Presente nos quintais brasileiros e até na pauta de exportações brasileiras, a manga entrou em safra na CeasaMinas. O resultado disso já pode ser sentido no bolso do consumidor, já que o preço médio do quilo ficou 19,5% menor no comparativo de outubro com setembro, no atacado do entreposto de Contagem.
De acordo com o chefe da Seção de Informações de Mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes Martins, em outubro o preço médio do quilo no atacado foi de R$ 2,40/kg frente a R$ 2,98/kg de setembro. O período atual, segundo ele, é marcado pela entrada das chamadas mangas comuns, a exemplo da ubá e espada, que se juntam às variedades nobres ou “de mesa”, tais como a palmer, tommy e rosa. A soma de ambas as ofertas leva então à redução do preço médio.
Quando comparado ao preço de outubro de 2016, o preço da manga foi 8,6% maior, com queda de 19,3% na oferta geral da fruta no atacado. Ainda assim, conforme Fernandes, o momento é propício ao consumidor, já que a safra forte da manga vai de novembro a fevereiro, com expectativa de possíveis reduções de preço nesse período.
Essa alta do preço médio no ano foi resultado de uma oferta reduzida até o momento das mangas comuns em relação a 2016. “Uma vez que essas variedades comuns não são irrigadas, um período mais seco em alguma localidade, por exemplo, pode atrasar a chegada delas no mercado”, explica.
O produtor José Geraldo Sobrinho, produtor rural de manga espada e ubá, não reclama da situação de preço. “Estou vendendo a caixa de manga espada com 18 kg por R$ 25 a R$ 30. Em 2016 tava dando R$ 20”. Sobrinho traz a fruta produzida em Gouveia (MG), no Vale do Jequitinhonha, a cerca de 260 km da capital.
Palmer
Já para muitos produtores do Projeto Jaíba, no Norte de Minas, especializados nas chamadas mangas nobres, os preços têm sido menores tanto no comparativo mensal quanto no anual. “Nesta época agora é normal o preço cair pela entrada das variedades comuns. Mas neste ano o preço ficou ainda mais baixo por causa do aumento de 30% da nossa produção”, explica Jean Carlos Ribeiro, produtor representante da Associação NH2 Renascer, que inclui 40 famílias de pequenos agricultores. A melhor produção, segundo ele, é resultado do aumento da produtividade graças aos investimentos da associação.
No último dia 30/10, a manga palmer vendida por ele estava em R$ 35 (caixa com 20 kg) no atacado. “No ano passado, nesta época, o preço estava melhor para o produtor: de R$ 40 a R$ 45”, destaca.
Outro fator que tem contribuído para segurar o preço, de acordo com o produtor, é a demanda menor até o momento. “Enquanto nesta época em 2016, a gente trazia para vender na CeasaMinas 500 caixas por semana, agora são 300, apesar de termos uma produção maior. Trazemos menos para que não sobre mercadoria. Em alguns casos, preferimos até vender na roça”.
Ribeiro afirma que o custo para produzir e trazer uma caixa de manga de 20 kg até o MLP é de R$ 27. “Com o preço cotado hoje nossa margem de lucro é muito pequena, ainda mais se a gente considerar que são 3 anos para produzir”. O município-sede da associação e que dá nome ao Projeto Jaíba fica a cerca de 620 km da capital.
Vale do São Francisco é destaque
Segundo a Base de Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), referente ao ano de 2015, a Bahia liderou a produção de manga no país, alcançando cerca de 280 mil toneladas. Minas Gerais ocupou a quarta posição, com 106.813 toneladas;
O município pernambucano de Petrolina, na região do Vale do São Francisco, ficou como o maior produtor da fruta no país, com cerca de 180 mil toneladas. Para se ter uma ideia dessa representatividade, vale registrar que o município baiano de Livramento de Nossa Senhora, o segundo colocado na lista, produziu 52 mil toneladas no mesmo ano.
Quando se considera o município com melhor produtividade, Sento Sé (BA) e Santo Antônio de Posse (SP) apresentou o melhor desempenho, com 35 toneladas, cada um, produzidas por hectare.
A Holanda é o principal destino das exportações brasileiras de mangas (frescas ou secas), segundo as estatísticas da Base de Dados. O país europeu importou 70 mil toneladas em 2016, seguido pelos Estados Unidos, com 30 mil t.
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