O alimento,
que está mais barato que a carne, é rico em ferro, proteína magra e
vitaminas. Só para termos uma ideia, ontem à tarde (terça-feira), a
bandeja de filé de frango estava sendo vendida a pouco mais de R$ 6, no
supermercado Mundial, do Tauá, na Ilha do Governador; e o pacote também
de 1 kg da coxinha da asa estava por pouco mais de R$ 5. Veja essa
reportagem do jornal Extra desta quarta-feira (5/8).
Tem sido
difícil para o carioca engolir o preço da carne. De janeiro a junho
deste ano, o aumento acumulado foi de 3,36%, enquanto o valor do frango
em pedaços caiu 4,43% no comércio do Rio, segundo o Índice de Preços ao
Consumidor (IPCA). Substituir um alimento pelo outro é uma opção que faz
bem ao bolso e à saúde, já que a ave é excelente fonte de proteína
magra (com pouca quantidade de gordura agregada) e ferro.
De
acordo com o nutricionista Matheus Motta, do Vigilantes do Peso, o
frango ainda é fonte de vitaminas do complexo B, que ajudam no
funcionamento do sistema nervoso e do metabolismo energético:
— A
B2 (riboflavina) e a B3 (niacina) agem na diminuição do cansaço. Já a
B6 (piridoxina) e a B12 (cobalamina) auxiliam a formação de hemácias e
impedem a formação de uma substância chamada homocisteína, que lesiona o
revestimento das artérias.
Além do ferro, outros minerais
encontrados no frango são magnésio, essencial para a função muscular;
zinco, importante para a manutenção de pele, olhos e unhas saudáveis; e
selênio, antioxidante que atua no sistema imune e no funcionamento da
tireoide.
Segundo Motta, os cortes da ave são equivalentes na
quantidade de nutrientes, mas diferem na concentração de gordura. O
peito sem pele é a parte mais magra, com apenas três a quatro gramas de
lipídios. A coxa tem de 5g a 6g de gordura, a sobrecoxa, de 12g a 13g, e
a asa, de 13g a 20g.
— O frango é a melhor opção para quem quer
controlar peso e colesterol, comparado a outros tipos de carne. O ideal é
consumi-lo de três a quatro vezes por semana — diz.
Hormônio na criação das aves é mito
Muitas
vezes acusado de fazer mal por conta de hormônios, o frango é isento
dessas substâncias, garante a veterinária Karen Soares:
— Do
ponto de vista econômico, o uso de hormônios é inviável para a produção,
devido aos altos custos da aplicação. E o uso desses compostos no
Brasil é proibido — diz. — A criação de frangos usa rações formuladas
com os melhores ingredientes e conta com programas sanitários rígidos do
Ministério da Agricultura. Além disso, há seleção das melhores
linhagens de animais para produção de carne.
Segundo a
especialista, a ração consumida pelas aves contém milho (fonte de
carboidrato), soja (proteína), minerais, vitaminas e aminoácidos.
—
É importante que todos entendam que não se usa hormônios na produção de
frangos, porque esse mito afeta a comercialização — afirma.
De
acordo com dados levantados pela Ceagesp, maior central de abastecimento
da América Latina, situada em São Paulo, pelo menos 36 produtos
utilizados em nossa alimentação diária estão com preços em baixa neste
início de mês. Veja a lista dos hortifutigranjeiros que estão em baixa,
com os preços estáveis ou com tendência de alta. Mais abaixo, também
leia a relação dos produtos, incluindo pescados, que estão em safra.
PRODUTOS COM PREÇOS EM BAIXAMelancia,
Morango comum, Nêspera, Tangerina cravo, Tangerina polkam, Coco verde,
Laranja lima, Limão Taiti, Laranja pera, Carambola, Melão amarelo,
Goiaba branca e vermelha, Banana nanica, Abobrinha Italiana, Abóbora
Moranga, Tomate rasteiro, Berinjela, Chuchu, Batata doce rosada, Cara,
Mandioca, Couve manteiga, Espinafre, Repolho roxo, Brocolos ninja,
Salsa, Repolho, Escarola, Alface crespa, Alface lisa, Acelga, Nabo,
Milho verde, Alho porró e Batata lavada.
PRODUTOS COM PREÇOS ESTÁVEIS
Mamão
formosa, Fruta do conde, Tangerina murcot, Laranja seleta, Maçã Gala,
Uva Itália, Acerola, Manga tommy, Abacaxi havai, Banana terra, Uva rubi,
Cara, Tomate Carmem, Gengibre, Pepino comum, Batata doce amarela,
Pimentão verde, Jiló, Abóbora seca, Coentro, Cebolinha, Rabanete,
Agrião, Couve-flor, Cenoura c/ folha, Rúcula, Batata asterix, e Ovos
branco.
PRODUTOS COM PREÇOS EM ALTAAbacate
breda, Mamão papaya, Maracujá doce, Pera estrangeira, Caju, Jabuticaba,
Banana maçã, Manga hadem, Abacaxi pérola, Uva rosada, Maçã Importada,
Pimentão Amarelo, Pimentão vermelho, Pepino japonês, Pepino caipira,
Beterraba, Abóbora Japonesa,Ervilha torta, Mandioquinha, Vagem macarrão,
Tomate pizzad'oro, Brócolos comum, Alho Argentino, Cebola nacional e
Cebola estrangeira.
SAFRA
Frutas:
Banana-nanica,
caju, carambola, kiwi, laranja-peêra, laranja lima, maçã, mamão,
mexerica (tangerina verdadeira), tangerina polkan, murgot, morango;
Legumes:
Abóbora, abobrinha, cará, cenoura, ervilha, fava, inhame, mandioca, mandioquinha, nabo, pimentão, rabanete;
Verduras:
Agrião, alho-porró, brócolis, chicória, coentro, couve, couve-flor, erva-doce, escarola, espinafre, mostarda, rúcula;
Pescados:
Atum,
cação, cara, cherne, chiova, chora-chora, congro, corvina, dourada,
espada, garoupa, lambari, mexilhão, namorado, ostra, piranha,
peixe-porco, sardinha, tilápia, traíra, trilha, tucunaré.
Artigo foi publicado no
jornal Diário de São Paulo para responder acusações feitas por vereador
paulista, depois de sua visita a maior central de abastecimento da
América Latina. Parlamentar lamentou o que considerou uma decadência.
(*) Por Arnaldo Marabolim e Carmo Robilotta Zeitune
Na
sua última coluna no jornal Diário de S.Paulo, o vereador Andrea
Matarazzo disse que fez uma visita à CEAGESP e lamentou que não seja o
mesmo local “imponente” de outrora, quando se podia comprar flores,
frutas e legumes, além de tomar a tradicional sopa de madrugada.
É
possível que em sua rápida passagem pelo Entreposto da Vila Leopoldina o
vereador não tenha tido a oportunidade de ver o Festival da Sopas com
enorme sucesso de público e o comércio de flores, legumes e verduras em
franco crescimento.
Mas o vereador aponta ainda os “imensos
custos das taxas de condomínio”, a “sujeira” e a infraestrutura ruim.
Quando menciona o custo das taxas, o vereador ficaria surpreso ao saber
que em 2014 os atacadistas do nosso Entreposto faturaram R$ 7,260
bilhões. Só que no mesmo período, pagaram R$ 107,442 milhões de taxas e
pelo direito de uso dos espaços. Ou seja, o que os comerciantes pagaram
representou 1,48% do faturamento. Esse é o “imenso” custo CEAGESP.
Quanto
à infraestrutura, realmente o Entreposto já não tem espaço suficiente
para a comercialização, pois foi projetado há mais de 45 anos e,
justamente por isso, discute-se sua mudança para outro local. Há uma
deterioração dos pavilhões que é o resultado da falta de investimentos e
de 17 anos de prejuízos financeiros. Desde 2013, contudo, a Companhia
vem conseguindo equacionar suas dívidas e ainda realizou nos últimos
quatro anos mais de R$ 58 milhões em melhorias.
Os investimentos
só não foram feitos antes porque a CEAGESP seria privatizada, sofreu um
processo de sucateamento no então governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso, aliás, do mesmo partido do vereador Andrea Matarazzo
(PSDB).
Sobre a “sujeira”, é importante esclarecer que a limpeza é
feita diariamente e que por questões da estrutura ultrapassada do
mercado há acumulo de lixo em determinadas horas, afinal, estamos
falando da comercialização de 10 mil toneladas/dia. Assim como em uma
cidade, a limpeza é uma responsabilidade coletiva, da CEAGESP, dos
frequentadores e dos seus comerciantes.
Arnaldo Marabolim é
diretor administrativo e financeiro da CEAGESP e Carmo Robilotta Zeitune
é gestor do Departamento do Entreposto da Capital (DEPEC).
Que
sofisticação que nada, em relação às frutas o brasileiro gosta mesmo é
de laranja e banana. Essas são as duas frutas mais consumidas no país,
de acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No caso da laranja,
são pouco mais de 7,5 kg por ano, sendo que os estados do sul são os que
mais utilizam, num total de 9kg per capita. Em segundo lugar. vem os
estados da Região Sudeste, com pouco mais de 8 kg anuais por cada
habitante. Além do mais, muita laranja é consumida fora de casa, na
forma de sucos, em bares, restaurantes, etc. São Paulo responde por 75%
da produção nacional.
No caso da banana, os estados produtores
são São Paulo (Vale da Ribeira), norte de Minas Gerais e Santa
Catarina, Bahia (Juazeiro do Norte) e Pernambuco (Petrolina). Tanto as
laranjas pêra e lima, como a banana nanica, estão em safra nesse mês de
agosto que se inicia. Então, nossa equipe foi as centrais de
abastecimento do país para fazer um levantamento técnico dos preços,
constatando autênticas disparidades. No caso da laranja pêra, os preços
por quilo no atacado são o seguinte: R$ 0,78 (ES); R$ 0,40 (BA); R$ 0,90
(MG); R$ 1,20 (PE); R$ 1,21(SP) e R$ 0,92 (RJ).
Banana prata,
também preço por quilo no atacado: R$ 1,50 (BA); R$ 1,25 (ES); R$ 1,50
(MG); R$ 0,85 (PE); R$ 1,75 (PR); R$ 1,91 (SP) e R$ 2,10 (RJ).
Banana nanica (preço por quilo): R$ 1,40 (BA); 0,75 (ES); R$ 0,91 (MG); 0,65 (PR); R$ 1,46 (SP) e R$ 1,20 (RJ).
Informações Nutricionais
Produto: BANANA PRATA
Descrição
Própria
do sudeste asiático, sua cultura se estendeu às regiões tropicais e
subtropicais do mundo. A banana é, depois da maçã, a fruta mais
consumida em todo mundo.
Como Comprar
Procure bananas macias e de pontas verdes.
Como Conservar
As
bananas amadurecem aos poucos, fora do pé, facilitando a colheita, o
transporte e o aproveitamento. Devem ser conservadas em local seco e
fresco e não dentro da geladeira. À temperatura ambiente, a banana se
conserva por 4 dias.
Como Consumir
Diversos tipos de banana
são consumidos in natura, como a maçã, a ouro,a prata e a nanica - que,
na verdade, é grande (o nome decorre da baixa altura da planta em que
nasce). Algumas devem ser previamente fritas, como abanana da terra e
figo. Quase todas podem ser usadas para a obtenção de farinha, quando
ainda verdes. Algumas prestam-se mais a fins específicos, como: a) a
bananananica pode ser frita (mas deve ser preparada à milanesa para
impedir que se desmanche na fritura), assada ou cozida. É também
adequada para doces em pasta e de corte; b) A banana prata é boa para a
secagem (banana-passa) e para doces em pasta e de corte; c) As bananas
figo e nanica são adequadas para compotas; Bananas muito moles (mas não
estragadas) podem ser aproveitadas para fazer bolos, vitaminas ou doces.
Dicas
A banana é especialmente recomendada para pessoas que sofrem de distúrbios digestivos, pois auxilia no tratamento da diarréia.
Propriedades Nutricionais
É
uma das frutas mais nutritivas existem. Duas bananas grandes fornecem 1
g de potássio, dose diária que satisfaz as necessidades deste mineral
em um adulto. Além disto, contribuem para evitar a hipertensão e para
manter o coração saudável. Além desse mineral, a fruta também tem
Riboflavina, Tiamina, Glicídio, Ascórbio. Calcio, Retinou e Fósforo,
também com maior concentração por fruta.
Meses de safra: julho, agosto, setembro, outubro e novembro.
Produto: LARANJA
Descrição
A
laranjeira de laranjas doces (Citrus sinensis) é uma árvore que pode
atingir até 12 m de altura, apresentando copa compacta e cônica. Existem
diversas variedades cultivadas no país, sendo que as laranjas doces
podem ser divididas em três grupos: a) Laranjas com frutos normais: tais
como a Pêra, Seleta e Valencia; b) Laranjas com frutos de umbigo: como a
Bahia e a Baianinha; c) Laranjas sanguíneas: cuja polpa tem coloração
vermelha.
Como Comprar
Escolha as mais firmes e pesadas. A
casca deve ser fina e de cor brilhante. Evite as laranjas com qualquer
sugestão de amolecimento ou com bolor esbranquiçado nos extremos.
Como Conservar
Conserva-se melhor sob refrigeração, por até sete dias.
Como Consumir
A
fruta é consumida crua, sendo recomendável ingerir todo o “bagaço”. O
suco de laranja é muito popular, podendo ser misturado ao de várias
outras frutas.
Dicas
A casca da laranja, quando seca e
aquecida, libera óleos essenciais que são ativos como repelentes de
insetos e também ajudam a atenuar maus odores associados a compostos
sulfídricos formados na decomposição de matéria orgânica.
Tabela nutricional (por 100 gr.)
Fibra, glicídio, retinol, tiamina, riboflavina, ascórbico, potássio, cálcio e fósforo.
Venda
de tangerina descascada gera polêmica, expõe rixas regionais e até
ideológicas. Especialistas em consumo defendem frutas sem casca. Você
não tem mais tempo para escolher uma fruta na banca e nem tem tempo para
fazer uma vitamina. Precisa de alguém para fazer isso por você, o atual
"animal preguiçoso", como mostra a reportagem do Globo deste domingo
(2/8). O sujeito paga caro para não fazer e depois reclama da vida.
Eram
quase 13h quando Daniel Martins Alves recebeu, via WhatsApp, a foto que
atiçaria o Brasil naquela segunda-feira, 13 de julho: uma bandeja com
16 gomos de tangerina à venda em um supermercado. Às 12h57m, ele pôs no
Twitter (e depois no Facebook) a imagem e este texto: “A geração que não
roda pião, não corta o dedo empinando pipa, não pega fruta na árvore. A
geração da mexerica descascada.” Então desempregado, o publicitário foi
jogar videogame e depois reviu um de seus filmes favoritos, o faroeste
"Três homens em conflito".
— Fiquei off-line por horas. Quando
voltei, tomei um susto — diz Daniel. — Tinha mil pedidos de amizade, o
limite do Face. Meu post tinha viralizado.
Graças a 30 mil
compartilhamentos, a minitese sociológica estava provocando reações
apaixonadas país fora. Um apocalíptico escreveu sobre a foto: “O exato
momento em que eu perdi a fé na Humanidade.” Um artigo no site
"Observador diário" perguntou em seu título: “Que tempos são esses?” E
houve até um colunista do site "Área H" que relacionou a rejeição à
casca da fruta com falta de apetite por sexo oral.
Logo surgiram
defensores das frutas descascadas, dispostos a pagar o preço por suas
escolhas. No caso, R$ 0,40 — no supermercado paranaense onde a foto foi
tirada, o quilo da tangerina sem casca custava R$ 2,89; a granel, R$
2,49. E a história continua rendendo, dentro e fora das redes sociais.
No
site BuzzFeed, conhecido pelas listas divertidas, a polêmica foi
descascada assim que surgiu, e ainda rendeu enquete, coleção de receitas
e post sobre outras coisas que mudam de nome conforme a região — com o
bafafá, muitos descobriram que tangerina também é mexerica, mimosa,
bergamota e, pasme, vergamota.
— Rivalidade regional é um
combustível importante para essas polêmicas de internet — diz Clarissa
Passos, redatora do BuzzFeed. — A gente tenta mostrar as opiniões que
vão surgindo e, nesse caso, são muitas. O troço foi compartilhado
loucamente e todos têm algo a acrescentar. O curioso é que não é nem
novidade: faz tempo que se vende fruta assim.
Em 2012, por
exemplo, os supermercados alemães Billa passaram a vender bananas já
descascadas. Criticada, a rede reviu sua estratégia.
No Brasil, a
coisa foi chegando aos poucos e, até o chamado “tangerinagate”, não
causou estranhamento. Em um supermercado de Copacabana, entre sanduíches
prontos e a tradicional salada de frutas, encontram-se porções de kiwi,
melão, mamão e manga já descascados, fatiados e embalados para consumo
imediato. Perguntado a respeito da porção de tangerina sem casca,
anunciada no site da rede, um funcionário que permanecerá anônimo para
seu próprio bem informa:
— Não tem. E, na minha opinião, não tem que ter. É o cúmulo da preguiça.
Para
o veterano blogueiro Alexandre Inagaki, que se diz do tempo da
“internet moleque, de raiz”, a crítica sempre existiu, só ganhou
visibilidade.
— Internet nada mais é do que um megafone dos papos
que rolam na vida off-line. Com certeza já teve gente se indignando ao
encontrar mexericas descascadas à venda, mas só houve toda essa
repercussão porque alguém postou uma foto e jogou fósforo na palha seca
das redes sociais — diz Inagaki. — Eu mesmo não resisti e dei meu
pitaco, dizendo que o perfume que a casca deixa nas mãos é parte da
experiência e que, se inventarem tangerina sem caroço, pago o preço
gourmet.
Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria
especializada em varejo e bens de consumo, considera natural a venda das
frutas descascadas se há demanda para o produto.
— Não estamos
discutindo ideologia. Mas, se for por este lado, quem compra fruta
descascada, com o valor agregado da embalagem e do trabalho do
descascador, contribui mais para gerar emprego e renda. Quem achar que
está errado não compre. Mas deixa o outro comprar! — diz Eugenio.
Professora
de comportamento do consumidor do curso de Publicidade e Propaganda da
ESPM Rio, Karine Karam apresenta um viés feminista para a polêmica das
frutas sem casca.
— O papel da mulher mudou. Antigamente, você
chegar e ver a dona de casa com cheiro de cebola, de alho, não era um
problema. Hoje, eu saio de casa para o trabalho, para uma reunião, e não
quero estar com cheiro de comida — diz Karine. — Você tem a rotina
muito corrida, tem 40 minutos de manhã para ficar com o seu filho. Vai
ficar descascando fruta? Antes as pessoas gastavam tempo para economizar
dinheiro. Hoje, elas gastam dinheiro para economizar tempo.
Karine
também aponta que, por trás (ou melhor, por fora) das porções de frutas
descascadas, há ainda um fator estético. Uma fruta que seria descartada
pela casca feia, se estiver com o interior perfeito, pode ser vendida
por preço maior do que o da casca bonita. Em Portugal, há inclusive o
movimento Fruta Feia, que organiza a venda (por preço menor, claro) de
frutas e legumes que seriam desprezados pelos exigentes consumidores
lusos.
Se a polêmica da tangerina trouxe lucro, foi para o seu
disseminador. Esta semana, Daniel foi contratado como analista de
marketing digital. Na hora de apresentá-lo à equipe, o chefe anunciou em
bom paulistanês: “Este é o cara lá das mexerica descascada! Conta aí,
meu!” É o orgulho da equipe.
Hábitos
de alimentação mais saudáveis levaram as vendas de produtos orgânicos a
um crescimento de dois dígitos nos últimos anos, de acordo com a Folha
de São Paulo. Em 2015, diante de uma grave crise econômica e de uma
inflação que encolheu a renda real, era de se esperar que esses
produtos, em geral mais caros do que os tradicionais, reduzissem o seu
ritmo de expansão. Mas não é o que ocorre no país. Após uma alta de 30%
no faturamento em 2014, que atingiu R$ 2 bilhões, o setor deve fechar
este ano com R$ 2,5 bilhões em receitas.
Para quem faz parte do
mercado, não se trata de uma surpresa. "O segmento de orgânicos no mundo
sempre cresceu em tempos de crise. Em 2008 e 2009, nos EUA e na Europa,
não foi diferente", diz Ming Liu, coordenador do Organics Brasil, que
reúne os exportadores do setor.
Ele lembra que, em momentos de
dificuldade financeira, a tendência é o consumidor migrar para produtos
mais baratos, e reduzir a fidelidade à marca. "No caso dos orgânicos, a
marca sempre foi secundária. A procura é por produtos com garantia de
alimento seguro e que fazem bem à saúde", acrescenta.
O diretor
comercial da Korin Agroindustrial, Edson Shiguemoto, concorda.
"Historicamente, crescemos mais em anos de crise", afirma. A situação
econômica não abala a empresa, que investe R$ 5 milhões na ampliação da
capacidade de abate de aves, seu carro-chefe. De 18 mil aves por dia
atualmente, a Korin passará para 40 mil abates diários em 2016.
Segundo
a Apas (Associação Paulista de Supermercados), retirar produtos do
carrinho é o último passo adotado pelos consumidores durante uma crise
financeira.
Mitos versus Verdades
Antes de chegar a essa
etapa, o cliente busca pontos de vendas mais baratos; faz compras em
determinado período do mês; opta por diferentes tipos de embalagens (com
mais produtos a um preço menor) e troca marcas convencionais por mais
baratas.
"Diante da atual situação financeira, muitas pessoas
estão trocando as marcas de alguns produtos, como os de limpeza, para
manter os hábitos alimentares adquiridos no período em que a economia
estava em alta", diz Fernando Henrique de Cerello Costa, comprador
comercial do Pão de Açúcar.
Pelo menos no que diz respeito aos
orgânicos, os novos hábitos parecem preservados. Enquanto as vendas dos
produtos tradicionais seguem estáveis neste ano, a comercialização de
orgânicos teve aumento de até 13% –caso de itens de mercearia salgada,
segundo pesquisa da Apas.
Segundo a associação, para 32% dos consumidores saúde e qualidade de vida são as maiores preocupações.
Longo caminho
Apesar
dos avanços recentes, o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho
até chegar ao estágio de mercados maduros. Uma das explicações para
esse atraso é a regulamentação, que é recente no Brasil, de 2011.
"Nos
EUA, esse processo ocorreu em 2001 e, até 2008, os orgânicos eram
considerados nicho de mercado. Hoje, 78% dos americanos já consumiram
orgânicos", diz Ming. Segundo ele, a partir da regulamentação, o mercado
tende a evoluir de forma significativa, devido à entrada de grandes
corporações.
O mercado global de orgânicos movimenta cerca de US$
72 bilhões por ano, segundo a empresa de pesquisa Organic Monitor. Os
EUA lideram em receita, seguidos por Alemanha e França.
Radiografia:
30% foi o crescimento das vendas de produtos orgânicos no Brasil no ano passado
32% dos brasileiros afirmam que saúde e qualidade de vida são suas maiores preocupações
R$ 2 bi é o volume de negócios total estimado em 2014
R$ 2,5 bi é a previsão de volume de negócios para 2015
De 50% a 60% da produção brasileira é destinada à exportação.
Os preços de alguns produtos estão
baixando na Ceasa do Rio de Janeiro. A batata lisa, saca de 50 kg,
estava sendo vendida nesta quarta-feira (29/7) a R$ 75 no atacado
(lembrando que muita gente pode comprar diretamente nos boxes da Ceasa
do Irajá, na Zona Norte do Rio, e na do Colubandê, em São Gonçalo, a
granel); o aipim, caixa com 22 kg, está a R$ 22; enquanto que a laranja
pera, caixa com 25kg, a R$ 23. Veja esses e outros preços em nossa
tabela, que passamos a publicar no Blog CeasaCompras.