sábado, 29 de novembro de 2014

Ceasa gaúcha tem festival de gastronomia orgânica


A moda dos alimentos orgânicos está por todos os estados do país.  Até domingo, os gaúchos terão oportunidade de participar da BioNat Expo-Feira de produtos Orgânicos, Agroecológicos e Sustentáveis, que começou nesta sexta-feira (28/11), no Centro Cultural Usina do Gasômetro, uma bonita instalação situada no Centro de Porto Alegre. Em sua sétima edição, o evento tem como tema as experiências sustentáveis na agricultura familiar orgânica, que faz parte das comemorações pelo Ano Internacional da Agricultura Familiar.

Evento, anual e pioneiro no Rio Grande do Sul, no segmento, a BioNat Expo, organiza nessa edição o 1o. Festival de Gastronomia Orgânica e Sustentabilidade na Cozinha em parceria com o Grupo de Trabalho de Gastronomia do Governo do Estado, para fomentar e promover a cadeia produtiva dos orgânicos e sustentáveis e conscientizar a população sobre a importância da alimentação saudável e das boas práticas cotidianas para a preservação da vida.

Consumo de produtos biofortificados é melhor?



Plantas biofortificadas têm alta produtividade e fornecem alimentos enriquecidos, segundo pesquisa que está sendo posta em prática em todo o país.
   
Imagine consumir alimentos básicos para a saúde com até vinte vezes mais vitaminas e minerais. Graças a uma técnica conhecida como biofortificação, isso é possível. Não bastasse o apelo nutritivo, pesquisas demonstram que altos níveis de ferro, zinco e pró-vitamina A em sementes contribuem para a nutrição da própria planta, gerando uma expectativa de produtividade maior. A partir de repetidos cruzamentos entre plantas da mesma espécie, novas culturas são originadas até se chegar a uma com quantidade de micronutrientes suficientes para integrar o seleto grupo de cultivares que irão servir de forma eficiente no combate a deficiência alimentar (fome oculta), que assola cerca de dois bilhões de pessoas ao redor do mundo.

 

Além da alta taxa nutricional, testes em diversas cidades brasileiras confirmam a alta produtividade dessas cultivares. O produtor rural Francisco Flávio e Silva, do Município de Oeiras no Piauí, conseguiu colher junto com o pai, seu Luís Costa e Silva, 12 toneladas por hectare de mandioca biofortificada (BRS Jari), quando a média nacional da cultivar convencional é de 13,61 toneladas por hectare, segundo dados do IBGE (2012). Nesta propriedade também se pôde comparar a produção de batata-doce convencional, que resultou em colheitas de dois quilos por metro quadrado, com a batata-doce biofortificada, que superou, atingindo oito quilos por metro quadrado.

O agricultor Laerte Rosa, da cidade de Itaguaí, que fica cerca de 60 km da capital do Estado do Rio de Janeiro, planta batata-doce biofortificada da variedade Beauregard com uma produtividade que chega a dezessete toneladas por hectare; quando a média nacional é de apenas oito toneladas por hectare da variedade convencional. A assistência técnica oferecida pela Embrapa e instituições parceiras tem garantido esse aumento de produção.

Biofortificação no Brasil

A Rede BioFORT engloba todos os projetos de biofortificação no Brasil coordenados pela Embrapa, concentrando esforços nas áreas mais pobres do Nordeste do País. Objetiva melhorar a nutrição por meio de programas de alimentação escolar. "A biofortificação ataca a raiz do problema da desnutrição, tendo como alvo a população mais necessitada. Utiliza mecanismos de distribuição de alimentos já existentes e é cientificamente viável e efetiva em termos de custos. Pode complementar outras intervenções em andamento para o controle da deficiência de micronutrientes. É, em suma, um primeiro passo essencial que possibilitará que famílias carentes melhorem de uma maneira sustentável, sua nutrição e saúde", afirma a pesquisadora Marília Nutti, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), líder da Rede BioFORT Brasil.

De 2009 a 2013, cerca de duas mil famílias de agricultores foram alcançadas com cultivos biofortificados em cinco estados do Brasil (Bahia, Sergipe, Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Rio de Janeiro). O estado do Piauí − o mais pobre do País − possui o maior número de parcerias, desenvolvidas em conjunto com as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), empresas de assistência técnica e governos municipais. Eles servem como um modelo de Segurança Produtiva, um conjunto de medidas necessárias para reduzir os riscos da produção, prejuízos e permitir aos pequenos agricultores a produzir seu próprio alimento com colheita garantida. Em relação à distribuição de sementes, a Rede BioFORT Brasil utiliza unidades demonstrativas ou de produção, organizadas através do sistema de extensão nacional, para fornecer a agricultura familiar sementes e mudas de cultivos biofortificados."Nós iniciamos a primeira unidade em fevereiro de 2011, a partir de então a primeira colheita foi realizada para consumo. Já com a segunda unidade, começamos a comercializar em nível local (comunidade)", conta Francisco Flávio e Silva, articulador da Rede BioFORT no Piauí. Logo após, foi realizado um minicurso de processamento na própria unidade de produção, com mais de 30 participantes, quando foram produzidas receitas para transformação em subprodutos tanto da macaxeira como da batata-doce biofortificada. Isso facilita a venda e agrega valor aos produtos. Hoje, o comércio dos produtos se dá tanto na própria comunidade como nos municípios vizinhos.

O projeto de biofortificação de alimentos conduzido pela Embrapa no Brasil há mais de dez anos é realizado através de melhoramento convencional, sem materiais geneticamente modificados (transgênicos). O foco do projeto é em alimentos básicos da dieta da população como arroz, feijão, feijão-caupi, mandioca, batata-doce, milho, abóbora e trigo. Maria Cristina Paes, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e membro da equipe que desenvolveu a primeira variedade de milho biofortificado (BRS 4104), explica: "Como encontramos variabilidade no nosso banco de germoplasma, conseguimos trabalhar com o melhoramento tradicional. Foram sete anos de pesquisa para selecionar em cada ciclo as espigas de milho com maior concentração de carotenoides e pró-vitamina A até chegarmos no BRS 4104. A vantagem dessa cultivar é a polinização aberta, ou seja, os próprios grãos viram sementes para o produtor." A equipe da Embrapa Milho e Sorgo também avançou em estudos de retenção desses compostos nos alimentos usualmente consumidos no Brasil, a exemplo do cuscuz, polenta, biscoitos e pães. Agora, a intenção é avançar nas pesquisas determinando o efeito biológico in vitro e in vivo dos carotenoides nessa variedade de milho para validar a atividade vitamínica A e também o efeito antioxidante, enfim avançar com a determinação da bioacessibilidade e biodisponibilidade.

Além disso, estão em curso pesquisas para o desenvolvimento de novas variedades de trigo, arroz e abóbora no Brasil. Também estão sendo avaliadas as dimensões de receptividade dos produtores nas comunidades rurais em relação às novas cultivares, os ganhos nutricionais, a aceitabilidade pelo consumidor, as vantagens agronômicas e comerciais.

Novos caminhos para a nutrição e saúde pública com alimentos biofortificados

A deficiência nutricional pode provocar à saúde humana efeitos negativos como morte prematura, cegueira noturna, retardo mental e de crescimento. Isso pode refletir em dificuldades de aprendizagem e baixa capacidade de trabalho, acarretando em prejuízo econômico aos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Na prática, distintas intervenções são necessárias para resolver esse problema de forma eficaz e sustentável, em diferentes contextos socioeconômicos e culturais. Tradicionalmente, as abordagens para prevenir a desnutrição de micronutrientes foram agrupadas em medicinal (suplementação), de base alimentar (fortificação de alimentos, biofortificação), educação nutricional, e intervenções de saúde pública (saneamento ambiental, vermifugação, controle da malária, etc).

A melhor e mais duradoura solução para eliminar a desnutrição como um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento é consumir de forma permanente uma série de alimentos básicos, ricos em nutrientes, visando a segurança alimentar e nutricional. A estratégia atual para combater a desnutrição nos países em desenvolvimento tem como enfoque principal o fornecimento de suplementos vitamínicos e minerais para mulheres grávidas e crianças. Entretanto, a biofortificação de alimentos básicos tem o potencial de elevar a ingestão de micronutrientes para milhões de pessoas no mundo, sem nenhum custo adicional para os consumidores.

Merenda mais nutritiva para estudantes

Parcerias formalizadas entre a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e as Prefeituras de Juiz de Fora, Capim Branco, Itabirito, Monte Carmelo, Patrocínio, Santana do Pirapama, no interior de Minas Gerais, reforçam a merenda escolar com alimentos mais nutritivos. A Rede BIORT, coordenada pela Embrapa, repassa sementes e ramas de cultivares com maiores teores de nutrientes. A parceria prevê a instalação de uma unidade de produção para multiplicação das cultivares e disponibilização de sementes e ramas a agricultores familiares selecionados, onde produzem feijão, mandioca, milho e batata-doce biofortificados.

Os agricultores, por sua vez, devem se comprometer a retornar a produção à Prefeitura, que comprará os alimentos para utilizar na merenda escolar das escolas da rede municipal de ensino. Mais de dois mil estudantes estão sendo atendidos com essas medidas.

No Rio de Janeiro, três escolas da zona rural do município de Itaguaí, que fica a cerca de 60 km da capital, já estão utilizando alimentos biofortificados. O almoço dos mais de trezentos estudantes de 4 a 12 anos sempre traz um produto biofortificado, seja batata-doce, mandioca, milho ou feijão. A própria Prefeitura mantém uma unidade de produção para o fornecimento desses alimentos mais nutritivos.

A mestranda do curso de Ciência de Alimentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carolina Cláudio, orientada pela pesquisadora Rosires Deliza da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), está realizando testes sensoriais e de aceitação desses produtos. Os resultados devem ser divulgados no início do próximo ano. Essa equipe do Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental (LASI) também está realizando um trabalho de popularização da ciência ligada à educação alimentar nutricional, com atividades lúdicas para os estudantes.

"Há crianças que responderam bem a esse trabalho, antes só comiam arroz e feijão, agora já comem carne, hortaliças e leguminosas, inclusive as biofortificadas", observa Carolina.

Europa apresenta técnicas avançadas à Ceasa de Minas


Melhor infraestrutura, produção de energia, manuseio de pescado, rastreabilidade das carnes, qualidade dos produtos, embalagem. Tudo isso foi visto em viagem realizada por um grupo montado pela Ceasa mineira, que esteve em centrais de abastecimento de Portugal, Espanha e França.
   

Comerciantes, produtores, funcionários da CeasaMinas e alunos do UniCeasa que participaram da visita técnica às centrais de abastecimento de Lisboa, Madri e Paris reuniram-se na sede da UniCeasa para avaliar a viagem e apontar os aspectos dos mercados internacionais que podem ser usados como referência para a modernização da CeasaMinas. A delegação formada por 31 pessoas visitou a Europa em outubro.

“Estávamos apreensivos com a viagem, mas ficamos muito satisfeitos com a forma como foi conduzida. Mesmo com os horários apertados, conseguimos ter um aproveitamento muito bom. Meu desejo é que a gente dê continuidade e coloque em prática tudo aquilo que vimos e aprovamos”, afirmou Caio Gomide, presidente da ACCeasa.

O diretor financeiro da CeasaMinas e professor do UniCeasa, Gustavo Almeida, apresentou algumas fotos que exemplificam ações que podem ser adotadas pela CeasaMinas. A criação de marca para FLV, a paletização, o uso de câmaras frias por produtores do MLP e a classificação dos produtos são alguns destes itens.

O coordenador do curso de pós-graduação da UniCeasa, Altivo Cunha, relembrou algumas características que chamaram a atenção. “Em Lisboa, há uma moderna infraestrutura viária e de produção de energia elétrica. Em Madri, vimos um centro de treinamento para manuseio de pescado e outros cursos que atendam à demanda dos lojistas. Em Paris, observamos a rastreabilidade total da carne”, cita.

Alguns alunos do curso de pós-graduação que não puderam viajar também participaram do encontro. Ao final, cada um identificou, entre 16 itens, aqueles que podem ser aplicados na CeasaMinas. Alguns dos aspectos observados foram especialização dos pavilhões, limpeza, segurança, embalagem dos produtos, qualidade dos produtos e relações contratuais.

Fonte: Departamento de Comunicação

domingo, 23 de novembro de 2014

Arroz de Tamboril



Peixe de estranha forma, o tamboril ou "peixe-sapo" como é conhecido no Brasil, é uma iguaria que ainda não faz parte inteiramente da culinária brasileira. Sua pesca é difícil, pois o pescado costuma ficar a 250 metros de profundidade no oceano, o que inibe um pouco os pescadores brasileiros por requerer equipamento sofisticado e caro. Mesmo assim, sua pesca ocorre em Santa Catarina e no Paraná, sendo exportado em grande quantidade para a Ásia (Coreia do Sul) e Europa, onde sua carne é muito cobiçada e cara. Para se ter uma idéia, em Portugal, onde ele é apreciado com arroz, o quilo chega a custar R$ 75. No Brasil, o quilo sai por R$ 4, dependendo do tamanho.  Nos Estados Unidos, o tamboril também é iguaria, sendo muito apreciado em restaurantes mais sofisticados. Sua carne tem textura firme e adocicada, e sem espinhas o que favorece às pessoas de mais idade e crianças.

 

Como nós abordamos o tamboril em nossa matéria inicial sobre as feiras livres e o que ela representa no Rio, preparamos uma receita portuguesa de "Arroz com tamboril". Isso incluiu também o fígado do peixe, que é uma delícia. Iguaria só parecida com o fígado de arraia, que em nosso país jogamos fora.

O tamboril pode ser encontrado em algumas feiras cariocas, como na Ilha do Governador, e custa em torno de R$ 16 o quilo.

Ingredientes

1 tamboril de aproximadamente 2 kg
1 cebola grande
3 dentes de alho
Meio pimentão vermelho, descascado
1/3 pimentão verde, descascado
150ml de vinho branco
150g de arroz branco
2 tomates pelados (sem a pele)
Meio alho
1 cenoura
1/4 de funcho (bolbo)
Sal a gosto
Pimenta-preta
Coentro
Sumo de limão
Azeite
Hortelã
Cebolinha

Preparação

Começa-se por retirar o fígado do tamboril, colocando-o num recipiente com sal.  Deixe reservado.

Em seguida, cortam-se as barbatanas e o rabo e reserve-se para o caldo.

Retira-se um filete dos lombos do tamboril e limpa-se bem, tirando a pele.

Corta-se grosseiramente metade da cebola, a cenoura, o alho e o funcho e refogam-se em azeite. Adicionam-se 2 dentes de alho inteiros e deixa-se apurar um pouco.

Junta-se as barbatanas e rabo, deixa-se caramelizar um pouco e refresca-se com vinho branco. Após evaporado, adiciona-se água a ferver e tempera-se com um pouco de cebolinha, hortelã, salsa e pimenta-preta em grão. Deixa-se ferver durante aproximadamente 30 minutos.

Entretanto, pica-se a restante cebola, o restante dente de alho, cortam-se os pimentões em tiras pequenas e os tomates em cubos. Refoga-se a cebola com o alho, adicionam-se os pimentões e por fim o tomate. Frita-se o arroz neste refogado e tempera-se com sal e pimenta.

Refresca-se com um pouco de vinho branco e deixa-se evaporar bem. Coa-se o caldo com um passador e adicionam-se 3 medidas de água por cada 1 de arroz.

Corta-se o filete de tamboril em pedaços e lavam-se os fígados para retirar todo o sal. Assim que o arroz estiver quase cozido, adiciona-se o tamboril, coentros picados e duas folhas de hortelã inteiras só para aromatizar.

Retificam-se os temperos. Fritam-se os fígados num sauté bem quente com azeite, temperando com um pouco de sumo de limão, sal e pimenta.

Está pronto o arroz tão desejado.

Veja como se limpa o peixe:

https://www.youtube.com/watch?v=2bfq2Qc9JMs

ESPECIAL - Feira livre é chique - Ela é muito antiga mas, apesar dos anos e dos problemas, permanece com o charme inalterado.




Quem vai ao nordeste, anda na rua, no shopping ou conversa com amigos e conhecidos, sempre escuta que tudo que é bacana "é chique". Expressão usual que pode ser aplicada à nossa feira livre,  tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo. Exemplos não faltam. O primeiro que conto é em relação ao que vi na feira dominical do Cacuia, bairro da Ilha do Governador, Zona Norte carioca. Nela, o consumidor, freguês, seja ele sofisticado ou apenas um apreciador da cozinha gourmet... Não ri, não. Tem gente sofisticada que agora vai a feira tranquilamente, disfarçada, mas vai. Basta ver na Zona Sul, principalmente na Lagoa, Ipanema, na Barra da Tijuca.  Porque a moda é ver coisas interessantes e economizar.

 

Voltando ao tema, na feira do Cacuia, na parte do pescado, podemos nos deparar com uma delícia muito apreciada na Europa, principalmente em Portugal, ou nos Estados Unidos e na Coréia do Sul. Estou falando do tamboril, ou "peixe-sapo", denominação dada a um peixe esquisito que vive a 200 metros de profundidade no meio dos oceanos, pelos pescadores do Sul do país.  No entanto, se perguntarmos quem conhece aquele peixe, além do feirante, apenas 10% das pessoas saberá. O restante 90% ignora e nem faz ideia. Mas ele está lá, sendo vendido a R$ 16, o quilo.  Claro, já preparado, sem a cabeça horrenda de monstro das profundezas. Esse peixe me faz lembrar o seriado japonês da década de 60, o National Kid, no episódio "Celacanto" - um monstro marinho que provocava maremoto. É o tamboril multiplicado por mil vezes, em tamanho.

(Veja a matéria seguinte com a receita de tamboril à moda portuguesa) 

 

Outro exemplo: nos finais de semana é sempre a mesma coisa para aquele produtor que sai da cidade paulista de Cosmópolis, e trafega 140 km até a feira livre de Higienópolis, no Centro da cidade de São Paulo, levando produtos orgânicos. Entre eles, a novidade sãos ovos pequenos, postos por galinhas muito jovens. Mal chega à feira, os ovos desaparecem, comprados rapidamente pela freguesia que fica aguardando, por que eles tem uma substância que faz bem ao cérebro. Junto, também estão sendo vendidos legumes cada vez menores, pois reúnem bastante nutrientes devido ao tamanho concentrado. E a geleia de banana verde? Segundo nutricionistas e o próprio produtor, a casca da banana verde faz bem para os intestinos, previne doenças e evita o acúmulo de açúcar no sangue.

Agora, tanto lá como cá, o pastel de feira e o tradicional caldo de cana gelado, são imbatíveis e mais apreciados. Tanto é que tem vendedor andando de Kombi onde se lê "Pastel de Feira". Virou uma grande moda, que tem o seu auge no Mercadão de São Paulo, onde eles são imensos e carregam ingredientes dos mais variados sabores.

Fala a verdade. Você encontra isso em qual supermercado?

Enquanto as feiras livres seguem o seu ritmo em São Paulo, no Rio tem até deputado estadual querendo se meter. Qual o pretexto escuso? Vamos imaginar em uma segunda reportagem.  Em relação à Prefeitura, nem é bom falar. A perseguição torna-se uma constante, sempre com desculpas escusas que iremos abordar também numa segunda matéria.  Por enquanto, vamos falar de coisas boas em relação ao charme atrativo das feiras livres.

Ao gosto dos chefs estrangeiros

É uma realidade: as feiras livres estão aumentando o seu charme e atraindo cada vez mais gente especializada, como os chefs de cozinha que encontram nela uma variedade de ingredientes para os cardápios diários, sempre fresquinhos como nos acostumamos a ver. O chef francês Jean Chauvel - que em outubro passado esteve participando do festival Les Pantagruels, gastronômico, realizado no Hotel Le Relais La Borie, em Búzios, na Região dos Lagos fluminenses - é um deles. Esteve junto com outros chefs renomados. O bretão, que adora pesca, mar e navios, foi dizendo logo ao chegar que queria provar condimentos, sementes e tubérculos  da cozinha brasileira. Afirmando ainda que queria descobrir as "feiras de rua" (feiras livres) e os produtos locais. Mas ele não está sozinho.

Responsável pela SIRHA, a maior e mais sofisticada feira de culinária do mundo, a francesa Marie Odile Fondeur, provou e gostou dos saboeres da feira livre carioca. A primeira parada foi na feira livre de Ipanema, na Zona Sul do Rio, onde ela se encantou pela fruta-de-conde madurinha e muito doce, que não existe na França dos condes, reis e rainhas. A partir daí saiu provando de tudo: melancia, a nossa nordestina-carioca tapioca, com vários tipos de queijos e coco, o pastel e o tradicional caldo de cana geladinho.  Este último a encantou tanto que já marcou a presença do quitute durante a versão carioca da SIRHA, que acontecerá no ano que vem.

Destaque

No mês de outubro passado e no início de novembro, o tema Feira Livre foi destaque em telejornais e programas jornalísticos como o "Globo Repórter", que o abordou com extrema delicadeza, mostrando as feiras de São Paulo, do Rio e de onde vem alguns produtos. O tema Feira Livre também foi destaque do programa "Esquenta", da Regina Casé, na Rede Globo. Portanto, apesar dos pesares, a feira continua livre como nunca no coração do brasileiro, mesmo sendo atacada por todos os lados: governo municipal, concorrência dos supermercados, "sacolões" e mercadinhos de bairro. Sem contar os preços altos das mercadorias devido à seca nas regiões produtoras. São esses problemas que iremos abordar em uma segunda reportagem da série. Aguardem.

Mulheres são 50% do público em festival de cerveja



O "Mondial de La Biére" aconteceu na Praça Onze, no Centro carioca, onde eram aguardados 23 mil pessoas, sendo disputado pelos públicos masculino e feminino. As mulheres também ganharam espaço nas cervejarias, para produção e degustação da bebida.

Na segunda edição do Festival Internacional de cervejas "Mondial de La Bière", no Terreirão do Samba, Centro do Rio, as mulheres estão disputando com o público masculino o consumo da bebida que é preferência nacional. De acordo com os organizadores, das cerca de seis mil pessoas que estão participando diariamente do festival, 50% são mulheres. Um crescimento em relação ao ano passado, quando elas representaram 45% do total do público nos quatro dias do festival. A expectativa dos organizadores é atrair 23 mil pessoas ao longo dos quatro dias de evento.

 

No pavilhão climatizado de 4 mil metros quadrados do evento, consumidoras buscavam novidades. "Nós gostamos de experimentar e costumamos frequentar locais onde existam novas cervejas", disse a juíza Simone Ferraz, que foi ao festival na companhia de mais doze amigas.

A dona de casa Maria da Penha Soares Garrido, 64 anos, de Maricá, município a cerca de 50 quilômetros do Rio, aproveitou a tarde para provar sabores diferentes. Em meia-hora, na companhia do filho Igor Garrido, 31, ela já tinha provado quatro cervejas. "Está frenética", disse Igor. Maria da Penha disse que o gosto pela bebida está no sangue. "Eu gosto das tradicionais,  mas aproveito para testar outras. Também gosto de fazer passeios para visitar fábricas e degustar", acrescentou.

E a cervejinha, que para muitos é só fonte de prazer, também pode ser fonte de renda. É o caso da arquiteta Paula Pampillón, 25 anos, que há cerca de um ano também é sommelier de cervejas, e diz que mulher tem paladar mais sensível para experimentar. Ela fez um curso técnico e entende sobre produção e harmonização da bebida, por exemplo, na alta gastronomia.

Fernanda Ueno Marques, 27 anos, é mestre cervejeira de uma empresa de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Ela contou que começou a fazer cerveja em casa e gostou. Se formou em engenharia de alimentos e decidiu se especializar. Há dois anos como cervejeira, Fernanda diz que se dedica à profissão e tem que se aprimorar sempre. Segundo ela, a profissão não é só beber cerveja, é preciso controlar o processo de fabricação e avaliar se a bebida está dentro dos padrões. Além disso, também pode desenvolver novas marcas. "É claro que é bom beber também. A gente tem muita hora-copo", brincou.

Fernanda diz que percebe que há cerca de três anos, as mulheres têm se interessado mais pela bebida. "E elas gostam das amargas. Muitas vezes os homens é que pedem as mais fracas", revela.

Mercado atraente

Além da degustação das bebidas, o festival promoveu concursos, bate-papos, shows, e instalou um pub e uma "beer boutique". Também estiveram presentes mestres cervejeiros estrangeiros de rótulos premiados, como o dinamarquês Jeppe Jarnit-Bjergsø, da cervejaria Evil Twin, que aparece entre as dez melhores do mundo. O encontro foi uma oportunidade de negócios que reuniu marcas sólidas no mercado e novatas.  Estão participando 50 cervejarias, a maioria delas do Brasil.

A mais jovem era a Three Monkeys, fundada por quatro amigos em dezembro do ano passado. Segundo Leonardo Gil, eles fizeram um curso de um dia e partiram para produzir uma cerveja que agradasse a todos.

 "Descobrimos uma receita, testamos e gostamos. Um mês depois já estávamos produzindo", contou. Ele disse que alugam uma fábrica em Jacarepaguá, na Zona Oeste para produzir mil e 500 litros da bebida por mês, por enquanto distribuídos para bares da Zona Sul. "Só temos uma tipo, a Golden Ale, mas já estamos testando três novas receitas", disse.

Para auxiliar quem estava interessado em produzir cerveja em casa, a  Associação dos Cervejeiros Artesanais Cariocas ( ACerva Carioca) incentiva o desenvolvimento da cultura da cerveja artesanal, no Rio de Janeiro e em todo o Brasil.

Cervejas sofisticadas

A Jeffrey é uma cerveja do Rio que aposta na sofisticação. Nesta edição do festival, os criadores da marca estão lançando cervejas com sabores que misturam raspas de laranja, gengibre e noz moscada. "É uma parceria com grandes chefs da cidade. Fazemos um laboratório de sabores com ideias que serão testadas", diz  Gilson Val, um dos donos.

No evento, uma cerveja com limão siciliano e coentro chamava atenção. Segundo Gilson, a bebida é servida nos restaurantes de luxo da cidade.  "Hoje eu digo que a cerveja ocupa a mesma quantidade de prateleiras que  o vinho e se sofisticou", acredita.

País investe na produção de cachaças especiais


No ranking das bebidas destiladas, a cachaça é a terceira mais consumida. A produção movimenta mais de R$ 7 bilhões  por ano no Brasil.

Globo Rural

O segmento das cachaças especiais vem ganhando espaço dentro e fora do país.  Elas são feitas de forma artesanal, em pequenas quantidades. Com investimentos para melhorar a qualidade da bebida, tem agricultor ganhando dinheiro e respeito no mercado.

A cachaça é a mais brasileira das bebidas. Faz parte da nossa cultura e da nossa economia, desde o início da colonização, “Após 1530 chegaram as primeiras mudas de cana de açúcar, principalmente para a produção de açúcar. Junto com o açúcar, começou-se a produzir o álcool, a cachaça, porque era uma moeda de troca para a compra de escravos na África pra poder movimentar esses engenhos aqui no Brasil”, explica o químico Erwin Weimann.

Weimann é especialista em cachaça e já escreveu até livro sobre o assunto. Ele conta que hoje, a fabricação artesanal da bebida emprega mais gente no Brasil, do que a indústria automobilística. “A cachaça artesanal gera mais de 500 mil empregos. A indústria automobilística gera 220, 230 mil”, afirma.

O dado não leva em conta as grandes indústrias. Estamos falando apenas dos alambiques artesanais. Empresas pequenas, que investem mais em qualidade do que em quantidade. Estima-se que hoje existam perto de 30 mil destilarias artesanais no Brasil, que produzem por ano algo em torno de 500 milhões de litros de cachaça.

Um desses alambiques pertence a uma empresa familiar que produz cachaça há mais de um século. Ivoti é o berço da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Os traços da colonização germânica estão preservados na Picada 48, uma comunidade rural, tombada pelo patrimônio histórico nacional:

As primeiras famílias chegaram à Picada 48 em 1824, trazendo na bagagem a esperança de uma vida melhor e as profissões que já exerciam na Alemanha. Uma dessas famílias era fabricante de uma bebida destilada feita com batata: o schinapz. Aqui no Brasil, eles conheceram a cana de açúcar e foi assim que começou uma longa história na produção de cachaça.

Weber Haus ou em português, casa dos Weber. A família vive em 30 hectares de terra, desde 1824. Foram os avós de Hugo Weber que abriram a área e começaram a plantar cana de açúcar. “O nosso engenho lá embaixo era tocado a mula e boi. Não tinha motor, depois a gente comprou um motor a gasolina, depois veio a luz elétrica”, conta.

No começo, a família produzia cachaça para o consumo e pra abastecer a vizinhança. O pai de Hugo construiu o primeiro alambique comercial na região em 1948. “Nós tínhamos oito irmãos e ninguém queria trabalhar na cachaça. Depois que ele nos deu o alambique eu prometi que ia cuidar”, conta.

Hugo Weber casou com Eugênia e tiveram quatro filhos, que hoje tocam a propriedade com a ajuda de maridos e cunhados. Foram eles que, há dez anos, decidiram mudar tudo no local.

Evandro Weber, diretor comercial da empresa, conta que o primeiro passo foi trocar o cultivo convencional da cana pelo sistema orgânico. “Nós aplicávamos com a mão a uréia, e sempre tinha que ser em dias molhados. Um certo dia eu queimei as pernas e as mãos e abriu, virou uma ferida e em 2004 tomamos a decisão de não usar mais porque eu fiquei quase três semanas com a pele aberta”, conta.

O canavial da propriedade tem 22 hectares. Todos os resíduos produzidos na fabricação da cachaça voltam pro campo em forma de fertilizante. O bagaço da cana e o vinhoto, líquido que sobra no processo da destilação, são transformados em composto orgânico. 

O vinhoto, também é aplicado puro no canavial. Como explica o agrônomo, Fábio Sato, que dá assistência técnica à propriedade. “Ele é rico em matéria orgânica, principalmente em nitrogênio, que é o principal nutriente que acelera a decomposição da matéria seca e os outros nutrientes que ele fornece para a cana”, diz.

“Em média, hoje colhemos 105 toneladas de cana por hectare. É uma boa produtividade para um sistema orgânico. Aqui no Rio Grande do Sul, a média é de 60, 70 nos sistemas convencionais”, afirma o agricultor Evandro Weber.

Do campo, a cana segue direto pra destilaria onde é esmagada três vezes, pra extrair o máximo de caldo. Por dia, a empresa esmaga doze toneladas de cana. O caldo cai em um filtro que retém as fibras ,  em seguida, vai para o decantador onde as impurezas são separadas do caldo.

Passo seguinte é padronizar o teor de açúcar, adicionando água ao o caldo de cana. Em seguida, a mistura segue pra fermentação. “O processo de fermentação basicamente é a transformação do açúcar em álcool. Quem faz essa transformação são as leveduras específicas pra esse tipo de atividade bioquímica”, explica Valdail dal Pizzol, químico da empresa.

As leveduras são microorganismos da própria cana. O processo de fermentação dura entre 18 e 24 horas. Depois disso, o produto está pronto para a destilação, que acontece em um alambique de cobre.

“O caldo de cana vem fermentado, primeiramente, para o pré-aquecedor, a uma temperatura de 75 graus, e depois disso para o destilador, que é um alambique de cobre, onde esse caldo vai ser aquecido a uma temperatura de 92 graus. Dele sai a cachaça em forma de vapor, pelo pré-aquecedor e por último para o resfriador, onde a cachaça vai sair em forma de líquido”, explica José Welter, mestre alambiqueiro.

Por dia, a empresa produz quase dois mil litros de cachaça, mas nem tudo isso é aproveitado: 20% do total são separados. São as chamadas cachaças de cabeça e de calda. “A primeira parte que é a cabeça, tem o teor alcoólico de 70 até 60. Depois vem a parte do coração que é dos 60 até o 40 de teor alcoólico. E abaixo de 40 é a parte da calda”, diz Evandro Weber.

A destilaria produz 1600 litros de cachaça de coração por dia. Parte dela, vendida como cachaça branca, vai descansar em tanques de inox, por pelo menos um ano. O restante segue para o processo de envelhecimento em barris de madeira.

“O processo de envelhecimento é o processo que vai dar à bebida melhor qualidade. Primeira coisa: como a madeira permeia oxigênio, vai haver uma modificação e formação de compostos, principalmente ésteres, que dão o bouquet à bebida. Outra grande modificação é a absorção pela bebida destilada, dos óleos essenciais das madeiras onde a bebida foi colocada pra descansar. Cada madeira utilizada vai emprestar uma cor, um sabor e um aroma característico àquela madeira”, explica o químico Erwin Weinmann.

Weinmann conta que a diversidade da flora nativa do Brasil, também nos dá uma grande variedade de madeiras que enobrecem a cachaça: “Nós temos mais de 25 madeiras cadastradas e em condições de envelhecer bebidas”.

Blends

O produtor ainda pode misturar essas bebidas diferentes para fazer blends. Weinmann explica como descobrir se uma cachaça é boa ou não. “A primeira é a transparência da cachaça, ela não pode estar turva. O que a gente vê são as lágrimas que ela forma, a untuosidade da cachaça. Ela tem que estar untuosa e fazer algumas lágrimas ao redor da taça”.

Quanto mais tempo dentro do barril, melhor a bebida. No alambique existem cachaças envelhecidas de 1 a 12 anos. As melhores são engarrafadas em um processo bem artesanal, com rótulos e lacres colocados um a um, manualmente.

Há um investimento muito grande na apresentação das cachaças. Inclusive, uma variedade enorme de garrafas e uma ainda mais especial, feita em comemoração aos 65 anos da empresa, cujo rótulo é folhado a ouro. “A gente faz o nosso próprio molde de garrafa, registra como patente esses moldes, e nenhuma outra cachaçaria pode usar esse molde porque é de propriedade intelectual nossa”, conta Evandro Weber.

A empresa produz por ano 250 mil litros de cachaça e com tanto investimento e capricho, esse é um produto valorizado no mercado. O preço varia de 50 a 2700 reais a garrafa.

No entanto, para chegar nesse ponto, foi preciso muito investimento. “Na estrutura nós estamos investindo, cada ano, praticamente um milhão. Em média, o custo para produzir um litro de cachaça varia de 20 até 500 reais”, declara Evandro Weber.

Exportação

Hoje, quase 40% da produção é exportada. Denise Holler é a gerente de exportação da empresa. “Exportamos para a América, Europa e Ásia. O estrangeiro gosta de cachaça quando ele sabe o que é a bebida”, afirma.

Gary Qing veio da China ao Brasil, especialmente para conhecer a cachaçaria e ficou impressionado: “É muito bacana. Muito bonito. O processo é limpo, parece muito bom”, diz. Gary quer levar a cachaça brasileira pra China. “Nós viemos aqui para comprar. Eu acredito que temos um bom mercado para essa bebida na China”, afirma.

Fazendo sucesso mundo afora, a cachaça Weber hoje garante o sustento de cinco famílias. Evandro Weber afirma que além de ganhar dinheiro, aqui se trabalha pra dar à bebida típica do Brasil o reconhecimento que ela merece: “Acho que é um produto nosso, nós temos que valorizar e nós vamos levantar a bandeira da cachaça e vamos chegar a dizer: cachaça com muito orgulho”, declara Evandro Weber.