Utilizado em pratos salgados, doces e até na forma de azeite, ele tem sido uma das frutas que mais têm despertado a atenção dos consumidores nos últimos anos. Trata-se do abacate, que está em plena safra na CeasaMinas, trazendo preços favoráveis ao consumidor. Para se ter uma ideia, o preço médio da fruta em abril foi de R$ 1,50/kg, o menor valor para o mês desde 2016 (R$ 1,44/kg), no atacado do entreposto de Contagem. Nestes primeiros dias de maio (1 a 13), o valor cedeu ainda mais, alcançando R$ 1,39/kg.
De acordo com Onofre Carlos de Medeiros, representante das Fazendas Klem, do município de Luisburgo (MG), a grande entrada de abacates nesta safra está na contramão da tendência em relação ao ano passado. "Normalmente, quando um pé de abacate produz bem em um ano, como foi em 2018, o normal é ele produzir menos no próximo. Se um abacateiro rende 30 caixas em um ano, no outro vai gerar dez", afirma.
Embora a produção prevista para este ano seja menor, ele afirma que está trazendo mais mercadorias. Isso porque está havendo, conforme ele explica, uma antecipação da entrada de abacates no mercado. "Em 2018, tivemos muita chuva e calor nas regiões produtoras, o que gerou uma espécie de efeito estufa, acelerando a maturação dos frutos. Como resultado, o volume de abacate que planejávamos trazer em 12 meses vai ser escoado em no máximo dez", ressalta.
Desse modo, enquanto no mesmo período de 2018, Medeiros trazia 200 caixas por dia de mercado, agora são 450 embalagens. "O fruto que deveria chegar ao entreposto em novembro e dezembro, já está pronto para ser colhido no campo", ressalta.
Além de preços mais baixos, o lado bom para o consumidor é poder encontrar nesta safra frutos maiores e mais saborosos, justamente por conta do amadurecimento acelerado.
Aos produtores, resta o desafio de lidar com esse cenário sem perder a rentabilidade. Nas Fazenda Klem, uma das apostas é o processamento de parte da produção, na forma de azeite de abacate e até de cosméticos. "Já foram comprados os equipamentos, e a ideia é aproveitar principalmente aqueles frutos não comercializados, por não atenderem a algum padrão comercial de tamanho ou formato", explica Medeiros.
Rentabilidade e boa demanda
O agricultor Luís Otávio Amorim Chavier, do município de Carmópolis de Minas (MG), diz que é possível garantir alguma rentabilidade, apesar dos preços baixos. A caixa de 18 quilos dele era comercializada entre R$ 25 e R$ 30, no último dia 10/5, no Mercado Livre do Produtor de Contagem (MLP). "Meu custo entre a produção e a comercialização fica em R$ 15/caixa".
O produtor também afirma que tem trazido mais mercadorias neste ano. "No mesmo período do ano passado, estava trazendo de 300 a 400 embalagens por semana. Agora, neste ano, são 700 por semana".
Ele acredita que o aumento da oferta é, ao mesmo tempo, um reflexo da entrada de novos produtores no cultivo da fruta, atraídos pelo apelo mercadológico. Divulgações na mídia a respeito dos benefícios nutricionais despertam cada vez mais a atenção do público. "Tenho clientes que há quatro anos vinham aqui e compravam dez caixas. Hoje levam 50", comemora Chavier.
Sudeste lidera produção
A região Sudeste se destaca como a maior produtora de abacates do país, sendo responsável por 81% das 195,5 mil toneladas colhidas em 2016, de acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São Paulo é o principal produtor brasileiro, com 103 mil toneladas colhidas em 2016, seguido por Minas Gerais (52 mil t) e Paraná (19 mil t). Os cultivos paulistas e mineiros se destacam ainda pelo crescimento constante nos últimos anos. Em 2010, por exemplo, a produção paulista era de 83 mil toneladas, e a mineira, de 28,5 mil t.
O crescimento da produção teve como consequência a elevação da oferta dentro do entreposto de Contagem, conforme dados do Departamento Técnico da CeasaMinas. Entre 2015 e 2018, houve uma elevação de 44% no volume de abacates, de 5,6 mil toneladas para 8,1 mil t.