sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Teresópolis gastronômico tem plantas alimentícias não convencionais
Na Região Serrana fluminense, agricultores orgânicos aprenderam a identificar e utilizar essas espécies;
Jacatupé, cará roxo, língua de vaca, brinco de princesa, trapoeraba, erva de galinha, cipó chumbo, umbigo de banana, aipo chimarrão e maria pretinha são plantas pouco conhecidas, mas que podem ser encontradas nas áreas rurais e usadas na culinária. Com objetivo de divulgar a função alimentar de centenas dessas plantas espontâneas ou silvestres e também incentivar os agricultores a descobrir ou resgatar receitas com essas espécies, está sendo realizada, até amanhã (10), a 1ª Jornada sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Estado do Rio de Janeiro.
O evento, com o apoio, entre outros, da secretaria estadual de Agricultura, através da Emater-Rio e do Programa Rio Rural, aconteceu em Teresópolis, na Região Serrana, um dos municípios incluídos na programação. No início da semana, um grupo de produtores orgânicos da Associação Agroecológica de Teresópolis (AAT) e outros interessados participaram de oficina sobre o assunto no Centro Interescolar de Agropecuária José Francisco Lippi, em Venda Nova. Eles degustaram dezenas de espécies e conheceram as diferentes possibilidades de uso das plantas na culinária, com opções de sucos, saladas e pratos quentes.
Embora desperte muita curiosidade, o tema não é novo. A utilização de plantas não convencionais na alimentação humana vem sendo registrada e incentivada por estudiosos, como o biólogo e professor do IFAM (Instituto Federal do Amazonas), Valdely Ferreira Kinupp.
- Plantas alimentícias são aquelas que possuem partes que podem ser utilizadas diretamente no consumo humano, tais como raízes, tubérculos, bulbos, rizomas, talos, folhas, flores, frutos, brotos e outras. Muitas dessas categorias não são corriqueiras, ou seja, não fazem parte do dia a dia da população de um determinado território - explicou Valdely, que ministrou a oficina em Teresópolis, Nova Friburgo e Trajano de Moraes, na Serra.
Desde 2002, Valdely atua na pesquisa e divulgação dessas espécies, tendo realizado um levantamento da riqueza de cerca de mil plantas com potencial alimentício. O professor desenvolve também trabalhos de cultivos experimentais baseados nos preceitos agroecológicos e análises nutricionais e sensoriais daquelas mais promissoras.
Sabores do campo
O engenheiro civil Leonardo Pimenta Caiano cultiva temperos produzidos no sistema agroecológico, num sítio em Vista Alegre,Teresópolis. O produtor descobriu as PANC na feira da AAT e revelou conhecer pouco sobre o tema.
- O que para uns parece ser mato, para outros é remédio e alimento. Na minha propriedade vamos apostar agora em algumas ervas para chá. Estou de olho também no coentro selvagem e na capuchinha - explicou.
Já Ana Litardo, também da AAT, prepara suco de clorofila, feito com as plantas não convencionais.
- Temos clientela interessada, por exemplo, em ora-pro-nóbis, caruru e peixinho, plantas já bem divulgadas. Esse contato com o especialista é importante para o agricultor reconhecer com tranquilidade as espécies no dia a dia - avaliou.
A jornada incluiu outras atividades técnico-científicas como lançamento de livro e uma visita à vitrine das PANC recém-implantada na Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica, na Região Metropolitana, e que servirá de matéria-prima para trabalhos de pesquisas da Embrapa Agrobiologia, Pesagro-Rio e UFFRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).
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