segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Rio incentiva cultura marinha em fazendas da Baía da Ilha Grande


Jeline Rocha e Pamela Araujo

Objetivo é a construção conjunta de um plano de ações para o desenvolvimento da maricultura na região em 2015, que tem participação do Sebrae. Estado cria selo para certificar pescados com auxílio de organismo internacional.

Em busca de definir novas ações de incentivo a maricultores fluminenses, equipes da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro (Sebrae/RJ) percorreram, na última sexta-feira, 30, fazendas marinhas da Baía da Ilha Grande, pioneiras no estado no cultivo de vieiras. Também chamada de coquille Saint Jacques, a espécie de molusco bivalve (com duas conchas, como a ostra) é muito apreciada na gastronomia francesa e encontra em regiões da Costa Verde condições altamente favoráveis para a produção, como águas profundas e isentas de poluição.

Formadas por estruturas flutuantes ou submersas, as fazendas marinhas da Baía da

Ilha Grande são uma alternativa ao extrativismo. Há quase 20 anos, elas têm acompanhamento técnico da Fiperj e da Secretaria de Pesca e Aquicultura de Angra dos Reis, também presente na visita que contou ainda com representantes da Associação Comercial do município. Juntos, eles identificaram as principais dificuldades dos produtores da região que servirão de base para a construção coletiva de um plano de ações a ser desenvolvido ao longo de 2015.

- Foi muito bom rever com outro olhar o trabalho dos maricultores da Baía da Ilha Grande, que conheci como vice-prefeito e morador de
Angra. Identificamos as necessidades para que juntos, Fiperj, Sebrae, prefeitura e demais órgãos, possamos promover ações que beneficiem esses profissionais e proporcionem o fomento do setor - destaca o presidente da Fiperj, Essiomar Gomes, que assumiu há menos de um mês e tem como uma de suas principais metas interagir constantemente com os profissionais do segmento.

Os produtores de Angra (14, sendo dez na Ilha Grande, dois na Ilha da Gipóia e dois no continente) apontaram como principais gargalos a morosidade da União na cessão de águas para fins de aquicultura; a obtenção de selo de inspeção dos produtos; o alto preço dos insumos (alguns importados); e a ausência de gestão financeira por parte dos aquicultores do seu próprio negócio.

Segundo o coordenador regional do Sebrae/RJ na Costa Verde, José Leôncio de Andrade Neto, a iniciativa faz parte do projeto de Aquicultura do Sebrae no estado do Rio, que visa a organização do setor produtivo e a capacitação dos produtores.

- As vantagens naturais tornam a região propícia para a produção de vieiras e vemos boas oportunidades de mercado para o produto. Mas tanto pescadores quanto aquicultores precisam de apoio técnico, tecnológico e organizacional para que esta cadeia produtiva se fortaleça e se desenvolva como uma atividade sustentável e efetivamente profissional - afirma José Leôncio.

Para o maricultor Carlos Kazuo, presidente da Associação de Maricultores da Baía da Ilha Grande (Ambig), a visita traz a expectativa de mais incentivos à atividade na região. O grupo está otimista com o andamento das ações voltadas à maricultura, como a criação de uma identidade geográfica com o produto, a IG, a exemplo da cachaça em Paraty.

- O Sebrae ajuda na gestão financeira dos empreendimentos aquícolas e já se comprometeu a trabalhar nossa marca, auxiliando a propaganda das vieiras. A ideia é pesquisar o histórico da atividade, de onde veio e como surgiu, para agregarmos mais valor ao produto. Já a Fiperj vem nos auxiliando na adequação da atividade para obtenção do selo de certificação do pescado sustentável - diz Kazuo.

Como resultado do trabalho conjunto da Fiperj com a prefeitura e a própria Ambig, os maricultores esperam o início das atividades do laboratório de reprodução de peixes e a chegada da balsa o começo do processo de mecanização do processo da malacocultura (cultivo de moluscos), conquistada pelo programa Somando Forças com a intervenção da Fundação.

Participaram também da visita a analista do Sebrae, Andriéle Maia; o diretor de Pesquisa e Produção da Fiperj, biólogo marinho Augusto Pereira, e o analista de recursos pesqueiros do Escritório Regional da Costa Verde da Fiperj (com sede em Angra), biólogo André Luiz de Araujo; o diretor da Associação Comercial e Empresarial de Angra dos Reis (Acear), Jader Carlos da Lapa; e o técnico da Secretaria Municipal de Pesca e Aquicultura de Angra dos Reis, Marcelo Lacerda.

Selo – Com vistas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, a Fiperj fechou parceria com a Marine Stewardship Council (MSC, programa de certificação) e a Aquaculture Stewardship Council, a ASC, um dos selos mais conhecidos do mundo e que certificou o pescado nas Olimpíadas de Londres. Para tanto, técnicos da Fundação trabalham em comunidades pesqueiras de todo o estado, apresentando o conceito de certificação e estimulando pescadores e aquicultores a adotarem novas práticas.

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