Represa que abastece dois municípios e a capital do estado tem água somente para 20 dias.
Com a falta de chuva e a seca no Espírito Santo, o setor agrícola capixaba acumula perda de mais de R$ 3,6 bilhões ao longo dos dois últimos anos. A redução na produção agrícola de 2015 para 2016, em comparação à safra de 2014, supera dois milhões de toneladas, que representam queda de 30% de toda a produção.
A cafeicultura, a fruticultura e a olericultura amargam as piores perdas. A avaliação do cenário no Espírito santo foi feita com base em estudos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Somente a produção do Café Conilon, tendo como base a produção de 2014, registrou uma queda de 40% na produção, se comparada com a projeção para 2016, e 23% a menos em relação a 2015. Em valores, nos últimos dois anos a seca levou a uma perda de R$ 2,2 bilhões aos cafeicultores capixabas. O número de sacas colhidas reduziu de 9,9 milhões em 2014 para 7,7 milhões em 2015 e 5,9 milhões em 2016. Já a produção do café arábica não sofreu queda no período.
Na fruticultura a perda foi de 434 mil toneladas de produtos como o mamão, laranja, abacaxi, goiaba, maracujá e cacau. Isso representou uma retração no valor de produção em R$ 957 milhões. Para se ter uma ideia do prejuízo, só o mamão teve queda de 56% em sua produção este ano, comparada ao ano de 2014. Ou seja, 144 mil toneladas a menos.
No ramo das oleirícolas, como tomate, cenoura, chuchu, inhame, gengibre, além das folhosas, a perda foi de 78 mil toneladas em 2015 e de 19 mil toneladas em 2016, o que representou a redução de R$ 228 milhões em valor de produção.
Na pecuária de leite serão 30,4 milhões de litros a menos produzidos em 2016 em comparação com 2014, uma queda de 10 milhões de litros do ano passado para este. O balanço da perda da pecuária de leite até agora se refere aos produtos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE), Serviço de Inspeção Municipal (SIM) ou Serviço de Inspeção Federal (SIF).
O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, afirma que o Estado passa pela segunda pior crise da história na agricultura. “A primeira e mais sentida pela população, pois a economia não era diversificada, foi a crise do café na década de 60, quando cafezais foram erradicados para que a produção fosse equiparada ao consumo. E a segunda é a atual, em decorrência da crise hídrica. Nestes três últimos anos de estiagem tivemos a redução de 30% na produção, se comparada à produção de 2014 com a atual, o que representa uma perda de mais de R$ 3,6 bilhões na produção agrícola”, avaliou o secretário.
Octaciano destaca que o Governo está trabalhando para minimizar os impactos da seca para os próximos anos. Além do programa de construção de barragens, que vai garantir a reservação hídrica no futuro, também está em curso o Programa de Reflorestamento e Recuperação de Nascentes.
Programa Estadual de Construção de Barragens
Para minimizar os impactos da falta de chuvas no futuro, o Governo lançou no ano passado o Programa Estadual de Construção de Barragens, que prevê investimentos de R$ 90 milhões para a implantação de mais de 60 reservatórios de água no interior do Estado até 2018, além da retomada das obras da barragem de Pinheiros, a maior do Espírito Santo, da implantação da barragem do Rio Jucu e da construção de outras seis barragens de médio porte por um convênio entre a Seag e a Cesan, órgãos que gerenciam o programa.
Dos 60 reservatórios, 34 serão de usos múltiplos de médio porte no interior do Estado e outras 26 barragens de uso coletivo em assentamentos de trabalhadores rurais capixabas no Norte do Espírito Santo. Estima-se que com a implantação das 60 barragens sejam armazenados 67,2 bilhões de litros de água: o suficiente para abastecer 1,2 milhão de pessoas durante um ano, ou irrigar 22 mil hectares de café.
Caminhões-pipa
Para atender a população de municípios que estão em situação extremamente crítica, a Seag disponibilizou 20 caminhões-pipa. Os veículos estão sendo usados, exclusivamente, para o abastecimento humano.
Certificado Sustentabilidade
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), instituiu o Certificado de Sustentabilidade Quanto ao uso da Água no Espírito Santo. O documento, que tem como público- alvo os produtores rurais, substitui provisoriamente, pelo período de um ano, a outorga para utilização de sistemas de irrigação que sejam sustentáveis nas lavouras.
Produtores rurais atendidos pelo Banestes
O Banestes atende cerca de 6.000 produtores (mês de referência: agosto/2016) com linhas de crédito rural, correspondendo a 8,5% do volume total de crédito rural concedido no Espírito Santo (Fonte: Sisbacen - junho/2016). O volume da carteira de crédito rural do Banestes é de R$ 373 milhões.
Com a finalidade de adequar as condições de amortização das dívidas à efetiva capacidade de pagamento dos produtores rurais, o Banestes se antecipou às medidas adotadas pelo Conselho Monetário Nacional. Desde outubro de 2015, o Banestes adotou condições similares às definidas na Resolução 4.519, do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 14/09/2016, que trata da possibilidade de os produtores renegociarem as suas operações de crédito rural. Em resumo, tais medidas já foram adotadas em ampla escala no Banestes, analisando a situação de cada cliente.
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