Iniciativa visa melhorar o abastecimento de alimentos e apoiar os agricultores familiares e prevê escolta permanente para escoar produção no interior.
As secretarias estaduais de Agricultura e da Casa Civil vão atuar integradas com o Gabinete de Gestão de Crise, criado para o monitoramento da greve dos caminhoneiros, nas estratégias para possibilitar a retomada do abastecimento à população fluminense, especialmente de alimentos da produção rural do estado.
A participação foi acertada hoje durante reunião do Comitê, no Centro Integrado de Comando e Controle, no Centro do Rio de Janeiro, com as presenças do secretário de Agricultura, Alex Grillo, presidente da Emater-Rio, Stella Romanos, representantes da Ceasa/RJ, Gabinete Civil, Alerj, Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militar e Civil do Estado.
Na ocasião, foram definidas ações para melhorar o abastecimento de alimentos e apoiar os agricultores familiares do estado, que estão sofrendo graves prejuízos, sem condições de escoar suas produções para os mercados consumidores.
De acordo com o subsecretário de Comando e Controle, Rodrigo de Souza, o desabastecimento de gêneros alimentícios também configura ausência de serviços essenciais para a população.
"Esse conceito não pode se restringir a caminhões com medicamentos, por exemplo. Há toda uma engrenagem que envolve alimentos para hospitais, merenda escolar e presídios, que precisa ser retomada", afirmou.
Para o secretário de Agricultura, Alex Grillo, o movimento dos caminhoneiros já está com sua pauta de reivindicação em análise, mas a prioridade da Agricultura é fazer com que os agricultores consigam acessar os mercados e centrais de abastecimento.
"De forma integrada vamos atuar na identificação dos gargalos para essa distribuição e possibilitar, mediante escolta da Força Nacional, que os caminhões cheguem com os produtos agrícolas e proteína animal aos seus destinos", concluiu ele.
Por conta da chegada de muitos caminhões na Ceasa do Rio - Irajá e Colubandê - e na Cadeg, os pequenos "sacolões" começaram a receber frutas e legumes. Na Ilha do Governador, como mostramos pela manhã em uma reportagem feita no sacolão existente na esquina das ruas Comendador Bastos e Magno Martins, na Freguesia, a situação parece estar voltando ao normal. Pela manhã eles conseguiram vender verduras e agora à noite, chegaram alguns legumes, frutas e alho. Os preços de alguns dessses alimento não estão convidativos, mas dá para quebrar o galho. Para esta quinta-feira, feriado de Corpus Christi, os funcionários estão esperando a chegada de mais alimentos, como bata e até ovos de galinha e codorna. Veja no vídeo feito às 19h desta quinta-feira (30/5).
Sem ração também, o que é mais grave, mais de 3 mil galinhas morrem de fome em granja de Descalvado, SP. Fazenda não recebe alimentação para as aves há uma semana devido à greve dos caminhoneiros. Elas também estão botando ovos sem casca, o que também gera perda de produção.
Mais de 3 mil galinhas de uma granja de Descalvado (SP) já morreram de fome desde que iniciou a greve dos caminhoneiros, que nesta quarta-feira (29) completa nove dias. As aves também estão botando ovos sem casca, o que também gera perda de produção. Há uma semana, a fazenda no interior de São Paulo não recebe ração para os animais. As galinhas lutam para sobreviver e, com fome, uma ave até bica a outra.
Desde que começou a faltar a ração, a rotina na granja tem sido a mesma. Os funcionários fazem a vistoria nas gaiolas e encontram muitos animais mortos. Se a situação não melhorar, os produtores vão doar as galinhas vivas.
Além de prejudicar o abastecimento do mercado, a morte de galinhas traz riscos para o ambiente e para a saúde pública, já que nem sempre há o que fazer com a carcaça dos animais que apodrecem e contaminam contaminando o solo.
Animais sacrificados
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos devem morrer nos próximos cinco dias se não receberem a alimentação adequada, transportada pelos caminhões atualmente paratos.
Ainda de acordo com a associação, 64 milhões de aves já foram sacrificadas em razão dos impactos provocados pela greve.
Descarte de leite
Em Descalvado, muitos produtores estão estocando o leite em caminhões. O problema é que os veículos não conseguem pegar a estrada para escoar a produção. Caso a situação não se normalize, o produto também terá que ser descartado.
De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), cerca de 35 milhões de litros de leite estão sendo descartados todos os dias, desses, 2 milhões são apenas do estado de São Paulo.
Segundo o produtor rural e vice-presidente da Abraleite, Roberto Jank, a situação do interior paulista é parecida com a do restante do país. Com a ração acabando, ele tem menos da metade para alimentar cerca de seis mil vacas leiteiras em uma fazenda de Descalvado.
O produtor diminuiu a comida, mesmo assim o estoque não dura muito tempo. Ele ressaltou que alguns ingredientes acabam em três dias, como minerais e farelo de soja.
“O produtor está perdendo todo o faturamento. Ele não pode parar de gastar porque as vacas precisam ser ordenhadas, então ele ordenha e joga fora. Não tem como doar porque não é permitido pela lei doar alimento cru, é uma perda total”, disse.
Fonte EPTV
Deve piorar a atividade econômica e levar a aumentos de preço, dizem analistas.
Bloqueio dos caminhoneiros em todo o país obrigou uma série de empresas a interromper as atividades e provocou escassez de produtos. Economistas dizem que impacto econômico é certo.
A greve dos caminhoneiros deve trazer dois impactos para a economia brasileira: a piora da atividade econômica e um efeito pontual de aumento nos índices de inflação de maio.Os economistas consultados pelo Portal G1 dizem que ainda é cedo para dimensionar o tamanho do impacto causado pelo movimento que se espalhou pelo País - até porque não é possível precisar qual será a duração do protesto -, mas dizem que é certo que eles terão reflexos econômicos.
O movimento obrigou uma série de empresas a interromper as atividades. O caso mais emblemático foi o das montadoras: na sexta-feira elas pararam as fábricas por causa da falta de peças e problemas de logística.
“Claramente esse movimento traz um efeito negativo para a economia”, afirma a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.
“Os efeitos mais evidentes serão em toda a linha de produção da indústria, mas até mesmo em serviços deve respingar, como no segmento de transporte”, diz.
A piora de perspectiva para o cenário econômico por causa da greve dos caminhoneiros ocorre num momento bastante delicado. Os números divulgados até agora mostram que o desempenho da economia está mais fraco do que o esperado, o que já levou os analistas a reduzirem a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
No último relatório Focus, do Banco Central, os analistas consultados esperam um crescimento de 2,50% em 2018. Há quatro semanas, a expectativa era de alta de 2,75%.
“Se essa situação se prolongar, ela já começa em colocar em risco até o crescimento de cerca de 2,5% que se esperava para o fechamento de 2018”, afirma o sócio-diretor da consultoria MacroSector, Fabio Silveira.
Na sexta-feira (25), o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, admitiu que a greve tem um impacto muito relevante na economia.
Preços devem ter impacto pontual
Parte dos analistas também espera um impacto pontual na inflação. A greve provocou escassez de vários produtos, o que levou a um aumento recente dos preços de alimentos e combustíveis. Quando há falta de oferta de produtos, a tendência no mercado é de alta de preços. Se a greve afetar outros setores, outros segmentos também poderão ser afetados.
"É bastante possível que essa greve traga impactos no curto prazo", afirma o economista da consultoria GO Associados.
“Por causa da escassez, os preços de alimentos e combustíveis devem ser os mais impactados.”
O aumento esperado para a inflação, no entanto, não deve alterar as projeções para o ano . Com a fraqueza da economia, a inflação de serviços está mais baixa do que o esperado e, portanto, há margem de manobra para absorver qualquer choque pontual.
A GO Associados, por exemplo, espera que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio fique em 0,22% - a projeção não inclui os impactos da greve - e encerre o ano em 3,6%, bemabaixo da meta do governo, que é 4,5%.
Os efeitos na economia causados pela greve podem ser mitigados se o movimento tiver uma curta duração, segundo os analistas. Se isso ocorrer, é provável que os indicadores de junho tenham um desempenho acima do esperado e possam compensar parte das perdas de maio na produção e o aumento pontual da inflação.
Supermercados Guanabara vende tomate por R$ 9,20 o quilo e é notificado a comprovar aumento de preço do fornecedor.
Oito postos de gasolina e oito supermercados foram notificados pelo Procon Carioca a apresentar as notas fiscais de pagamento a fornecedores. A exigência foi feita a partir da verificação de indício de prática de preços abusivos ao consumidor final. Os estabelecimentos poderão ser multados se não comprovarem o aumento proporcional dos valores pagos aos fornecedores aos praticados nas bombas de combustível e nas gôndolas dos mercados.
— Estamos solicitando os preços de todo o mês de maio. Se for constatado aumento abusivo, o estabelecimento será multado, pois isso é uma afronta ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), que, no artigo 39, inciso X, proíbe a elevação do preço sem justa causa — disse a presidente do Procon Carioca, Márcia Mattos.
A fiscalização, que continua até que o abastecimento seja normalizado, encontrou tomate á venda por R$ 9,20 o quilo, no Supermercado Guanabara, da Tijuca, e batata iglesa por R$ 7,99, no Supermarket do mesmo bairro. Foram notificados ainda duas filiais do Superprix, duas da rede Extra e duas do Mundial, todos na Tijuca.
Entre os postos notificados pelo Procon Carioca, três são da BR, localizados no entorno da Praça da Bandeira, quatro são da Shell, sendo dois na Tijuca e dois no Estácio, e um da Ipiringa, um localizado no Estácio e um da Shell, no mesmo bairro.
Márcia lembra que é fundamental que os consumidores exijam a nota fiscal discriminada, no caso dos postos, com o valor por litro, para comprovação dos preços abusivos. Ela orientam ainda que as denúncias sejam feitas pelas redes sociais do Procon Carioca e pelo telefone 1746.
A fiscalização, informa a presidente do Procon Carioca, continuará até que esteja normalizado o abastecimento na cidade. As empresas notificadas têm até 11 de junho para apresentar a sua defesa.
O coentro custava R$ 4 e está sendo vendido a R $8 e a banana prata, que custava R$ 6, está custando R$ 15 o cacho. Nos hortifrutis, o quiabo chegou a quase R$ 20.
Foto Wilson Alves Cordeiro-Tijuca- RJ
No sétimo dia da greve dos caminhoneiros, os reflexos da falta de alimentos nas bancas de feiras livres do Rio são ainda mais evidentes. A tradicional feira na Rua Lineu de Paula Machado, no Jardim Botânico, Zona Sul, teve baixa movimentação na manhã deste domingo (27/5). As hortaliças estão mais que o dobro do preço e frutas como a banana, por exemplo, são comercializadas com o preço quase três vezes maior.
O vendedor de coco, Alberto Gonçalves, de 58 anos, trabalha há mais de 40 anos na feira e garante que nunca viu uma situação tão crítica.
“Eu não gosto de trabalhar assim não. Não tem nada. Olha meu carro como está vazio. Se continuar isso aí, não sei como vai ser não. Vamos rezar para melhorar isso. O coco aumentou na roça R$2. Eu pegava R$2, agora estou pagando R$4. Nunca vi uma coisa assim. Hortaliça então, está impossível. Só quem tem Horta em casa mesmo. Está feia a coisa", conta.
A cliente Célia Souza, de 66 anos, disse que veio pesquisar os preços e se assustou com os valores cobrados. "Banana R$15 ? Onde já se viu? O preço está três vezes mais caro. Estou levando ovos porque ainda está com preço normal. Mas tem muita coisa que deixei de comprar aqui", lamenta.
O G1 percorreu a feira e percebeu um aumento no valor das verduras e frutas. A couve, que normalmente custa uma média de R$4, segundo uma cliente, estava custando R$10 na feira. O coentro está custando R$8. Em dias normais, o produto não passaria dos R$4, segundo o feirante.
A banana prata era vendida por R$15. Sem a greve, e com os caminhões conseguindo abastecer os feirantes, a mesma banana custaria R$6 a dúzia. Em alguns locais era vendida por R$ 8 o quilo.
Situação da indústria de carnes é caótica por greve de caminhoneiros, normalização levará 2 meses, diz ABPA.
A situação da indústria de proteína animal por causa da greve dos caminhoneiros é caótica e a normalização do setor deve levar até dois meses após o término do movimento grevista, que já dura uma semana, disse neste domingo a Associação Brasileira de Proteína Animal.
O setor registrava neste domingo 167 plantas frigoríficas de aves e suínos paradas, com mais de 234 mil trabalhadores com as atividades suspensas. Cerca de 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram e um número maior dever ser sacrificado em atendimento às regras da Organização Mundial de Saúde Animal e das normas sanitárias vigentes no Brasil, segundo a associação.
"Diante desse quadro de calamidade no setor, apelamos para a sensibilidade das lideranças do movimento grevista dos caminhoneiros, da Polícia Federal, das polícias estaduais e municipais pela liberação da passagem dos caminhões carregados com ração, cargas vivas, carnes e outros alimentos em caminhões frigoríficos", disse a ABPA em carta aberta, que seria protocolada no Palácio do Planalto neste domingo.
Os caminhoneiros entraram em greve na segunda-feira contra o preço do diesel, com o bloqueio de estradas, levando ao desabastecimento de combustíveis e de outros produtos em todo o país.
"O desabastecimento de alimentos para o consumidor também já é fato, uma vez que milhares de toneladas de carnes e outros produtos deixaram de ser transportados para os centros de distribuição desde o dia 21 de maio", disse a associação.
"Após o final da greve, a regularização do abastecimento de alimentos para a população poderá levar até dois meses!"
Além dos problemas de desabastecimento no mercado doméstico, a indústria de proteína animal disse que aproximadamente 100 mil toneladas de carne de aves e de suínos deixaram de ser exportadas na última semana.
"O impacto na balança comercial já é estimado em 350 milhões de dólares", disse a ABPA.
A mortandade cria uma grave barreira para a recuperação da produção do setor nas próximas semanas e meses, disse a ABPA, acrescentando que os preços dos produtos podem subir.
Fonte Extra/Reuters