Mercadorias mais valorizadas, menos perdas e, principalmente, redução de custos. Esses são alguns dos benefícios apontados por produtores rurais em razão do uso de caixas plásticas no transporte e acondicionamento de frutas e hortaliças, no entreposto de Contagem da CeasaMinas. A preferência por este tipo de embalagem, em substituição às de madeira e papelão, é resultado do trabalho de orientação intensificado por técnicos da CeasaMinas neste ano, e da exigência cada vez maior do mercado comprador por mais qualidade.
A legislação permite três tipos principais de caixas: a de madeira, de papelão e de plástico. As de madeira e a de papelão, por não serem higienizáveis, devem ser obrigatoriamente descartadas após o primeiro uso. Já a caixa plástica é a única que pode ser higienizada e, por isso, reutilizada várias vezes.
“Tenho cliente que paga mais caro por um produto se estiver na embalagem plástica. Já me pagaram R$ 5 a mais por cada embalagem de jiló só por estar na caixa plástica”, ressalta o produtor Ailton Geraldo Correia, que representa a associação rural de Itatiaiuçu (MG).
Segundo ele, algumas das qualidades que os compradores mais valorizam nesse tipo de recipiente é a padronização do tamanho e do peso, o que garante mais confiabilidade ao produto. “O comprador consegue enxergar melhor o alimento. Isso passa uma imagem de qualidade da mercadoria, melhora a apresentação”, destaca.
Por semana, são comercializadas pela associação rural de Itatiaiuçu cerca de 3 mil caixas, sendo metade de plástico. “Mas a nossa intenção é virar 100% para o novo sistema”, afirma. A associação comercializa atualmente jiló, berinjela, couve-flor, milho verde, mandioca, inhame e chuchu.
Economia
Geraldo explica que as caixas de madeira são mais onerosas ao produtor, o qual necessita fazer novas aquisições a cada uso. Ele calcula que o investimento feito na aquisição de 300 caixas plásticas terá sido pago, dentro de 45 a 60 dias, apenas com a economia gerada ao deixar de utilizar a madeira.
“Graças à economia ao usar o plástico, consegui trocar o antigo caminhão de 1982 que tinha por um de 2013”, afirma outro produtor da CeasaMinas, Luciano da Silva Maia, do município de São Joaquim de Bicas.
Há cerca de três anos, Maia comercializa apenas em caixas plásticas, trazendo de 500 a 600 embalagens de chuchu e abobrinha por semana. Além da redução do custo ao deixar de lado os caixotes de madeira, ele conta que pôde reduzir a mão de obra utilizada para pregar as ripas.
“Meu comprador não me paga mais caro por causa da caixa plástica, mas em compensação tenho conseguido fidelizar meu público muito mais. Quanto mais o outro produtor concorrente usar a madeira, melhor para mim”, ele brinca.
Um dos motivos da aceitação pelo varejista está na redução dos danos ao produto. Maia calcula 30% menos perdas, quando frutas e hortaliças são acondicionadas nas embalagens plásticas.
Banco de Caixas
O Banco de Caixas do entreposto de Contagem é responsável neste local por alugar, receber, higienizar, estocar e entregar embalagens plásticas padronizadas dentro das normas.
Para a eficácia do sistema, é necessário que todos os agentes envolvidos - produtores, lojistas e compradores - utilizem suas caixas plásticas, que podem ser adquiridas ou alugadas. A fim de garantir o rodízio das embalagens, é utilizado o sistema de vale-caixas, por intermédio do Banco. Ou seja, para adquirir mercadorias em caixas plásticas na CeasaMinas, o comprador deverá passar pelo Banco e deixar um determinado número de embalagens. Em troca, receberá um cartão contendo créditos correspondentes ao mesmo número de recipientes deixados.
Esse comprador, então, ao adquirir mercadorias acondicionadas em caixas plásticas no entreposto repassa o cartão contendo os créditos ao lojista ou produtor rural. Quem recebe esse vale pode trocá-lo no Banco de Caixas e receber de volta as caixas, mediante pagamento da higienização. Um aplicativo também está sendo testado para agilizar a rotatividade das caixas entre produtores, lojistas e compradores. É desse modo, portanto, que o sistema promove a rotatividade das embalagens plásticas.
Maior demanda
O presidente da Cooperativa dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado de Minas Gerais (Coophemg), José Antônio Silveira, afirma que cada vez mais produtores e lojistas têm aderido ao sistema das caixas plásticas. “Nos últimos 60 dias, tivemos adesão de 30 novos produtores de vários municípios como Baldim, Brumadinha e Pará de Minas”.
A cooperativa realiza a locação de caixas para produtores rurais e atacadistas, além do empréstimo a compradores sem custo por até 7 dias. Segundo Silveira, o giro de caixas aumentou 30% entre junho e maio, passando de 224 mil para 293 mil recipientes/mês. Em relação ao mesmo período de 2017, o aumento foi de 22%. Para dar conta do aumento da demanda, ele explica que a cooperativa adquiriu nos últimos dois meses 50 mil novas caixas plásticas.
Segundo o chefe da Seção de Agroqualidade da CeasaMinas, Joaquim Oscar Alvarenga, uma reunião neste mês no entreposto deverá discutir melhorias na logística do sistema do Banco de Caixas. O encontro deverá contar com representantes da CeasaMinas, dos produtores, lojistas concessionários e do Banco de Caixas.
Fonte CeasaMinas