quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ameixa e morangos mais em conta em SP

 

Semanalmente, a CEAGESP (Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo) prepara uma lista de produtos com os preços em baixa, estáveis ou em alta no atacado, para você se alimentar bem e economizar mais. Confira a lista dos produtos:

PRODUTOS COM PREÇOS EM BAIXA
Ameixa nacional FLA, pêssego aurora, laranja seleta, coco verde, manga tommy atkins, morango comum, laranja pera, melão amarelo, abóbora seca, berinjela, abobrinha italiana, pepino japonês, gengibre, pepino comum, cenoura, abóbora moranga, mandioca, cebolinha, milho verde, gengibre com folha, couve manteiga, repolho verde, alface crespa, alface lisa e alho porró.

PRODUTOS COM PREÇOS ESTÁVEIS
Pêssego dourado, mamão papaya, melancia, banana prata SP, abacaxi pérola, graviola, caju, atemóia, tangerina murcot, laranja lima, uva utália, acerola, banana terra, uva rubi, pimentão verde, batata doce rosada, beterraba, pepino caipira, batata doce amarela, jiló, repolho roxo, espinafre, rúcula, nabo, mostarda, cenoura com folha e ovos branco.

PRODUTOS COM PREÇOS EM ALTA
Mamão formosa, carambola, goiaba branca, fruta do conde, maçã estrangeira, figo, limão taiti, maracujá azedo, maracujá doce, pera estrangeira, uva crinsson,  banana maçã, uva rosada, chuchu, cara, pimentão vermelho, pimentão amarelo, tomate, ervilha torta, mandioquinha, vagem macarrão, escarola, agrião, salsa, brócolos ninja, acelga, couve-flor, coentro, rabanete, brócolos comum, batata lavada e alho nacional.

Conheça cinco benefícios da ameixa para sua saúde

                         

Docinhas e suculentas, as ameixas estão sempre presentes nas ceias e festas de final de ano. Aproveite que nesta semana, a ameixa nacional está com preço em baixa, e saiba mais sobre as propriedades nutricionais desta fruta saborosa, que possui bastante oferta nesta época do ano.

Cultivada pela humanidade há mais de 2 mil anos, as ameixas contém uma série de componentes benéficos para o nosso corpo, como potássio, fibras, Vitaminas A e C e muitos outros. Por conta desta riqueza nutricional, esta frutinha promove uma série de melhorias na saúde. Confira:

    1- Melhora o funcionamento do sistema digestivo, através da absorção de fibras.
    2 - Atua como antioxidante natural, por conta do alto teor de Vitamina C.
    3- Também através da Vitamina C, fortalece o sistema imunológico contra infecções.
    4- Ajuda o corpo a metabolizar os carboidratos
    5 - Possui componentes que ajudam a proteger a retina dos raios solares.


Na hora de escolher qual ameixa levar, o ideal é buscar frutas com a casca íntegra e coloração uniforme. Por ser bastante macia, as ameixas devem ser conservadas em geladeira para que não amadureçam demais. Também é possível partir os frutos ao meio, remover os caroços e congelá-los por até um ano, mas atenção: com o descongelamento, a polpa fica mais mole, tendo uma consistência mais adequada para o preparo de sucos ou doces.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Preço dos alimentos em 15 dias: alta de 100%

                          

Enquanto isso a inflação prevista para o final de 2015 é de 11%. O quilo da cebola nas centrais de abastecimento foi o recordista nos reajustas assombrosos para o consumidor.

Por Jorge Lopes

O consumidor que vai ao supermercado, aos chamados Varejões ou "sacolões" já tem notado com espanto uma alta sem precedentes nos preços dos legumes, frutas, ovos e, geralmente, atribuindo isso aos chamados aumentos dos tributos, energia elétrica e até mesmo o décimo terceiro salário de funcionários. Mas, se prepare, por que esses aumentos não irão parar até o final do ano. Pelo menos é que o que dizem produtores rurais e comerciantes que trabalham nas principais centrais de abastecimento do país. Os reajustes de preços nos últimos quinze dias, por exemplo, para alguns desses alimentos já chegaram a 100%, muito acima da inflação projetada para o ano inteiro.

De acordo com analistas financeiros e economistas, a inflação brasileira já atingiu 2 dígitos, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE chegando a registrar 9,93%, o maior desde novembro de 2004, quando o indicador atingiu 11,02% em doze meses.  E em cinco das 13 regiões analisadas pelo IBGE, a inflação passou dos 10%.  Analistas já prevêm taxas de 11% para a inflação no apagar das luzes de 2015.

Nos alimentos, ela já chegou até mesmo multiplicada por 10: o preço da cebola, por exemplo, já passou dos 100% na principal central de abastecimento da América Latina, a Ceagesp (SP), administrada pelo governo federal.  Nela, o quilo da cebola estava custando, nesta segunda-feira (16/11), R$ 3,17. No dia 31 de outubro esta mesma cebola custava, no atacado, R4 1,49, e fechou a semana passada em R$ 2,86.

Na Ceasa do Rio de Janeiro a cebola está custando R$ 2,75, com a saca de 20 kg sendo vendida entre R$ 50 e R$ 60.  Na Ceasa ES, o quilo está por R$ 2, 25 e na Ceasa Minas Gerais, a R$ 2.

Nas principais regiões produtoras de cebola do país, como RS, SC e PR, estados castigados pelas chuvas, os preços do quilo da cebola estão se mantendo nestes patamares: R$ 2,75, R$ 2,46 e R$ 2,25. Houve uma grande perda na produção do estado de Santa Catarina e isso está começando a se refletir nos preços atuais.

Segundo um dirigente de associação no âmbito das Ceasas do Sudeste, no caso da cebola a situação poderia ser bem pior se os comerciantes, principalmente do sudeste do país, não comprassem cebolas importadas da Holanda, Nova Zelândia, Espanha e Argentina que, mesmo tendo problemas devido ao transporte feito por longa distância, que diminuía a qualidade do produto quando era desembarcado nas centrais. "Se não fosse isso, pode ter certeza que a saca estaria custando R$ 200", enfatiza.

Mais preços altos

O portal CeasaCompras.com preparou uma lista com sete principais ingredientes que não podem faltar na cozinha do brasileiro, de jeito nenhum, além do feijão com arroz, claro.  Os itens dessa cesta são a alface, que também está com o preço absurdo nos últimos dias, o alho, cebola, batata, limão, tomate e ovos. Vejamos:

Ceagesp (preços por quilo)

Alface R$ 8,39; alho R$ 16,17;  batata R$ 3,37; cebola R$ 3,17; limão R$ 6,61; ovos R$ 2,67 (dúzia) e tomate R$ 4,13.

Ceasa Grande Rio (preços por quilo)

Alface R$ 5 (dúzia); alho R$ 12; batata R$ 1,80; cebola R$ 2;75; limão R$ 4,40; ovos R$ 2,60 (dúzia) e tomate R$ 1,87.

Ceasa Minas Gerais

Alface R$ 10 (dúzia); alho R$ 13; batata R# 2,40; limão R$ 3,50; ovos R$ 2,67 (dúzia) e tomate R$ 2,76.

Ceasa Espírito Santo

Alface R$ 6; alho R$ 13,75; batata R$ 2,80; cebola R$ 2,25; limão R$ 4,50; ovos R$ 2,52 (dúzia); tomate R$ 1,61.

Preços na região sul afetada pelas chuvas intensas

Nas Ceasas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, nós preparamos uma cesta com 12 tipos de alimentos e os seus respectivos preços por quilo e dúzia.

Ceasa RS

Alface R$ 10 (dúzia); alho (R$ 15), batata R$ 3; batata doce R$ 2; brócolis R$ 4,19; cebola R$ 2,75; chuchu R$ 1,25; couve R$ 2,50; couve-flor R$ 3,33; jiló R$ 6,50; limão R$ 5; mandioca/aipim R$ 1.

Ceasa SC

Alface R$ 9,60; alho R$ 15; batata R$ 2,40; batata doce 1,36; brócolis R$ 3,20; cebola R$ 2,46; couve R$ 2,80; couve-flor R$ 4; chuchu R$ 0,68. jiló R$ 3,13; limão R$ 5; mandioca/aipim R$ 1,09.

Ceasa PR

Alface R$ 4,67; alho R$ 10; batata R$ 1,60; batata doce R$ 1,14; brócolis R$ 1,25; cebola R$ 2,25; couve R# 2; couve-flor R$ 2,08;  chuchu R$ 0,68; jiló R$ 3,12; limão R$ 2,80; mandioca/aipim R$ 3,63.
.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Tragédia em Mariana: Poluição levará 10 anos para dissipar 50%

                            
       
Especialistas estimam tempo para a natureza se regenerar após rompimento da barreira. Na Região Serrana do Rio, a tragédia mudou o mapa da localidade. Veja esse alerta publicado no Dia.

Como uma grande ferida aberta, a natureza em Mariana (MG) e na Região Serrana do Rio levará anos para cicatrizar e voltar a ser como antes. Assim como os moradores que vão demorar para superar a tragédia que devastou o distrito de Bento Rodrigues, os municípios de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo, até hoje, quatro anos depois, ainda não se recuperaram das chuvas que devastaram a região, provocando a morte de mais de 900 pessoas.

Para o geógrafo do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Uerj, Hugo Portocarrero, será necessário pelo menos uma década para a natureza se regenerar parcialmente. A recuperação plena é difícil prever, uma vez que o desastre ambiental, nas duas regiões, mudou o curso de rios, destruiu plantações e provocou mortandade de espécies. “Um desastre dessa proporção altera o relevo. Sozinha, a natureza levará muito tempo. Será preciso que o homem intervenha e faça o reflorestamento das áreas atingidas”, afirma. O que, diz ele, não foi feito na Serra. “Desassorearam os rios e fizeram contenção de encostas. Mas não foi feito reflorestamento.”

O especialista espera que as duas tragédias sirvam de alerta. “Obras gigantescas como as que vêm sendo feitas implicam riscos da mesma magnitude. Infelizmente, não havia nenhum plano de contingência”, destaca o especialista, lembrando que, enquanto na Serra o acidente foi um fenômeno geológico, em Minas foi geotécnico. “A cada 50 anos, ocorrem acidentes ambientais que levam ao surgimento de morros e encostas. Em Mariana, foi diferente. Houve ruptura de barragem por negligência governamental”, diz Portocarrero. Ele explica que a tendência é que, com o tempo, o solo aproveite o material que veio com a lama, como o ferro.

Para o biólogo Leonardo Freitas, da Mosaico Ambiental, especializado em gestão de desastres, a reocupação das áreas vai depender do poder público e da empresa Samarco, que teve R$ 300 milhões bloqueados pela Justiça para pagamento de indenizações às vítimas e foi multada em R$ 250 milhões por danos ambientais — punição esta divulgada pela própria presidenta Dilma Rousseff. “Nunca mais vai voltar a ser o que era. A tragédia foi muito grande. Os rios foram assoreados. A natureza não vai se recuperar 100%. Com o tempo, a correnteza vai levando os sedimentos e o homem vai voltar a ocupar o espaço. Mas parte desses detritos nunca será retirada”, avalia.

Na Serra, mortes seriam evitadas

Mapeamento feito logo após a catástrofe na Região Serrana pela empresa Mosaico Ambiental, comparando imagens de satélite, mostrou que 70% das edificações destruídas pela enxurrada no Vale do Cuiabá, em Petrópolis, estavam em áreas de preservação permanente e que, portanto, não deveriam estar ali. “Se a legislação da época de ordenamento territorial tivesse sido respeitada, mais da metade das mortes poderiam ter sido evitadas”, constata o biólogo Leonardo Freitas. Na avaliação dele, os mais vulneráveis são as populações de baixa renda que ocupam encostas e as margens de rios, onde ocorrem deslizamentos e inundações.

Segundo o ecologista Sérgio Ricardo, em Minas Gerais existem atualmente cerca de 600 barragens de rejeitos e resíduos industriais e minerários classificadas como de alto risco ambiental. “Esta grave situação de risco tem sido literalmente ‘empurrada com a barriga’ há décadas”, denuncia.

Tragédia em Mariana (MG)

                            

Água do rio Doce afetada por ferro e mercúrio

Lama do rompimento das barragens mata tudo que é vida dentro do rio e no entorno, sem contar a grande área afetada que foi riscada do mapa com o rompimento das barragens da empresa da Vale do Rio Doce, a mineradora gigante brasileira.

Segundo o geólogo Luiz Paniago Neves, coordenador de fiscalização de pesquisa mineral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão responsável pela fiscalização de barragens de rejeitos, o rejeito de minério de ferro é classificado como inerte, ou seja, inofensivo. Se ele chegar ao leito de um rio, por exemplo, a água poderá ficar turva, ocorrerá uma sedimentação, mas o consumo da água não terá impacto na saúde. Apesar disso, ainda não houve nenhuma análise específica dos rejeitos despejados pelas barragens rompidas.

No entanto, em Governador Valadares, uma das cidades banhadas pelo Rio Doce, o diretor geral do serviço autônomo de água e esgoto, Omir Quintino, disse que a água coletada para análise apresentou alto índice de ferro, o que inviabiliza o tratamento, além de grande quantidade de mercúrio, que é muito tóxico. Já a Samarco diz que não havia elementos tóxicos no material, o que é uma mentira.

Segundo o Ibama, estima-se o lançamento de 50 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração, o suficiente para encher 20 mil piscinas olímpicas, composto principalmente por óxido de ferro e sílica (areia).

O que essa lama provoca?
De acordo com a coordenadora do núcleo de emergências do Ibama de Minas Gerais, Ubaldina da Costa Isaac, a lama atingiu uma extensão de 80 km do leito d’água na região. Uma das consequências é o assoreamento, ou seja, o acúmulo de sedimentos na calha do rio, causando impactos socioeconômicos e ambientais.

Conforme o Ibama, houve alterações nos padrões de qualidade da água (turbidez, sólidos em suspensão e teor de ferro). Um dos impactos é a mortandade de animais, terrestres e aquáticos, por asfixia. Já no Rio Doce, onde chega mais diluída, a morte de peixes ocorre pelo sistema respiratório, complementa o instituto.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Cadeia produtiva da uva e do vinho ganha força no Congresso

                         


BRASÍLIA (bsb) Nesta quinta-feira (12/11) foi assinalada pelo lançamento da Frente Parlamentar de Defesa e Valorização da Produção Nacional de Uvas, Vinhos, Espumantes e Derivados, no salão verde da Câmara dos Deputados. O deputado federal Afonso Hamm (PP-RS) assumiu a vice-presidência da Frente Parlamentar que tem mais de 200 participantes entre Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A presidência está a cargo do deputado Mauro Pereira. O evento foi assinalado pelos pronunciamento dos participantes, brinde com espumantes fabricados na serra gaúcha e degustação de sucos.

Hamm, que já presidiu a Frente Parlamentar da Fruticultura, destaca a importância da frente para contribuir com as discussões e avanços em prol do desenvolvimento do setor.
  

                  

Entre as pautas prioritárias, o deputado destaca sobre a Medida Provisória 690/2015, que onera o setor, elevando os tributos para as bebidas quentes, como vinhos, espumantes, cachaças, uísque, vodca, entre outras. Hamm salienta que na próxima quinta-feira será votado o relatório da MP. “Os vinhos que tinham uma tributação limitada a R$ 0,73 por litro (teto do IPI com sistema atual), com esta medida, passarão a pagar uma alíquota de 10%”, observa Hamm ao observar que o importante é reduzir a carga tributária e não onerar o setor.

Supersimples

Outro ponto importante enfatizado pelo deputado é em relação a inclusão dos vinhos e espumantes no Supersimples. A proposta, que foi liderada por Afonso Hamm para a inserção das bebidas na nova legislação das micro e pequenas empresas, já foi aprovada no plenário da Câmara dos Deputados e agora está tramitando no Senado Federal.

O vice-presidente da Frente ainda observa sobre o potencial produtivo da uva e vinho, assim como, para exportar o excedente. Somente no Rio Grande Do Sul são mais de 15 mil famílias de pequenos produtores de uva e mais de duas mil unidades de processamento de vinícolas em todo país. O deputado acrescenta que a uva e vinho também contribuem na qualidade de vida das pessoas e na saúde, conforme comprovada por médicos.

O deputado Afonso Hamm aprovou nesta semana, na Comissão da Agricultura, a realização de audiência pública para tratar sobre esses dois temas. O encontro já está marcado para o dia 8 de dezembro, em Brasília, com a presença dos representantes da cadeia produtiva.

E nome do setor, o pronunciamento ficou a cargo do presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Moacir Mazzarollo, que ressaltou sobre a criação da Frente que servirá de elo para trabalhar com as causas do setor, assim como, a legislação. O diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani, apresentou os dados produtivos do setor.

As manifestações também ficaram a cargo dos presidentes da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Evandro Lovatel; da Federação das Cooperativas Vinícolas do RS (Fecovinho), Oscar Ló; União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá; o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suco de Uva (Asbrasuco), José Carlos Stefenon; o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, José Fernando da Silva Protas; o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados e do Sindicato da Indústria do Vinho de Jundiaí, Humberto Cereser e o presidente da Vinhosaf, Gualberto de Almeida.

ESPECIAL 2: Tragédia das barragens de Mariana (MG)


                          

Vale do Rio Doce: padecimento com a poluição

Por Jorge Luiz Lopes
Edição André Ferreira e Helen Simões Lopes

Nesse estudo elaborado pela pesquisadora Gisele Inácia da Silva, de Minas Gerais, mostra muito bem o que vai acontecer de pior com o rio Doce que está sofrendo com o desastre ambiental sem precedentes, e que atinge dois estados diretamente e outro, o Rio de Janeiro, indiretamente.  Estamos publicando o estudo na íntegra, como parte do especial que faz parte também do Blog CeasaCompras.com.

Organização Espacial do Vale Rio Doce:

A região do Vale do Rio Doce se organizou após a construção da estrada de Ferro Vitória-Minas, quando as matas foram devastadas para fornecimento de carvão para a ferrovia, para as siderúrgicas que se instalaram no Alto Rio Doce e as atividades madeireiras. Aos poucos foram estabelecidas áreas de pastagens e também as culturas de café que por sua vez foram substituídas por pastagens plantadas e algumas agriculturas de subsistência. Na área de Peçanha, Santa Maria do Suaçuí e municípios próximos a ocupação foi mais antiga, correspondendo a um ciclo de mineração que deu origem aos primeiros centros urbanos, sendo que ainda há extração de mica e pedras coradas semi-preciosas.

A Bacia do Rio Doce:

                     

O rio Doce nasce numa altitude superior a 1.000m, nas serras do Complexo do Espinhaço e da Mantiqueira no estado de Minas Gerais e percorre 853 Km, correndo entre os vales dos rios Piracicaba e Piranga, perfazendo uma grande curva para leste na altura de Governador Valadares em direção ao litoral Atlântico do estado do Espírito Santo, onde deságua. Sua área de drenagem abrange 83.400 km2, dos quais 86% pertencem a Minas Gerais e 14%, ao Espírito Santo.

Sua população é de 2,8 milhões de habitantes, sendo que, somente 12 cidades têm uma população acima de 30.000 hab, 163 municípios estão localizados na área da bacia (153 em Minas e 10 no Espírito Santo), com 70% de suas cidades tendo uma população inferior a 5.000 habitantes.

O regime do rio Doce é considerado como sub-equatorial, com vazões máximas em janeiro e fevereiro e mínimas em setembro (fim da estação invernal).

A bacia não é atualmente muito explorada em termos de potencial hidrelétrico. Foi feito um estudo pela ELETROBRÁS que detalha a possível formação de cerca de aproximadamente 70 reservatórios destinados a produção de energia elétrica. A produção total de todos os aproveitamentos contemplados seria próxima a 3.700 MW.

Na bacia a água é captada para satisfazer três usos principais: irrigação, abastecimento industrial e abastecimento doméstico. A degradação atual da qualidade das águas da Bacia do Rio Doce é resultante de impactos poluidores: fontes de poluição pontuais (industriais e centros urbanos) e fontes de poluição difusas (propriedades rurais, uso de pesticidas e herbicidas, atividades de garimpo, uso inadequado das terras - erosão).

Com a rápida devastação da floresta natural aumentada nos anos 40, as cargas de sólido em suspensão aumentaram acentuadamente, especialmente durante as fortes chuvas de verão, como demonstram os dados históricos. A tabela a seguir nos mostra o uso da terra por área total da bacia:

Em 1980 as florestas naturais ocupavam menos de 7,2% da área total da Bacia.

As Atividades Econômicas:

As atividades econômicas da Região do Vale Rio Doce concentram uma população economicamente ativa, principalmente no setor primário. A agricultura é extensiva e caracterizada por métodos tradicionais de baixa tecnologia, com baixa produtividade, dando destaque ao café, a criação de gado e as culturas de subsistência. Economicamente, a criação de gado é a atividade mais representativa e distribuída em toda a bacia. A tendência indica a substituição das lavouras de café por pastagens ou reflorestamento com pinus ou eucalipto. Nota-se a diminuição da população rural com êxodo para as cidades.

As atividades industriais são fortemente ligadas à mineração e atividades correlatadas, são de primordial importância na bacia. Esta inclui boa parte do Quadrilátero Ferrífero, que é responsável por cerca de 61% da produção brasileira de minério de ferro, e onde se localizada 31% da produção de aço. Atividades de menor importância incluem indústrias produzindo açúcar e álcool, papel e celulose e outras mecânicas, químicas e metalúrgicas.
   

                     

Os principais pólos das áreas de mineração estão localizados na parte ocidental da bacia: Itabira, Marina e Antônio Dias. A produção já supera 70 milhões de toneladas, principalmente pela Cia. Vale do Rio Doce (CVRD), o que mostra sua importância em termos importância em termos do desenvolvimento econômico da bacia. A produção é transportada por uma ferrovia ao longo do curso do Rio Doce que chega a Vitória (ES).

A siderurgia é composta por quatro empresas que operam na sub-bacia do rio Piracicaba: a USIMINAS (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais), a ACESITA (Aços Especiais Itabira), a COSIGUA (Cia. Siderúrgica da Guanabara) e a Cia Siderúrgica Belgo-Mineira.

Vegetação
   
No meio de muitas áreas onde a antiga Floresta Atlântica cobria solos lateríticos pobres, que foram transformados em pastagens e hoje são áreas de verdadeiros desastres ecológicos, a mais emblemática destas regiões é o Vale do Rio Doce. Considerada economicamente próspera, por ter atraído grandes siderúrgicas alimentadas pelo minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, a região que há cinqüenta anos era coberta por uma das mais belas florestas tropicais da terra, apresenta hoje uma paisagem quase de deserto. Na realidade é pior do que um deserto, pois não tem vegetação típica do deserto e está sujeita às fortes chuvas que abrem voçorocas e acabam com o solo.

A maior parte da área transformada em pastagem para pecuária extensiva está em franca decadência. Um riquíssimo patrimônio de biodiversidade foi sacrificado para se obter uma produção cada vez menor de carne e leite. O que ainda ameniza um pouco a situação são as plantações de eucalipto para celulose e carvão vegetal, que criam utilidade econômica para algumas parcelas do solo.

Sob a ótica de uma economia ecológica, transformar uma rica floresta tropical em uma pastagem de baixa produtividade e curta duração é a mais irracional e predatória das atividades humanas.

Aspecto geológico:

Apresenta no aspecto geológico embasamento cristalino do pré-cambriano, com topografia acidentada, apresentando altitudes que variam de 200 a 1.000 m e superfície de 62.076km2. O subsolo da região apresenta amianto, argila, mica, pedra coradas (semi-preciosas), quartzo e outras.

No campo mineral, toda região fornece um panorama positivo, desde grandes explotações de minério de ferro bem como produção de pedras preciosas, ouro e diamante.

Estrutura fundiária:

A estrutura fundiária concentra uma média de 80% das terras nas mãos de apenas 16% da população, em estabelecimentos de mais de 100 ha, cujas terras são constituídas em sua maior parte por pastagens extensivas, predatórias e antiprodutivas.

Mas isto pouco contribui para o desenvolvimento integrado agricultura-indústria, que existe em estágio mais avançado em outras regiões mineiras, como, por exemplo, o sul de Minas e o Triângulo Mineiro.

Com relação à população do Rio Doce o que se observa é um a falta de absorção e fixação dos habitantes na região. Esse fenômeno, aliás, é comum não só em nosso Estado, como em nosso país e mesmo na América Latina: esvaziamento da região rural e aumento das regiões urbanas. Esta população está em acentuada queda numérica, a área rural apresenta aproximadamente 42% da população e a urbana 58%.

Hidrografia:
   
As bacias hidrográficas dos rios Jequitinhonha, Mucuri e Doce de caráter exorreico, constituem as redes de drenagem mais importantes, com número elevado de caudais volumosos serpeando por regiões, outrora abundantes em cobertura de florestas tropicais. A precipitação média é de 1.250mm e de abril a setembro o tempo é seco. A temperatura fica entre 15o C a 30o C.

A qualidade de água dos rios e córregos da região do Rio Doce em termos gerais apresenta problemas que estão associados a processos erosivos das margens dos rios, das áreas mineradoras e dos solos desprotegidos, acentuados durante a estação chuvosa; processos de revolvimento (após chuvas) de partículas decantadas, contendo possivelmente metais pesados resultantes da mineração do processamento mineral, da siderurgia e das atividades de garimpo; mecanismos clássicos de poluição, envolvendo diluição, transporte e autodepuração. Algumas observações de pescadores e de habitantes ribeirinhos testemunharam recentes modificações na qualidade de água do rio durante aproximadamente os últimos 20 anos, observaram diminuição da transparência das águas do rio Doce, aumento e turbidez durante o período da estiagem, poluição orgânica estimada pela freqüência de odores desagradáveis, desenvolvimento de espécies menos nobres de peixes que são mais tolerantes à poluição, sugerindo assim uma queda significativa na qualidade biológica do Rio.

A freqüência das últimas enchentes sugere que a sedimentação no rio doce modificou o regime das águas, uma clara demonstração do impacto causado pela falta de um uso adequado das terras marginais aos rios.

A presença ou ausência de peixes é um aspecto importante da qualidade de águas na bacia. Em outras épocas, o rio Doce foi bem mais piscoso. O nome de um dos rios da bacia ("rio do Peixe") sugere abundância de pescado ou predominância de uma determinada espécie em suas águas. Alguns afluentes são considerados com naturalmente pobres em piscosidade.

Uso da água da Bacia do Rio Doce:

Os seguintes usos podem ser definidos na bacia:

- Abastecimento de água e sistema de esgoto, que são gerenciados por empresas estuais ou serviços municipais. Todos os centros urbanos que cercam a região dispõem de abastecimento de água potável.

- Demanda industrial de água: principalmente devida à mineração e à siderurgia. As principais empresas operam suas próprias captações de água e estações de tratamento.

- Uso agrícola: a irrigação só é feita em pequena escala, em locais dispersos, com uma maior importância nos municípios de Caratinga, Conselheiro Pena, Aimorés e Colatina.

- Produção de eletricidade: a capacidade de produção instalada é de 326 MW, gerados por 12 unidades. Estas, em sua maioria, são propriedade de empresas de mineração. A maior usina da bacia está localizada próximo à fronteira MG-ES (Mascarenhas).

- Navegação: o Rio Doce costumava ser navegável entre Regência e Mascarenhas (143 Km), o que a alta sedimentação e outras obstruções tornaram atualmente impossível. Em 1983 houve o projeto de uma aquavia, mas não foi implementado.

- Pesca e piscicultura: a drástica redução de ictiofauna na bacia, devido às atividades humanas, tornam essas atividades de prática mais difícil. Foram feitos estudos quanto à piscicultura em conexão com reservatórios de hidrelétricas. A prática da pesca ainda é comum na bacia, menos na poluída bacia do Rio Piracicaba.

- Controle de cheias: é um problema em muitas áreas da bacia, com altos danos para as propriedades e os próprios indivíduos, como ocorreu diversas vezes em 1979/80. Houve um estudo para controle de cheias que propunha construir algumas barragens. A existência da ferrovia Vitória-Minas, ao longo do Rio Doce até o Piracicaba, impede a construção de barragens no curso principal.

- Meio ambiente: a floresta tropical e os rios pagaram um tributo muito alto ao desenvolvimento econômico da região. A maioria das florestas nativas do estado de Minas Gerais foram derrubadas (mais de 90%).