tipo americana.

Impactos do florescimento precoce em função do calor
O florescimento (ou pendoamento) precoce, é um grave problema na produção de alface. Entre os prejuízos causados estão o alongamento do caule, a redução do número de folhas e o estímulo à produção de látex, uma substância que dá sabor amargo à alface. Todos esses fatores prejudicam o padrão comercial e a qualidade da hortaliça.

Geralmente, o florescimento é favorecido por condições de temperaturas médias acima de 25º Celsius. Ele acontece quando a planta é exposta a uma situação de estresse climático, como excesso de calor e, com isso, antecipa sua fase reprodutiva, emitindo o pendão antes da hora para garantir a produção de sementes e a continuidade da espécie.

O uso de cultivares tolerantes ao calor e o cultivo na época adequada para cada cultivar, aliados ao manejo ambiental da propriedade rural para minimizar o efeito das altas temperaturas, estão entre as principais maneiras de evitar o pendoamento precoce da produção de alface.

Bom desempenho até em condições adversas
O desenvolvimento das novas cultivares de alface envolveu etapas de cruzamento de linhagens avançadas de populações de alface crespa e testes de validação nos campos experimentais da Embrapa e em lavouras comerciais de quatro regiões do País: Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Também foram realizados testes na região Norte que, historicamente em função do clima, tem condições muito adversas para a produção de alface. Segundo o engenheiro-agrônomo e diretor técnico da Agrocinco, Flávio Pagnan, no caso do estado do Pará, os agricultores que estão cultivando as variedades têm aprovado o desempenho.

Alface: a hortaliça folhosa preferida pelos consumidores
A folha mais comum na salada nossa de todo dia percorreu um longo trajeto até desembarcar no Brasil. A alface é uma hortaliça adaptada ao clima ameno e estudos arqueológicos indicam que formas ancestrais dessa planta têm sido cultivadas desde 4.500 a.C. na região mediterrânea, em especial no Egito. Com a domesticação da espécie, a alface alcançou o continente europeu e na época das grandes navegações e da colonização das Américas chegou até nosso País.

Conhecida por conter poucas calorias e grande quantidade de água – cerca de 95% do seu peso, a alface é fonte importante de fibras, sais minerais e vitaminas, com destaque para o cálcio e para a vitamina A. No mercado nacional, os principais tipos de alface cultivados e consumidos, em ordem de importância econômica, são: crespa, americana, lisa e romana. As variedades de folhas crespas e coloração verde-clara correspondem ao tipo varietal de alface preferido pelos consumidores brasileiros.

Só que nem sempre foi assim. Nos anos 1960 e 1970, a alface lisa era líder da preferência dos consumidores, mas o acúmulo de água no interior das folhas – que abria a porta para as doenças – tornava difícil o plantio no período quente e chuvoso e, com isso, a alface ficava sujeita à sazonalidade e ao aumento de preços no verão.
Nas décadas de 1980 e 1990, a alface crespa ganhou o mercado nacional e também os produtores rurais, por ser muito produtiva e, apesar de suscetível ao calor, resistir melhor às doenças. Dos anos 1990 em diante, a crespa ainda prevalece no gosto do brasileiro, mas acompanhada mais de perto pela americana, muito utilizada nas redes de fast-food por causa de suas folhas crocantes que demoram mais para murchar dentro dos sanduíches.

“A alface está entre as hortaliças mais plantadas e consumidas em todo o País. Calcula-se que a alface crespa responda por volta de 65% do mercado nacional”, estima o pesquisador Fábio Suinaga, ao acrescentar que os tipos varietais de alfaces crespa e americana, juntos, concentram mais de 90% das vendas dessa hortaliça no País.

Fonte: www.embrapa.br/hortalicas

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Produção de hortaliças com tecnologia

       
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                     Maior moinho da América Latina situada em Holambra



Nos dias 21 e 22 de junho será realizada na cidade paulista de Holambra a edição 2018 do Painel Embrapa de Inovação e Negócios.
 
Com o tema “Novas tecnologias para a produção de hortaliças”, o evento tem como objetivo promover a interação entre a Embrapa e as instituições e empresas relacionadas com o Setor de Hortaliças para a estruturação de parcerias de cooperação técnica e/ou comercial para a disponibilização de produtos ou processos com Tecnologia Empraba ao mercado.

Serão apresentadas, também, a situação atual e as tendências de mercado de hortaliças de acordo com as diversas empresas e instituições do setor e as novas tecnologias geradas pela Embrapa. Será um importante momento para troca de experiências e, claro, para a criação de networking entre os presentes.
Inscrições e programação completa no site: 
www.cnph.embrapa.br/painel-embrapa-2018/#&panel1-4

SERVIÇO:
Painel Embrapa de Inovação e Negócios
Data: 21 e 22 de junho
Local: Hortitec - Holambra / SP
Informações: 
Telefone: 19 3749-8888  
E-mail: sin.ecpq@embrapa.br


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Embrapa apresenta variedades de abacaxis e banana

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A Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Embrapa — Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento —, escolheu o Congresso Brasileiro de Fruticultura, que este ano acontece em São Luís (MA), de 17 a 21 de outubro, para o lançamento de duas cultivares de abacaxizeiros ornamentais. Além dessas, será divulgada a nova cultivar de bananeira, a BRS Pacoua, cujo lançamento oficial vai acontecer em novembro, no Pará.

Abacaxizeiros ornamentais BRS Boyrá e BRS Anauê
Essas duas cultivares de abacaxizeiros ornamentais foram desenvolvidas a partir de outras conservadas no banco de germoplasma de abacaxi da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que tem mais de 600 acessos e uma enorme riqueza e variabilidade genética da espécie. "Dentre as variedades silvestres, que não são comestíveis, muitas possuem frutos pequenos, hastes retorcidas e cores variadas, características interessantes que podem ser melhor exploradas como ornamentais. A partir de um criterioso trabalho realizado com essa coleção, foi possível identificar e melhorar materiais com potencial para usos diversos no segmento de flores. O melhoramento genético e a construção dos produtos pretendidos foram ações paralelas", explica a pesquisadora Fernanda Vidigal.

As cultivares abrem um novo nicho de mercado para agricultores familiares e para produtores de maior porte, incluindo exportadores. Comercializado na Europa há mais de uma década, o abacaxi ornamental tem mercado inexpressivo no Brasil.

As novas cultivares permitiram a geração de produtos diversificados, como plantas para vasos, flor de corte (haste com a infrutescência), plantas para paisagismo (jardins e parques) e folhagens de corte. Para serem usados como flores de corte, os abacaxis precisam ter hastes longas, frutos pequenos e uma relação coroa/fruto bem equilibrada. Para o mercado externo, essas hastes devem ter no mínimo 40 centímetros e não apresentar ondulações. "Em testes realizados com consumidores e floristas brasileiros, observou-se que nossos floristas apreciam hastes sinuosas, que conferem mais movimentos aos arranjos florais", afirma Fernanda. Para a comercialização em vaso, as plantas devem ser compactas, com folhas e hastes curtas e frutos pequenos. "Já o uso no paisagismo é livre, mas algumas plantas de porte grande se prestam bem para grandes espaços. As folhas são excelentes na composição de arranjos e chegam a durar mais de 30 dias em esponjas florais."

Para validar o trabalho, a pesquisadora firmou parcerias com colaboradores que conhecem bem o mercado e o produto, a exemplo da ABX Tropical Flowers for Export (RN), que já exporta abacaxis ornamentais, e da TopPlant/BioClone (CE), que vem trabalhando em sistema para vasos, contando com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE).

"O mercado externo é grande consumidor de flores de corte, e o abacaxi ornamental tem uma posição já consolidada, pois, mesmo com as crises, a quantidade consumida não sofreu grandes alterações. Novas espécies são muito bem aceitas pelos europeus, e o mercado de flores é movimentado exatamente pelo lançamento frequente de novidades, como, por exemplo, novas variedades de rosas, cravos etc. Estava faltando o lançamento, através de pesquisa séria, de novidades também na área de abacaxis ornamentais", diz o diretor da ABX Tropical Flowers for Export, Antonio Carlos Prado.

A Bananeira BRS Pacoua
A BRS Pacoua é um híbrido de bananeira, produto do cruzamento realizado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura nos anos 90. A partir daí, foi implantada uma rede de ensaios nacionais de genótipos promissores, incluindo o estado do Pará, para onde a cultivar é recomendada — os experimentos no Norte do país foram conduzidos em parceria com equipe da Embrapa Amazônia Oriental (PA). Mostrou vantagens comparativas em relação às cultivares rotineiramente utilizadas pelos produtores paraenses, principalmente nas questões associadas com resistência a doenças.
"A BRS Pacoua tem como parental feminino a cultivar Pacovan. E a grande diferença entre as duas variedades diz respeito à resistência a doenças. Há três doenças principais que acometem a bananicultura nacional: Sigatoka-amarela, Sigatoka-negra e mal-do-Panamá. A BRS Pacoua é resistente à Sigatoka-amarela, ao mal-do-Panamá e medianamente resistente à Sigatoka-negra.

Enquanto a Pacovan é suscetível às duas sigatokas e apresenta certo nível de suscetibilidade também ao mal-do-Panamá", explica o pesquisador Edson Perito Amorim, líder do Programa de Melhoramento Genético da Bananeira da Embrapa.

O produtor Raphael Siqueira, de Santo Antonio do Tauá (a 70 km de Belém), que plantou a nova variedade em caráter experimental, aposta na BRS Pacoua para incrementar a produção da sua região. "Aqui existe muito pouca produção de banana. Toda banana consumida em Belém vem maciçamente do Nordeste, pagando um frete de cerca de R$ 5 mil por carrada. E isso aumenta o preço. Tivemos conhecimento dessa variedade produzida pela Embrapa, fizemos o plantio experimental e realmente é satisfatória. Ela tem ainda uma produtividade muito boa. Tem pencas com 25 até 30 bananas em alguns casos. E os cachos chegam a pesar entre 30 kg e 40 kg. Uma produtividade excepcional."

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Fonte: www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Projeto sinaliza avanços no melhoramento genético de alface


                  

Duas fases, novos desafios e duas proposições que se complementam são expressões que podem servir para contextualizar o projeto "Melhoramento Genético de Alface: Contribuindo com a Sustentabilidade da Cadeia Produtiva", incluído entre as propostas da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), submetidas ao Sistema Embrapa de Gestão (SEG) e aprovadas ao final do primeiro semestre de 2016.

A primeira fase, iniciada em 2010, teve como foco o desenvolvimento de germoplasma de alface com resistência aos estresses bióticos -relacionados às doenças de folhosas, a exemplo do fusário e do nematoide-das-galhas - e abióticos, relativos a altas temperaturas. Três cultivares de alface crespa verde foram o saldo positivo desse trabalho de melhoramento, que apresenta metas ainda mais ambiciosas na sua segunda fase.

"Na primeira fase do projeto, nós avançamos muito nas linhagens pré-comerciais de alface crespa por meio do Programa de Melhoramento da Unidade, que vinha testando essas linhagens em diversas regiões do País, em parceria com a empresa Agrocinco", explica o pesquisador Fábio Suinaga. Coordenador do Programa de Melhoramento de Alface e líder do projeto, ele assinala que a próxima fase vai manter o foco no desenvolvimento de novas variedades, "com diversos figurinos". "O nosso objetivo é ofertar para o setor produtivo todos os tipos varietais de alface – crespa, lisa, americana e romana – para que os consumidores possam ser contemplados em suas preferências e possibilitar ao produtor maior diversidade na comercialização".

A tolerância ao calor e a resistência a doenças permanecem alinhadas aos objetivos buscados nessa segunda etapa do projeto, e não apenas levando em conta o aspecto da produção em si, já que plantas mais vigorosas ajudam a evitar danos no aspecto visual, uma questão considerada de extrema importância pelo pesquisador. Segundo ele, o enfrentamento e a busca por plantas resistentes a estresses bióticos e abióticos são inerentes a todos os programas de melhoramento de hortaliças e, com relação à alface, o processo assume um grau ainda mais elevado na escala de importância.

"A alface é muito suscetível a doenças e levando-se em conta que o consumidor recusa plantas que apresentam danos, procuramos unir esforços no quesito concernente ao nível de resistência a doenças, porque elas acabam prejudicando o lado comercial também", observa Suinaga, que vê nessa atuação "o diferencial da Embrapa Hortaliças".

Ações agregadas

Muitas das atividades que tiveram lugar na primeira fase do projeto prepararam o terreno para as ações que estão previstas na segunda fase, a exemplo da tolerância a altas temperaturas. "A proposta é aumentar a tolerância ao calor, o que implica em testar várias alternativas, em um trabalho conjunto com a Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e o escritório de negócios da Embrapa Produtos e Mercado (Canoinhas, SC), parceiros na execução do projeto", sintetiza o pesquisador.