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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Alface em abundância no Norte de Minas



Em Claro dos Poções, cidade localizada a 495 km de Belo Horizonte, a agricultura familiar é uma das principais atividades exercidas. Neste setor, a horticultura vem ganhando destaque, graças à crescente produção e qualidade das hortaliças. Um exemplo são os 7 hectares de plantio principalmente de alfaces na propriedade do Floreano Rodrigues da Silva, mais conhecido como ?seu Floreano?, na comunidade rural de Riacho.

O sucesso da plantação do seu Floreano está centrado em três pilares. Trabalho, assistência técnica e amor pelo que faz. ?Com ajuda de filhos e alguns amigos que trabalham na propriedade, só de alface, colhemos de 600 a 900 pés de alface por dia?, conta. Ele diz que a produção é entregue para variados pontos da região Norte mineira.
Segundo o agricultor, que atualmente trabalha com alface (roxa, crespa e americana), cebolinha, coentro, couve, rúcula entre outras hortaliças, a ajuda da Emater-MG foi muito importante para seu negócio dar certo. ?Os técnicos (extensionistas) me ensinaram que para irrigar a plantação, a melhor opção é o gotejamento e a microaspersão, pois essa alternativa ajuda a diminuir quase 50% do consumo de água e de energia?, comenta. Seu Floriano diz ainda que ou outro segredo do seu sucesso é bem pessoal: ?Amar aquilo que eu faço.?

Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater)

A Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) promove a inovação na agricultura familiar conveniando com a extensão rural e a pesquisa agropecuária por entender que é necessário integrar esses serviços na ação junto aos agricultores familiares. Assim são maiores as chances de aumentar a eficiência e a sustentabilidade dos sistemas de produção e beneficiamento. ?A construção de conhecimento e tecnologia ocorre de forma conjunta: Ater, pesquisa e agricultores. E nas condições reais das unidades produtivas ou dos empreendimentos familiares, é o caminho mais seguro para atender as reais necessidades dentro das possibilidades de cada situação?, explica o coordenador de Inovação e Metodologia da Sead, Hur Ben Correa da Silva.

Da construção civil para a agricultura

O técnico da Emater-MG em Claro dos Poções, Manoel Cardozo, foi o responsável por acompanhar o trabalho na propriedade do agricultor Floriano desde o início. Ele apresentou as politicas públicas do Governo Federal para melhorar a propriedade do agricultor.

?No inicio, seu Floreano atuava no ramo da construção civil, mas, em 2012, ele resolveu investir no segmento da agricultura familiar e utilizou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), por meio da linha de crédito do Pronaf Semiárido, no valor de R$ 12 mil, para iniciar a horticultura. Além do Pronaf Semiárido, em 2015, ele recorreu ao Pronaf Mais Alimentos para aquisição de sua caminhonete?, explica Manoel Cardozo.

Como estímulo para a agricultura familiar, o Plano Safra 2016-2017, que nessa edição disponibiliza R$ 30 bilhões para o crédito rural, os juros são bem abaixo das práticas do mercado.

Vinhas começam a "brotar" na Região dos Lagos, no Rio

Produtor adota técnicas agroecológicas e festeja o cultivo de videiras na Baixada Litorânea fluminense.

            

Quando se fala em produção de uvas no Brasil, automaticamente lembramos das paisagens de clima frio no sul do país, onde o cultivo ficou conhecido, principalmente, em razão da colonização italiana. Cem anos depois, as videiras ganharam espaço na zona rural de outros estados, de clima mais quente, como o Rio de Janeiro. E o mais inusitado: agora as parreiras estão carregadas de cores e aromas a menos de 20 quilômetros das praias fluminenses.

Vários motivos explicam essa novidade: a escolha da variedade adequada à região, o estudo da qualidade da água, bem como a fertilidade e conservação do solo.

- Geralmente, a vegetação de cobertura das plantações de uva são baixinhas. Na Região dos Lagos, o produtor faz apenas a roçada. As plantas espontâneas, habitualmente descartadas, são reutilizadas, pois vão formar uma camada que protege e nutre a terra, garantindo mais saúde para as videiras - explica Cíntia Cruz, extensionista rural da Emater-Rio e técnica executora do Rio Rural, programa da secretaria estadual de Agricultura, que promove a sustentabilidade nas lavouras fluminenses.

- As pessoas não acreditavam que seria possível produzir uvas nessa região. Hoje, estão encantadas. Vem gente de várias cidades fazer visitação - comemora o agricultor Márcio Parud, do sítio Recanto da Uva, na zona rural de Rio das Ostras, Região dos Lagos Fluminense. Márcio está no terceiro ano de cultivo da uva Niágara Rosada, uma das mais populares nas prateleiras dos supermercados. Ele produz duas toneladas do fruto por ano.

Combate às pragas

O viticultor se prepara para fazer em breve a transição agroecológica, processo de passagem da agricultura tradicional para o cultivo com tecnologias de base ecológica. Uma das técnicas que ele vem adotando com sucesso é o monitoramento integrado de controle de pragas e doenças. A ideia é diminuir gradativamente o uso de produtos químicos na lavoura. Sempre que necessário, soluções alternativas de controle de pragas são utilizadas. Um exemplo é calda bordalesa, mistura de água, cal virgem e sulfato de cobre.

- Todo dia observo as folhas para ver se aparecem fungos. Se for algo pequeno, retiro a folha para não contaminar as outras. Se tiver potencial de causar prejuízo financeiro, uso fungicida, mas tenho aumentando mais o intervalo entre as aplicações. Uma coisa é certa: a calda bordalesa é bem melhor para o meio ambiente - argumenta o produtor.

O uso de caldas alternativas é uma das práticas incentivadas pelo Rio Rural que, além de ser ecologicamente recomendável, reduz os custos de produção.

- Uma vez que o agricultor familiar deixa de fazer as aplicações contínuas de agrotóxicos, ele economiza, pois diminui a mão de obra e também porque deixa de comprar os defensivos em grande escala. Além disso, as caldas alternativas não agridem os lençóis freáticos. O uso sustentável da terra é garantia de mais água para todos - ressalta o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.

Neto de pescadores e agricultores, Márcio Parud se preocupa com a questão ambiental também em razão do público consumidor. A ideia dele não é levar mais pessoas ao supermercado para apenas comprar o produto já colhido, mas trazê-las à propriedade por meio do turismo rural.

- Meu sonho é mostrar às novas gerações que é possível produzir alimento saudável e de mãos dadas com a natureza - comenta.

Com o sucesso da produção da uva de mesa, o agricultor se animou e está produzindo 250 pés da variedade Isabel, indicada para a produção de vinhos, sucos e geleias, pois essa uva tem um nível mais elevado de acidez.

A versatilidade da uva

O clima tem forte influência sobre a videira. Segundo o engenheiro agrônomo e especialista em viticultura, Leandro Hespanhol, no clima frio ela entra em dormência para suportar as baixas temperaturas. Na prática, isso aumenta o tempo entre a poda e a colheita. Em regiões mais quentes, não há dormência, permitindo a realização de duas colheitas por ano.

Para quem pretende “surfar” nessa nova onda, Hespanhol orienta que, apesar do calor parecer um dos maiores entraves à produção de uvas em áreas quentes, como é o caso das zonas costeiras – já que a temperatura ideal para o cultivo de uva varia entre 15ºC e 30ºC –, a água e o solo é que merecem maior atenção.

- Não basta apenas selecionar uma ótima variedade para clima quente. Perto do mar, é comum a presença de água e solo com altas concentrações de sal, o que pode inviabilizar o processo produtivo. Outro fator importante é a adubação orgânica. A técnica permite um melhor desenvolvimento das raízes e, por consequência, melhor absorção de nutrientes, além de manter a terra mais úmida - detalha o especialista.

As chamadas uvas de mesa, consumidas in natura, como a Niágara Rosada, são mais indicadas para climas quentes e úmidos em virtude de sua boa adaptação ao clima, além de serem mais resistentes às pragas e doenças. No Norte e Noroeste Fluminenses, regiões também conhecidas pelas altas temperaturas o ano inteiro, a viticultura está em expansão. Destaque para as cidades de Cardoso Moreira e Bom Jesus do Itabapoana, com maiores safras.