Peixes de criadouros e camarões poderão custar caro na Semana Santa, tudo por conta do aumento do preço da ração de engorda, como mostra reportagem do Globo Rural.
Nos próximos 40 dias, a procura por peixes aumenta 100%, mas com o alto custo de produção, piscicultores da comunidade rural Cinturão Verde, em Cuiabá, têm dificuldade para atender à demanda. A piscicultura já foi a esperança das 80 famílias que trabalham nessa região, que é propícia à abertura de tanques, já que o lençol freático fica a menos de um metro da superfície. Atualmente, só consegue manter uma boa produção quem tem condições de investir e se reinventar.
A produção está tão baixa que nem a ração atrai os tambatingas. Este ano, entre os cinco criadouros, a piscicultora Maria Dinaura Silva conseguiu colocar só 3 mil peixes, 30% a menos do que poderia produzir. “Porque não tivemos condições de comprar os alevinos, as rações, está muito caro, muito difícil de comprar”, diz.
O último incentivo que a piscicultora teve foi a abertura de um tanque de peixes pela Prefeitura de Cuiabá, que também começou uma escavação no sítio de José Ferreira da Silva e não terminou. “Com isso, não consegui mais como poderia fazer. Então estou esperando a boa vontade”, conta o piscicultor.
Aos poucos, os irmãos Ederaldo e Enoque transformam a chácara da família em um pesqueiro, uma alternativa que eles e muitos piscicultores encontram para suportar o custo de produção e ter um lucro um pouco maior pelo quilo do pescado. “Quando começamos a criar peixes, há cinco anos, a ração custava R$ 22,50 o saco e o peixe nós vendíamos a R$ 8 o quilo. Hoje nós estamos pagando R$ 43 no saco de ração e o peixe está R$ 9 o quilo”, calcula Enoque Gomes Jorge.
Além do preço da ração, a piscicultura na região também tem outros problemas para se preocupar. As estradas estão em péssimas condições e falta suporte técnico para melhorar o trabalho. “Agora nós estamos completamente abandonados. Há três anos nós não recebemos mais um tanque aberto no município, não recebemos um alevino da Prefeitura Municipal de Cuiabá e tanto do Estado também, não recebemos um incentivo de nada”, comenta Everaldo Goulart, presidente da Associação dos Produtores de Peixe (Aspropeixe).
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A Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf) informou que já tem um diagnóstico da situação e pretende discutir e implantar novas estratégias para a piscicultura nos próximos seis meses. O secretário Suelme Fernandes afirma que será dado apoio técnico pela Empaer e também pensa em disponibilizar uma linha de microcrédito que possa subsidiar alguns investimentos iniciais na piscicultura.
“E por último, já começamos um debate sobre a questão de buscar mecanismos fiscais de baratear a ração de peixe, que encareceu muito no Estado, principalmente para fomentar essa cadeia produtiva”, destaca.
A Prefeitura de Cuiabá disse em nota que está auxiliando os piscicultores, inclusive disponibilizando um caminhão para a venda dos peixes. Sobre a estrada, a Secretaria de Obras Públicas aguarda passar o período de chuvas para realizar o tapa buracos.
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