Versátil na culinária, a fruta fica 13% mais barato no ano, de acordo com a Ceasa de Minas Gerais.
Há certo tempo, ele já não é utilizado apenas em sobremesas e vitaminas. Presente em pratos doces e salgados, o abacate é também destaque no atacado da CeasaMinas, onde o preço médio do quilo ficou 13% mais baixo em junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Já a quantidade ofertada foi de 767 toneladas, valor 15,7% maior que em 2015. Além de favorável ao consumidor, a época abre oportunidades aos produtores, que têm se beneficiado principalmente da demanda de outros estados, como os do Nordeste.
Um dos fatores que influenciaram a alta da oferta em relação a 2015, e sua conseqüente queda de preço, foi o clima mais seco nas regiões produtoras em 2014, o que comprometeu o período de floração para a colheita do ano seguinte.
Já no comparativo mensal de junho em relação a maio deste ano, mesmo estando em plena safra, o volume ofertado do abacate apresentou queda de 16%. Essa redução pode ser explicada pela maior destinação da fruta para a venda direta no campo, principalmente para compradores de municípios do Nordeste, conforme explica Geraldo Majela Salgueiro, produtor de abacate de Itaverava (MG). Isso evitou o excesso de oferta no MLP.
?Se não fosse a venda direta no campo, hoje a caixa de 18 kg de abacate estaria sendo vendida a R$ 5 no atacado do MLP, o que prejudicaria o produtor?, acredita. O preço médio da caixa no atacado em junho de 2016 ficou em torno de R$ 30.
O produtor Vander Aparecido Neri, de Bonfim (MG), é outro que utiliza a venda direta no campo, além de apostar na diversificação de cultivos, como forma de garantir rentabilidade.
Ele conta que também comercializa abóbora, goiaba e maracujá doce como alternativas, frente às oscilações do mercado. ?O produtor inteligente faz isso: se não ganha com um produto, ganha com outro?.
Segundo Ricardo Martins, chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, a destinação para outros estados, por venda direta no campo, é também opção principalmente quando há uma redução da demanda na CeasaMinas por algum produto. No mercado de frutas, por exemplo, a queda na procura é comum nos dias mais frios.
Um aliado da saúde
Geraldo Majela observa que a demanda por abacate aumentou principalmente nos últimos dois anos. Para ele, a procura está ligada à maior divulgação dos benefícios da fruta para a saúde. ?Depois que divulgaram na TV que o abacate faz bem, sacolões que compravam antes duas caixas por vez, hoje levam 15?, afirma.
De fato, o abacate é um excelente aliado da saúde, conforme ressalta Rita de Cássia Ribeiro, professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). ?Ao analisarmos a composição do abacate, observa-se uma quantidade muito boa de fibras alimentares, e uma baixa quantidade de gorduras saturadas, o que é muito positivo?, explica.
Conforme a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, a cada 100g da parte comestível do abacate há 96 kcal; 1,2g de proteínas; 8,4g de gorduras; 6g de carboidratos e 6,3g de fibras alimentares. ?Desses 8,4g de gorduras apenas 2,3g são saturadas. Como qualquer produto de origem vegetal não tem colesterol?, explica Rita.
O abacate sempre levou fama de ser uma fruta que engorda. Segundo Rita, esse mito está relacionado ao teor de gordura, que realmente é maior do que muitas outras frutas. ?Entretanto, a obesidade está relacionada a um conjunto de hábitos alimentares e de saúde inadequados, e por isso não se deve atribuir a apenas um alimento a causa do problema?.
A professora também explica que o abacate não é indigesto. Na realidade, o seu teor de gorduras torna o processo digestivo mais lento, o que pode trazer mais saciedade após o consumo.