segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Agricultura quer ampliar a produção de flores no Noroeste Fluminense
A ideia é desenvolver um planejamento estratégico com foco na expansão de assistência técnica e oferta de crédito para o segmento.
A floricultura fluminense, no início restrita as regiões Metropolitana e Serrana, está se expandindo para outras áreas do nosso estado. A diversidade climática possibilita o cultivo tanto de flores de clima temperado quanto de clima tropical, e o Noroeste Fluminense vem gradativamente apostando nessa vocação. Produtores de Santo Antônio de Pádua, Miracema, Porciúncula, Varre-Sai e Bom Jesus do Itabapoana já têm no plantio de antúrios, helicônias, orquídeas e outras, uma opção de renda. É o caso da Dona Amância Spinosa de Lima Alves, de Miracema, uma das pioneiras no cultivo plantas ornamentais no Noroeste.
Apaixonada por flores desde criança, ela começou a apreciar a atividade como negócio a partir da implantação do Programa Florescer, da secretária estadual de Agricultura, de fomento à atividade.
- Aos 13 anos plantei minha primeira orquídea, parei enquanto criava os filhos, mas retornei quando eles cresceram. O cultivo de plantas é um tratamento para a nossa saúde e estimula a nossa inteligência – diz a produtora, que começou a pesquisar o cultivo das flores tropicais quando soube dos incentivos estaduais.
Hoje Dona Amância possui cerca 800 orquídeas de mais de 20 gêneros diferentes. Antúrios e samambaias completam a sua produção, vendida na lojinha em frente a sua casa, no Centro de Miracema. A intenção da produtora era ampliar o cultivo em seu sítio, em Santo Antônio de Pádua, mas os filhos não se interessaram.
- O clima, o solo e a água são ideais para a atividade, mas temos dificuldade com a mão de obra – acrescenta.
Segundo a coordenadora do programa Florescer, Nazaré Dias, o Noroeste Fluminense possui 17 produtores e a intenção do secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo é ampliar a área de produção na Região.
- Precisamos de mais pessoas como D. Amância e D. Waninha, outra produtora do Noroeste, que enxergaram o potencial da atividade - afirma Nazaré.
A secretaria pretende desenvolver um planejamento estratégico visando ampliar a assistência técnica e a oferta de crédito para o segmento no Noroeste fluminense, que tem grande aptidão para a floricultura.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
ESPECIAL - INFORME ECONÔMICO
Brasil: mercado de orgânicos deve movimentar R$ 2,5 bi, em 2016
Estimativa do Ministério da Agricultura é que o setor cresça entre 20% e 30% no próximo ano. O Rio Grande do Sul é o estado que mais tem produtores (1.554), seguido de São Paulo (1.438) e do Paraná (1.414). O Rio de Janeiro tem apenas 527.
A agricultura orgânica ganha cada vez mais espaço na cadeia agrícola brasileira. Em 2014, ela movimentou cerca de R$ 2 bilhões e a expectativa é que em 2016 este número alcance R$ 2,5 bilhões, segundo o setor. O mercado nacional de orgânicos espera crescer entre 20% e 30% no ano que vem.
Os produtos de orgânicos agregam, em média, 30% a mais no preço quando comparado aos produtos convencionais, de acordo com analistas do setor. Segundo Jorge Ricardo de Almeida Gonçalves, da Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a formação de preços depende especialmente do gerenciamento da unidade de produção, do canal de comercialização e da oferta e demanda dos produtos.
“Normalmente, os valores dos orgânicos são mais elevados que os dos produtos convencionais por terem uma menor escala de produção, custos de conversão para adequação aos regulamentos e processos de reconhecimento de sua qualidade orgânica”, assinala Jorge Ricardo. Na sua avaliação, o produtor de orgânicos ainda carece de crédito diferenciado e de tecnologias e assistência técnica, além de infraestrutura e logística adequadas às características da produção e do mercado de orgânicos.
Cadastro
Atualmente, há 11.084 produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, gerenciado pelo Mapa. O banco de dados é liderado pelos estados do Rio Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e Santa Catarina (999). Veja tabela abaixo.
A área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Nela, são produzidas hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do brasil, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e laticínios.
O Brasil exporta para mais de 76 países. Os principais produtos exportados são açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas.
Normatização
A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade dos alimentos: a certificação por auditoria, os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação.
Os agricultores que buscarem a certificação por auditoria ou participativa poderão utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é fornecido por organismos de avaliação de conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura. Eles são os responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos produtos.
Os grupos de agricultores familiares que quiserem atuar na venda direta recebem uma declaração de cadastro emitida pelo Mapa.
O governo federal tem estimulado, em parceria com entidades públicas e privadas, a difusão da agricultura orgânica com cursos de capacitação, promoção de feiras orgânicas para o escoamento dos produtos e certificação da produção. A certificação garante a origem e forma produtiva do alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção está em harmonia com o meio ambiente.
Agroecologia contribui para dar sustentabilidade econômica à agricultura familiar
Sistemas
Os produtores de orgânico destacam que a atividade tem impacto ambiental positivo, como a ampliação dos ecossistemas locais e a redução do aquecimento global. Além disso – ressaltam –, contribui para a sustentabilidade econômica da agricultura familiar e para a melhoria da qualidade de vida.
A prioridade desse sistema é empregar matéria orgânica e adotar boas práticas que harmonizem os processos biológicos. Os produtos orgânicos são provenientes de sistemas baseados em processos naturais.
As técnicas para obter o produto orgânico incluem manejo da matéria orgânica, uso de adubação verde e biofertilizantes, consórcio e a rotação de culturas, emprego de sementes crioulas ou de variedades mais resistentes e adaptadas e utilização de controle fitossanitário biológico, mecânico ou cultural. Estes fatores garantem a qualidade dos alimentos orgânicos.
Produtores Orgânicos, veja a relação por estado:
AC (149); AL (51); AM (93);
AP (62); BA (254); CE (355);
DF (129); ES (193);GO (27);
MA (283); MG (361); MS (70);
MT (164); PA (357); PB (259);
PE ( 651); PI (835); PR (1.414);
RJ (527); RN ( 430); RO ( 112);
RR (06); RS ( 1.554); SC (999);
SP ( 1.431); TO (0).
Espírito Santo prepara sua floricultura para os próximos 15 anos
Ceasa capixaba discutiu cenário da floricultura, dentro de projeto denominado Pedeag 3, no município de Santa Teresa. Na forma de oficina, são aplicados questionários técnicos que servirão de base para o planejamento de ações voltadas para o desenvolvimento do setor.
Produtores rurais e representantes da floricultura e de cooperativas agrícolas participam da oficina do Pedeag 3 que vai discutir os desafios e as oportunidades do setor para os próximos 15 anos. O encontro aconteceu nessa terça-feira (29/9), no auditório do Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Durante a oficina, os participantes poderiam acompanhar um panorama do setor no Estado e apresentar sugestões e contribuições para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva.
Nestas oficinas também são aplicados questionários técnicos que servirão de base para o planejamento de ações voltadas para o desenvolvimento do setor. Do atrativo turístico à rentabilidade, da geração de emprego e renda às políticas de sustentabilidade. Esses e outros assuntos estarão no foco das discussões. O cultivo de flores para venda aumentou no Espírito Santo nos últimos anos. O setor está presente em 17 municípios e já movimenta mais de R$10 milhões por ano, gerando aproximadamente 8 mil empregos.
Pedeag 3
O Pedeag 3 é principal ferramenta de planejamento do setor agrícola do Estado. Até novembro serão realizadas 52 oficinas de trabalho sobre as principais cadeias produtivas do agronegócio capixaba, que servirão de base para a formulação de um plano de ação para os próximos 15 anos. As oficinas também estão discutindo temas transversais, como capital humano, tecnologia e capacidade de inovação, organização da produção, logística e comercialização, dentre outros.
O primeiro Pedeag foi elaborado em 2003, a partir de uma iniciativa pioneira na história recente da agricultura capixaba. Logo o Pedeag se transformou na principal ferramenta de planejamento do setor agrícola do Estado. Em 2008, a Secretaria de Estado da Agricultura elaborou o Novo Pedeag, mantendo as linhas e diretrizes da primeira versão, mas aprofundando a visão estratégica por culturas e regiões capixabas. O Pedeag 3 irá reunir os avanços obtidos nas duas versões anteriores do Plano, com uma abordagem centrada na inovação, no empreendedorismo e na sustentabilidade.
Site do Pedeag 3
Além de participar dos debates presenciais nas mais de 50 oficinas de trabalho do Pedeag 3 produtores rurais e representantes das diversas cadeias produtivas do agronegócio capixaba têm à disposição mais uma ferramenta interativa para ajudar na construção do planejamento estratégico do setor: o site do Pedeag 3: www.pedeag.es.gov.br, que permite, entre outras funções, que os internautas apresentem sugestões e contribuições para o desenvolvimento dos principais arranjos produtivos da agropecuária do Estado.
O site do Pedeag 3 reúne informações sobre as oficinas de trabalho e permite que o internauta confira o calendário de oficinas por temas e municípios. Há também uma apresentação sobre o Pedeag 3, com seus objetivos e metas, além de notícias e fotos.
Um dos destaques é o espaço interativo onde é possível ter acesso às apresentações técnicas com o panorama dos diversos setores do agronegócio capixaba. Na aba “Oficinas” também é possível ter acesso às principais sugestões apresentadas durante os debates realizados nas oficinas. Isso porque a Seag quer conhecer a opinião daqueles que, por algum motivo, não puderam comparecer às reuniões. Por essa ferramenta, é possível eleger duas sugestões ou selecionar uma e enviar uma nova sugestão.
Outubro tem boas dicas de consumo para frutas e hortaliças
Neste mês, muitas frutas devem estar com boa oferta e preços baixos para o consumidor, segundo a diretoria técnica da CeasaMinas. Uma delas é a banana prata. É uma das frutas mais nutritivas existem. Duas bananas grandes fornecem 1 grama de potássio, dose diária que satisfaz as necessidades deste mineral em um adulto. Além disto, contribuem para evitar a hipertensão e para manter o coração saudável.
A melancia, muito consumida para combater o calor, é outra boa dica de consumo. Ao comprá-la, o consumidor deve observar se a superfície da melancia é uniforme e se a polpa tem aparência fresca e macia.
Hortaliças
Entre as hortaliças, uma boa sugestão para o mês de outubro é a batata. A variedade Asterix, cuja casca é um pouco mais escura, é a ideal para fritar. Já a batata ágata é recomendada para cozinhar.
Outra sugestão é a cenoura. A cenoura é muito útil nas doenças da retina e dos olhos em geral, nos problemas de pele, nas gastrites e como preventivo do câncer.:
Laranja pera e tomate carmem estão mais em conta
Semanalmente, a CEAGESP (Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo) prepara uma lista com produtos com os preços em baixa, estáveis ou em alta, para você se alimentar bem e economizar mais. Confira a lista dos produtos:
PRODUTOS COM PREÇOS EM BAIXA
Banana prata sp, coco verde, laranja pera, carambola, melão amarelo, goiaba branca, banana nanica, abobrinha italiana, pimentão verde, beterraba, pepino comum, cenoura, tomate carmem, abóbora moranga, tomate rasteiro, batata doce rosada, cara, mandioca, cebolinha, gengibre com folha, coentro, couve manteiga, espinafre, repolho roxo, salsa, repolho, escarola, alface crespa, alface lisa, acelga, nabo, milho verde, alho poró e cebola espanhola.
PRODUTOS COM PREÇOS ESTÁVEIS
Abacate margarida, mamão formosa, mamão papaya, caju, atemóia, tangerina murcot, laranja lima, fruta do conde, laranja seleta, maçã gala, uva itália, acerola, manga tommy, abacaxi havai, banana terra, uva rubi, cara, pimentão vermelho, pimentão amarelo, tomate pizzad'oro, gengibre, pepino caipira, pepino japonês, batata doce amarela, jiló, abóbora seca, brócolos ninja, rabanete, agrião, couve-flor, cenoura c/ folha, cebola nacional e ovos branco.
PRODUTOS COM PREÇOS EM ALTA
Maçã estrangeira, morango comum, melancia, figo, nêspera, limão taiti, abacate breda, maracujá azedo, maracujá doce, pera estrangeira, caju, uva crinsson, banana maçã, manga hadem, abacaxi pérola, uva rosada, maçã importada, berinjela, chuchu, abobrinha brasileira, abóbora japonesa, ervilha torta, mandioquinha, vagem macarrão, rúcula, brócolos comum e alho nacional.
Festival mostra a variedade de peixes da CEAGESP
A CEAGESP criou, há três anos, o Festival do Pescado e Frutos do Mar. O evento, que neste ano vai até 6 de dezembro, destaca todas as semanas receitas diferentes elaboradas com peixes e frutos do mar com a qualidade CEAGESP.
A ideia do Festival Gastronômico é mostrar um pouco da variedade de produtos comercializados no atacado do maior Entreposto de Pescados do Brasil. Nem todo mundo sabe mas, durante a semana, às 2h da manhã, uma sirene soa e começa a comercialização no atacado de pescado da CEAGESP. Todas as madrugadas são comercializadas, em média, 150 toneladas de peixes e frutos do mar, vindos de todas as regiões do País e do Exterior para abastecer o mercado de São Paulo e de outras cidades.
E é esse produto fresco que é servido no Festival do Pescado e Frutos do Mar CEAGESP. O evento gastronômico também mostra as diversas opções de preparo dos pratos à base de pescados. Com isso, contribui ainda para incentivar o consumo brasileiro de peixes e frutos do mar.
Quarta semana
Nesta semana, de quarta (30/09) a domingo (04/10), o Festival traz como destaques no cardápio Salmão ao Vinagrete de Morangos, Cartoccio de Linguado e Pescada-Cambucu com Farofa de Pupunha. Entre as atrações fixas do evento, estão a Paella feita num tacho de 1,20 m de diâmetro, os Camarões Assados e o Xixo de Meca, servidos à vontade nas mesas.
Por um preço único de R$ 62,90, pode-se comer à vontade mais de 30 pratos diferentes. Desde as entradas, passando pelas saladas, os pratos quentes, que incluem os peixes em destaque na semana, e os diversos acompanhamentos, além da Paella, dos Camarões e Xixo. As bebidas e as sobremesas são cobradas à parte.
SERVIÇO
FESTIVAL DO PESCADO E FRUTOS DO MAR CEAGESP 2015
Quando: Até 6 de dezembro
Horário: Quarta e quinta, das 18h à meia-noite; sexta e sábado, das 18h à 1h; Domingo, das 11h30 às 17h.
Preço: R$ 62,90 (por pessoa). Vinhos, sucos, refrigerantes e sobremesas são cobrados à parte.
Pagamento: Dinheiro, cartão de débito e crédito Visa, Mastercard e Elo.
Onde: No Espaço Gastronômico CEAGESP.
Entrada: Portão 4 da CEAGESP (Av. Dr. Gastão Vidigal - Vila Leopoldina).
Estacionamento: Portão 4, com preço fixo de R$ 10,00, válido para todo o período em que o frequentador estiver no evento.
Site do evento: www.festivaisceage
terça-feira, 29 de setembro de 2015
ALERTA! Rio está consumindo água com bactérias que atacam rins, fígado e pulmões
Reservatório do Funil, em Resende, interior do estado, apresenta alto nível de contaminação. Índice de bactérias tóxicas na água é pelo menos 25 maior que o fixado pela OMS. Pesquisadores da UFRJ fizeram o alerta, mas Cedae nega a impossibilidade de tratar a água, que é usada até para irrigação na lavoura. Veja essa matéria do Globo.
Ora azul, ora verde. Por vezes, marrom. Constante ali só a certeza de uma contaminação incompatível com a saúde. O Reservatório do Funil, em Resende, cujas águas integram o sistema do Paraíba do Sul e contribuem para o abastecimento do Rio, estão infestadas por cianobactérias (bactérias tóxicas). Análises da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelaram que o Funil apresenta um índice mínimo de contaminação pelo menos 25 vezes maior do que o máximo determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para água de abastecimento. As bactérias cianofíceas (nome em alusão ao tom azulado) produzem toxinas que atacam fígado, rins e pulmões. Se a seca se prolongar este ano, a situação se agravará, porque o esgoto se manterá estável, ao passo que o fluxo de água cairá.
Segundo a OMS, a contaminação não deve ultrapassar 20 mil células de cianobactérias por mililitro de água.
- No Funil, a média é de 500 mil células por mililitro. Há meses em que salta para um milhão por mililitro. Essa água pode se tornar impossível de ser tratada. É puro esgoto concentrado e contém bactérias tóxicas para homens e animais. Detesto alarmismo, mas a situação é alarmante — frisa Sandra Azevedo, professora titular e diretora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, e uma das maiores especialistas do Brasil nesses organismos.
Água imprestável para tudo
Sandra, que há 20 anos estuda a qualidade da água do reservatório, garante que ela está imprestável para consumo humano, pesca e irrigação. No máximo, serviria para a navegação e a geração de energia. As chamadas florações tóxicas existem há 20 anos, mas, quando o nível de água baixa, como agora, a concentração desses organismos aumenta significativamente.
- Coletamos todos os meses água para análise, e a situação só piora, devido ao descaso. O esgoto continua a ser lançado ao passo que a seca impede a reposição do volume d’água. Nem um milagre mudará a situação agora. Só um trabalho sério que impeça o lançamento de esgoto. Hoje, mais de 90% de toda a população de fitoplâncton (micro-organismo) do Funil é de cianobactérias tóxicas — explica a pesquisadora.
Ela e seu grupo divulgaram recentemente um estudo que traça o cenário da ameaça para a saúde que o Funil representa. Publicado na revista científica que atende pelo sugestivo nome de “Harmful algae” (“Algas perigosas”), o artigo analisa as concentrações de espécies de cianobactérias tóxicas que proliferam no Funil. A floração das bactérias confere às águas do Funil um aspecto de outro mundo, exatamente como era a Terra na época em que esses micro-organismos surgiram há bilhões de anos. Eles proliferam em ambientes ricos em nutrientes, como o fosfato e o nitrogênio, abundantes nos milhões de litros de esgoto sem tratamento lançados no Rio Paraíba do Sul dia após dia. E fazem o resto do trabalho sujo: liberam toxinas que envenenam peixes e outros animais e permanecem em alta concentração na água. O resultado é uma sopa viscosa, malcheirosa e tóxica.
Criado por Furnas em 1969 para o complexo da Usina Hidrelétrica do Funil, o reservatório se estende por 40 quilômetros quadrados. Ele recebe não apenas o esgoto das cidades e propriedades rurais vizinhas, como um enorme volume de poluentes originados em São Paulo. Uma vez que passam pela usina, as águas são despejadas no Paraíba do Sul, onde entram no sistema de abastecimento.
- O Paraíba do Sul é um rio maltratado. A seca só piorou o cenário sujo que o descaso histórico com o esgoto e a qualidade da água produziram — lamenta Sandra.
E a seca avança. Climatologistas e meteorologistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) não têm grande esperança de que a chuva esperada nesta primavera vá salvar o reservatório do volume morto. A tendência é que chova abaixo da média histórica.
- A água no Funil baixou tanto que a gente enfrenta até dificuldade para descer com o barco usado na coleta. Vemos claramente a mudança do clima na região. E, mais nítido do que ela, só o esgoto, que continua a ser lançado impunemente — conta a pesquisadora.
CEDAE NEGA
A Cedae afirmou ontem que não existe risco para a população. Segundo nota da empresa, o que “importa não é a qualidade da água encontrada no Funil, e sim a que chega à captação do Guandu”. O texto frisa que as cianobactérias se desenvolvem em ambientes sem movimento, como lagos. “No caso do Funil, esta água percorre mais de 200 quilômetros para chegar até a captação do Guandu, passando por corredeiras com fluxo intenso e continuo”. Dessa forma, destacou a empresa, a água que chega ao Guandu está “dentro dos padrões para tratamento, sem nenhum risco”. A Cedae informou ainda que faz o monitoramento frequente das cianobactérias, para impedir a contaminação do produto fornecido à população.
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