segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Alho nacional derruba vendas de similar chinês e argentino

Segundo a CeasaMinas, o alimento indispensável em qualquer cozinha do mundo é dica de consumo com queda de 35,2% no preço. O produto nacional teve participação recorde nas vendas no atacado.

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Um dos ingredientes mais clássicos da culinária, o alho apresentou queda de 35,2% em janeiro deste ano na comparação com o mesmo período de 2017. No atacado do entreposto de Contagem da CeasaMinas, o produto fechou o mês passado em R$ 7,36/kg perante R$ 11,35/kg em janeiro de 2017. O bom momento para quem compra alho vem se mantendo desde o último mês de setembro, quando teve início a trajetória de reduções de preços.

                 Colheita do alho brasileiro
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A principal causa das quedas de preço tem sido o aumento de 40% na participação do alho nacional no atacado em 2017, o que reduziu a importância das variedades importadas da China e Argentina no volume total. A explicação é do chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, segundo o qual a maior oferta nacional é resultado, por sua vez, do aumento dos plantios, já que muitos produtores foram estimulados em razão dos preços maiores praticados em 2016.

Para se ter uma ideia, em 2016 o alho nacional foi comercializado, em média, a R$ 14,28/kg, frente a R$ 10,71/kg em 2017, no atacado da CeasaMinas. Já a variedade importada ficou em R$ 14,64/kg em 2016, perante R$ 11,79/kg em 2017.

Na empresa Alho Campeão, uma das atacadistas especializadas no comércio desse produto no entreposto de Contagem, os preços variam de acordo com a classificação de cada tamanho da hortaliça, oscilando de R$ 75 para a classificação 5 (menor) a R$ 85 para a 7 (maior), referentes à caixa de dez quilos. “São preços baixos. No mesmo o período do ano passado, o preço médio do alho estava R$ 170, aproximadamente o dobro do atual, portanto”, afirma o vendedor da empresa Moisés José da Cunha.

Ele também aponta os preços mais altos na safra anterior como causa para a maior oferta do alho nacional. “Até mesmo produtores de municípios mineiros como Lagoa Dourada e Barbacena, que não tem tradição na produção de alho, estão mandando esse produto para o mercado”, explica.

Cunha explica que a oferta de alho vinda de Minas Gerais e de Goiás se concentra entre julho e dezembro. “A oferta do alhos desses estados já era para estar menor em janeiro, mas neste ano não tem sido assim. A partir de agora e durante quatro meses teremos a oferta dos produtos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina”, destaca.

Outro fator que, de acordo com ele, tem contribuído para achatar os preços é a presença do alho chinês, que entra no mercado com preço menor que o nacional. “Mas nós temos clientes que não abrem mão de levar o alho produzido no país”, afirma.

Margem restrita

Produtor de alho há cerca de 50 anos, Messias Lobo Sales, comercializa a produção vinda de Capim Branco (MG), a 54 quilômetros da capital, na CeasaMinas em Contagem.

Ele reclama que o preço praticado hoje está bem próximo dos custos de produção, o que deixa uma margem de ganho muito pequena para o produtor. “A caixa de 10 kg está a R$ 80, em média. No mesmo período do ano passado, eu vendia a mesma quantidade por R$ 120. O custo por caixa para produzir e trazer para comercializar fica em torno de R$ 70”, explica.

Segundo o calendário de sazonalidade da CeasaMinas, baseado no histórico de comercialização, os preços menores devem continuar até abril, com tendência de alta somente entre maio e agosto.

De olho na praticidade

Na CeasaMinas, é comum encontrar também a versão descascada do alho, vendida em sacos menores de um quilo, o que acaba sendo uma alternativa de rentabilidade para muitos produtores e empresas. A estratégia é oferecer praticidade ao cliente, visando os estabelecimentos do chamado food service, que inclui restaurantes, bares e lanchonetes, por exemplo. Já o alho inteiro, vendido em caixas, tem como destino principal o segmento dos supermercados e sacolões, conforme explica Moisés Cunha, da Alho Campeão. Em sua loja, o quilo da hortaliça descascada era vendido a R$ 8 na semana passada.

Aliado contra gripes e resfriados

Desde os povos antigos, o alho era considerado planta medicinal, em especial contra gripes e resfriados. O que já era de conhecimento ancestral, foi atestado pela ciência moderna. Um estudo de 12 semanas, publicado em 2001 no Reino Unido, revelou que um suplemento diário de alho administrado em voluntários reduziu o número de resfriados em 63% em comparação com aqueles que haviam tomado um placebo. A duração média dos sintomas de resfriamento também foi reduzida em 70%, de 5 dias para os o grupo do placebo para apenas 1,5 dias no grupo do alho. 

Outro estudo, publicado em 2012 pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, descobriu que uma alta dose de extrato de alho (2.56 gramas por dia) pode reduzir o número de dias de doentes com resfriado ou gripe em 61%. 

Outros vários benefícios são atribuídos ao alho, entre eles estão o de ativar a circulação do sangue; destruir bactérias patogênicas nos intestinos, sem qualquer efeito sobre os organismos benéficos que auxiliam a digestão e o de aumentar a resistência a infecções virais, dentre outros.

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