sexta-feira, 24 de julho de 2015
Preços: pânico desnecessário pela TV
Quem estivesse assistindo ao telejornal RJTV, segunda edição, da Rede Globo fluminense, na quarta-feira (22/7) ficaria apavorado pelo modo como foi conduzida a reportagem sobre o aumento da inflação no Rio de Janeiro, com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo da quinzena (IPC-15), principalmente no que se refere aos alimentos. A matéria mostra que este é maior índice registrado desde 2003, apontando, no geral, uma inflação de 7,19% - ou, 0,38% na primeira quinzena de julho.
Passeando por uma feira da Zona Sul, pequena por sinal, o repórter foi contando na matéria que a cenoura teria subido 23,67%, o alho (26,42%), repolho (32,8%), batata (43,72%), tomate (49,47%); inhame,beterraba (61,10%), cebola (164,29%), o maior índice, segundo o texto. E tinha também o filé de merluza (29,67%), o destaque na classificação de pescados. Falaram ainda com um camelô que vendia 7 cabeças de alho por R$ 10, e três cabeças por R$ 5.
Pois bem, nesta quinta-feira, no entanto o que vimos em alguns sacolões da capital carioca foi uma espécie de baixa nos preços dos legumes e etc. Em um "sacolão" existente no bairro da Freguesia, Ilha do Governador, o quilo do tomate estava a R$ 1,98, por exemplo (misturado entre grandes, do tipo salada, e pequenos).
Então, resolvemos fazer uma avaliação no registro de preços, divulgado diariamente pela diretoria técnica da Ceasa Grande Rio. Constatamos que a caixa do tomate longa vida, com 22 kg, estava sendo vendida a R$ 35, o grande; e R$ 20, o pequeno. Mas, no primeiro dia de julho, a caixa do tomate estava sendo vendida a R$ 50, o grande; e R$ 25, o pequeno. Cadê a inflação? Nesse caso, houve uma deflação no preço do legume nesses quinze dias do mês, não é mesmo? Tem alguma coisa errada nisso, e a TV Globo embarcou numa canoa furada, ao apresentar o resultado de uma reportagem que deveria ter outro foco: a especulação de preços ao consumidor, por parte de feirantes, donos de sacolões e de supermercados.
Na verdade, a comida não estaria mais cara no atacado, mas no varejo, atacando o bolso do consumidor por vários motivos: alta na conta de energia elétrica, impostos. No caso dos feirantes, a questão seria outra, mas de ganância, ao continuarem se aproveitando de uma onda. A desculpa é que não estão vendendo como vendiam antes, por conta dos "sacolões". Mas, com preços altos, aí é que não irão vender nunca.
Outro exemplo, a batata. A saca de 50 quilos do produto estava sendo vendida entre R$ 95, no primeiro dia de julho, na Ceasa do Irajá, bairro da Zona Norte do Rio, a maior do estado e a segunda maior do país. Ontem, a mesma saca do produto, fora negociada entre R$ 70 e R$ 80, dependendo do tamanho da batata. O que aconteceu foi uma queda no preço na primeira quinzena do mês.
Em dois casos constatamos aumentos, sem o absurdo anunciado, no entanto: a cebola e o alho importado. A caixa do alho cinês, com 10 kg, custava ontem R$ 110 - cerca de R$ 10 a mais em relação ao primeiro dia do mês; e a saca da cebola nacional, com 20 kg, entre R$ 80 (RS) e R$ 85 (SC). Também com uma variação, para cima, de R$ 10. Como contabilizaram o aumento de 43,72%, no preço da batata; e de R$ 164,29%, no preço ao consumidor da cebola?
Se os preços tivessem sido tomados em relação ao período de um ano, seria bem lógico. Nós divulgamos aqui no portal uma análise feita nos preços pela CeasaMinas que constatou, por exemplo, mais de 200% na alta de preços em relação à cebola.
De acordo com aquela central de abastecimento, o tomate negociado lá teve um reajuste de 24,15%, no período de um ano; e uma deflação de - 41,22% entre maio e junho de 2015. O alho importado sofreu reajuste de 19,75%; e a batata lisa, 12,22% em um ano.
Para fazer a matéria, a reportagem fluminense tomou por base a fonte IPCA-15, que induziu ao erro e confunde a cabeça do consumidor.
E mesmo assim, como nós fizemos, vale fazer uma análise em relação a queda de preços de vários produtos, verificada no período recente.
E tinha uma coisa pior: no caso do filé de merluza, tem supermercados vendendo o pacote de meio quilo a quase R$ 20, depois que o produto sumiu das prateleiras quando era vendido a granel.
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