Se a expressão popular "a preço de banana" diz respeito a algo muito barato, na CeasaMinas o valor atual da fruta tem feito jus ao termo. O quilo da banana-prata atingiu, em setembro passado, R$ 1,18, o menor valor para o mês desde 2015 (R$ 1,06), no atacado do entreposto de Contagem. Trata-se também do segundo menor preço mensal de 2018 até o momento, ficando um pouco acima de R$ 1,15/kg praticado em agosto. Enquanto produtores rurais tentam lidar com os baixos preços de modo a evitar prejuízos, consumidores devem aproveitar o momento para economizar.
Em relação a janeiro de 2018, quando o preço médio da fruta foi o mais alto do ano, a queda em setembro foi de quase 50%.
O produtor rural Valdeir Germano Pereira, do município de Pirapora, no Norte de Minas Gerais, estava vendendo, no dia 08/10, a caixa de 20 quilos da banana-prata do tipo extra, a de melhor qualidade, a R$ 25, no atacado da CeasaMinas. Ele diz que, no mesmo período de 2017, a caixa era comercializada a R$ 40. "O mínimo para cobrir os custos seria de R$ 30/cx. Mesmo com o preço lá embaixo, meu comprador não passa a levar mais mercadorias", lamenta.
Pereira pontua que a redução de preço da banana-prata é consequência principalmente de dois fatores: a crise econômica que prejudicou a procura e a grande oferta da fruta no mercado. "Desde 2016, a banana-prata vinha dando preços mais altos e isso incentivou muita gente a investir na bananicultura. Como o ciclo entre o plantio e a colheita é em torno de dez meses, os efeitos começaram a aparecer bem depois", explica.
Segundo dados do Departamento Técnico da CeasaMinas, em março de 2016 a fruta chegou a ser comercializada a R$ 2,90/kg no atacado, maior valor para aquele ano. A fase de preços mais altos permaneceu até maio de 2017, quando atingiu R$ 1,93/kg. Em seguida, apresentou preços menores, com exceção de janeiro (R$ 2,34/kg) e fevereiro (R$ 2,12/kg) de 2018. Já nos meses de julho, agosto e setembro deste ano, a derrubada de preços da fruta se acentou.
O produtor rural Nilson Martins Alves, do município de Jaíba, também no Norte de Minas, afirma que problemas climáticos em outros estados fornecedores, como Santa Catarina e São Paulo, contribuíram para agravar a escassez da mercadoria, o que pressionou ainda mais os preços no primeiro semestre de 2017. "Naquela época, quem não era produtor de banana passou a cultivá-la e quem já era dobrou a produção. Nós mesmos aumentamos a produção em 30%. Foi uma atitude de risco. O resultado está aparecendo nesse ano", afirma.
A redução de preços chegou a tal ponto que, segundo ele, muitos colegas bananicultores estão abandonando os cultivos. "Na nossa região eles estão derrubando as plantações porque não conseguem sequer pagar a energia usada na irrigação. Mão de obra e os insumo todos aumentaram ao longo do ano, mas o preço da banana não acompanha. A alta do dólar também tem impactado muito na compra dos fertilizantes".
Mercados vizinhos
Segundo o chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, uma alternativa a que muitos produtores mineiros recorrem para evitar prejuízos é a venda para outros estados. Para se ter uma ideia, 60% das bananas-pratas ofertadas na Ceasa de São Paulo (Ceagesp), na capital paulista, foram provenientes de Minas Gerais em 2017. No mesmo ano, na Ceasa do Rio de Janeiro, na capital fluminense, 68,8% das bananas-pratas ofertadas vieram de municípios mineiros. O volume da fruta mineira que abasteceu somente os dois entrepostos chegou a cerca de 140 mil toneladas, o equivalente a quase 12 mil caminhões no ano passado.
A expectativa é que os preços continuem baixos até novembro, com tendência de alta a partir de dezembro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja muito bem vindo(a).
Fique a vontade, aproveite a experiencia com nosso Blog, envie para seus amigos e deixe seu relato.
Gratidão!