"Antes, era preciso perfurar de quatro a cinco metros para encontrar água. Com a seca por que passamos este ano, se não fosse a barragem, não teríamos água - disse Durval de Souza Filho, produtor parceiro na pesquisa desenvolvida pelo governo estadual.
Uma delegação formada por dez pesquisadores do Ministério da Agricultura da Palestina esteve em microbacias hidrográficas do Norte Fluminense para conhecer unidades de pesquisa participativa implantadas pelo Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura, em parceria com agricultores familiares. A excursão técnica, articulada pelo governo brasileiro e coordenada pelo Departamento de Transferência de Tecnologias da Embrapa, teve como objetivo mostrar tecnologias de manejo sustentável e conservação de solo e água, adaptáveis às condições ambientais e agrícolas palestinas.
Em novembro, a comitiva visitou propriedades rurais nos municípios de São João da Barra e Quissamã, onde o Rio Rural implantou um sistema de produção agroecológica circular, conhecido como “mandala”, e uma barragem subterrânea - que possibilita reservar água sob o solo, para uso na lavoura e pastagem. As duas unidades de pesquisa foram instaladas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio).
Em São João da Barra, o pesquisador José Márcio Ferreira, da Pesagro-Rio, mostrou os resultados de um sistema agroecológico de produção em solo arenoso
" Não usamos agrotóxicos e procuramos diminuir ao mínimo o uso de adubo químico, com o aproveitamento de resíduos orgânicos. O produtor mantém o equilíbrio ambiental em sua plantação e, com um cultivo diversificado, tem renda o ano todo", explicou.
De acordo com o agricultor Sebastião Rangel, o manejo das plantas se tornou mais fácil e rentável com o sistema de cultivo protegido, que também utiliza irrigação e composto orgânico.
"Dá muito menos trabalho e, só na área da mandala, tenho um lucro de mil e duzentos reais", contou.
Fontes para irrigação
Os técnicos palestinos pediram informações adicionais sobre as fontes de água utilizadas na propriedade, compra de sementes, média de precipitação pluviométrica, entre outras questões. Em Quissamã, a delegação conheceu a barragem subterrânea, tecnologia que consiste na impermeabilização de uma área sob o solo, possibilitando o armazenamento de aproximadamente um milhão de litros de água.
"Antes, era preciso perfurar de quatro a cinco metros para encontrar água. Com a seca por que passamos este ano, se não fosse a barragem, não teríamos água", disse Durval de Souza Filho, produtor parceiro na pesquisa.
Nas duas localidades visitadas, os pesquisadores Ênio Fraga, José Ronaldo Macedo e Claudio Capeche, da Embrapa, examinaram perfis de solos e explicaram suas características, bem como tipos de uso e manejo das terras na região.
No encerramento das visitas, os palestinos agradeceram o apoio do governo brasileiro e falaram um pouco da situação de seu país, que sofre com a escassez de água e a situação de insegurança alimentar, devido à dificuldade de abastecimento nas zonas de conflito. Segundo Husam Tyseer, diretor do Departamento de Florestas do Ministério da Agricultura da Palestina, a precipitação de chuvas varia de 100 a 700 milímetros por ano nas regiões do país (índice menor do que no semiárido brasileiro), e o acesso às terras agricultáveis é restrito.
"Ainda estamos buscando nossa liberdade e abundância. Trazemos uma mensagem de paz e uma mensagem de esperança. Queremos um dia também poder recebê-los, em nossa capital, Jerusalém", finalizou.
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