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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Brasil tem alimentos com risco de extinção

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Você conhece arroz vermelho, baunilha do cerrado e o trigo crioulo?  Que tal termos alimentos bons, limpos e justos? São perguntas que estão sendo respondidas por projeto do governo federal.  O CeasaCompras está caminhando com o movimento Slow Food.

É comum encontrar diferentes pacotes de arroz branco nos supermercados, mas você sabia que existe arroz vermelho? O produto, assim como a baunilha do cerrado e o milho crioulo, não é tão comum em gôndolas ou mercearias. Mas estes são apenas alguns dos variados produtos brasileiros que estão na lista de alimentos que correm o risco de serem extintos. 

A catalogação deles está inserida em um projeto chamado "Arca do Gosto", que, por sua vez, faz parte do plano “Alimentos bons, limpos e justos”, uma parceria da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead) com o movimento Slow Food, a Universidade Federal de Santa Catarina e uma rede de universidades.

Mas o que seria um alimento bom, limpo e justo? 

De acordo com o movimento Slow Food, muitos modos de produção são nocivos ao meio ambiente e aos seus habitantes. O alimento ser bom, limpo e justo está ligado ao gosto, ao aroma, ao respeito com o meio ambiente e à valorização do trabalho em volta daquele alimento.

Para a consultora para o Slow Food da Sead, Nadiella Monteiro, a ideia é fugir dos padrões de consumir apenas alimentos já conhecidos como, por exemplo o arroz branco, e abrir espaço também para sabores únicos, como arroz vermelho ou queijo Minas artesanal. Além disso, o projeto ainda busca fortalecer a agricultura familiar através da filosofia do Slow Food. “A ideia do projeto é conseguir identificar, na nossa agricultura familiar, quem produz de forma boa, limpa e justa. E conseguir qualificar, reconhecer, identificar, ajudar de forma que ele seja valorizado”, diz.

O projeto tem passos distintos a serem seguidos. O primeiro é a Arca do Gosto, que é um catálogo mundial para a divulgação de alimentos que com o tempo estão sendo esquecidos. “A Arca do Gosto é uma espécie de Arca de Noé. A ideia de que vai vir uma inundação e todos vão se perder e a arca vai proteger. O catálogo tem a função de chamar atenção, mostrar que há alimentos com características distintas que estão sumindo”, explica Nadiella Monteiro.

Qualquer pessoa pode indicar um alimento para a Arca. Basta acessar o site do Slow Food e preencher este formulário que está neste link. Depois o alimento vai passar pela análise de uma série de critérios, como a tradicionalidade e a dificuldade de ser encontrado no mercado. Podem ser indicados não só matérias-primas, mas também espécie e variedades vegetais, raças animais domesticadas, além de alimentos com técnicas tradicionais de produção.

Depois de catalogados, é preciso saber onde eles estão. Para isso, o segundo passo do projeto é a formação das Comunidades do Alimento. As comunidades são o agrupamento de todos os atores da cadeia produtiva. É identificado desde o agricultor que produz até o consumidor.

Em seguida, formam-se as chamadas Fortalezas, nas quais a equipe busca fortalecer os produtos que estão prestes a serem extintos. Ela organiza os produtores e procura entender o mercado para incluí-los.

A Arca está cada vez mais cheia, já são mais de 100 alimentos brasileiros no embarque. As comunidades estão sendo identificadas e já há um trabalho de aproximação sendo feito nas Fortalezas. Além desses passos, as instituições também oferecem capacitação em ecogastronomia a jovens rurais e se dedicam a um trabalho de divulgação, para que as informações cheguem aos consumidores.

Segundo Nadiella Monteiro, a meta é continuar colocando os produtos na Arca e identificando as comunidades. O objetivo é chegar em 27 Fortalezas. “Também queremos levar essas Fortalezas para o mercado, para as feiras, para os produtos serem vistos. Afinal, o consumidor é quem define se o alimento vai ser extinto ou não. Se ele não sabe que existe, vai sempre comprar a mesma coisa”, ressalta.

A consultora ainda explica que o projeto cuida não só dos alimentos, mas também do agricultor. “São alimentos que têm valor para ele, mas não são valorizados financeiramente. Nosso trabalho é fazer essa transformação e dizer que tem valor, que tem gente que quer comprar e pagar bem. Comida não é só commodities, comida tem história, tem afetividade”. Nadiella afirma que não se deve deixar esses produtos sumirem das prateleiras. É preciso incentivar os agricultores a continuar produzindo, mas também colocá-los no mercado, pois o retorno financeiro é necessário.

Slow Food

Um dos grandes atores do projeto é o movimento internacional Slow Food, cujo princípio básico é o prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais, cultivados de uma forma que não agrida o meio ambiente e as pessoas que os produzem. O movimento se opõe à padronização dos alimentos no mundo e visa defender a biodiversidade na cadeia de distribuição alimentar, educar o gosto e aproximar os produtores dos consumidores.

O presidente da Associação Slow Food no Brasil, Georges Schnyder, afirma que é de extrema importância essa parceria com o Governo Federal. Para ele, a Sead e o movimento querem a mesma coisa: fortalecer a agricultura familiar e também os alimentos bons, limpos e justos – trazê-los para a mesa do brasileiro e do mundo.

Schnyder ainda destaca que a agricultura familiar é fundamental para a preservação da biodiversidade brasileira. “Hoje o Brasil talvez seja uma das regiões do mundo que o Slow Food tenha mais atuação e tem maior trabalho a ser feito. Há uma contraposição muito forte entre a biodiversidade e a agricultura industrial praticada no país”. Para ele, a família protege não só a própria produção, mas também o seu entorno.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Produção e venda de alimentos orgânicos "contamina" Europa

Na França, os consumidores movimentam um mercado anual de E 5 bilhões e que cresce a taxas de 15% ao ano, segundo a revista Dinheiro Rural.

                

Quase 26,5 mil fazendas da França se dedicam à agricultura orgânica. Elas respondem por 5,6% da produção agropecuária do país e por 7% dos empregos do setor agrícola. Animados com a demanda crescente do consumo, a participação dos produtores franceses nesse sistema cresce ano a ano. 

A atual área de culturas, como as de frutas, legumes, verduras, ovos e carnes, ocupa 1,1 milhão de hectares, de acordo com os dados de 2104, os mais recentes publicados pela Agence Bio, órgão oficial francês. “Entre 2010 e 2015 passamos de dez mil produtores para 30 mil”, diz Julien Adda, delegado geral da Fédération Nationale d’Agriculture Biologique (FNAB). “No período, a área de cultivo praticamente dobrou.  Já o número de fazendas orgânicas aumenta todo ano.”  De 2014 para 2015, o crescimento foi de 23%.

Nos países da União Europeia há 257,3 mil fazendas orgânicas, com cerca de 10,3 milhões de hectares em produção. A França tem se destacado entre os primeiros lugares, em todos os índices relacionados à produção. Em área, por exemplo, ocupa o terceiro lugar, atrás da Espanha, com 1,6 milhão de hectares, e da Itália, com 1,3 milhão. No processamento de alimentos, no entanto, ela é a número um: possui 9,3 mil processadores, seguida por Alemanha e Itália.

O avanço do mercado tem relação direta com a crescente demanda do consumidor por boas práticas de produção. Não por acaso, em 2014 esse mercado faturou E 25,3 bilhões na Europa. Na França, o valor chegou a 5 bilhões, com um crescimento anual de até 15% nas últimas safras. “Com a crise econômica e a queda de preços no setor agropecuário convencional, agregar valor com os orgânicos é um passo interessante para equilibrar as finanças da fazenda”, diz Adda. Em geral, um produto orgânico é vendido por preços 30% superiores.

"Os orgânicos são importantes não apenas para os produtores, mas também para a população urbana” Julien Adda, delegado geral da FNAB

Além disso, do total de Euros (10 bilhões) em subsídios para os agricultores franceses, E 160 milhões têm ido para a agricultura orgânica. “Não há distinção em relação aos recursos para os dois sistemas de produção, mas há incentivos específicos para o processo de conversão”, diz Adda. 

No caso das lavouras de cereais, por exemplo, essa verba anual é de E 300 por hectare, por produtor.  Terminada a colheita, a maior parte dos alimentos é vendida em redes de supermercado, em lojas especializadas e diretamente pelo produtor.  Há feiras livres em Paris, por exemplo, exclusivas para os orgânicos. Uma das estratégias dos produtores para atrair o público tem sido deixar que os consumidores montem as suas próprias cestas e paguem de acordo com o peso. 

A ideia é que ao dar poder ao consumidor o mercado fica ainda mais estimulado. “Os orgânicos são importantes não apenas para os agricultores, mas também para a população urbana”, afirma Adda. “É uma demanda que precisa ser atendida.”