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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Petrópolis chama atenção com cultivo de verduras em estufas

Produtores de Conceição de Macabu visitaram plantações protegidas de hortaliças em Petrópolis, na Região Serrana fluminense para conhecer a técnica.

             

Produtores de Conceição de Macabu, município do Norte Fluminense, visitaram na terça-feira (22/11) propriedades na microbacia do Bonfim, em Petrópolis, na Região Serrana. O objetivo da visita foi o intercâmbio de conhecimento sobre o cultivo em ambiente protegido, uma das práticas incentivadas nas duas regiões pelo Rio Rural, programa da secretaria estadual de Agricultura. A utilização de estufas permite que os produtores melhorem a qualidade e a eficiência de sua produção e tenham maior possibilidade de comercialização.

Os 15 produtores que visitaram a cidade serrana são das microbacias Rio do Meio/Córrego Fundo e Córrego São Domingos, e serão beneficiados com recursos de projeto grupal para a implantação de estufas. Segundo o técnico da Emater-Rio em Conceição de Macabu, Pedro Guimarães Cruz, é a primeira vez que a técnica de cultivo protegido será utilizada por um grupo de agricultores naquele município.

Para o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, a troca de conhecimento entre os agricultores favorece o êxito dos novos projetos.


- Quando as técnicas inovadoras a serem implantadas pelos produtores são ratificadas por seus pares, há mais confiança. Com esse intercâmbio, o sucesso de um é o sucesso de todos - destacou Áureo.

Em Petrópolis, foram visitados os sítios de José Renato Christ e Laria Maria Gomes, onde as estufas já estão sendo utilizadas há cerca de 3 anos, com incentivos do Rio Rural. Segundo o técnico da Emater-Rio, André Azevedo, os resultados do cultivo protegido no município são muito positivos.


- O produtor José Renato, por exemplo, aproveitou os bons resultados e também investiu na hidroponia com recursos próprios. Sua produção de hortaliças, hoje, é em alta escala. Já a agricultora Laria, implantou duas estufas: uma para a produção de mudas e a outra para o cultivo do jiló e hortaliças, o que contribuiu muito para facilitar o trabalho e aumentar a renda familiar - explicou Azevedo.

Teoria e prática

 

As diferenças climáticas entre as regiões, informações sobre os tipos de estufas, especificidades da produção, e as formas de utilização para diferentes variedades de hortaliças foram alguns dos assuntos abordados durante a visitação. Os produtores de Conceição de Macabu puderam ver de perto os resultados obtidos com o cultivo protegido e tirar dúvidas diretamente com quem já trabalha com a técnica.

Para o produtor Joeci Gomes Leal, visualizar na prática a possibilidade de manter a qualidade com uma produção em estufa fez muita diferença, já que as dificuldades enfrentadas são grandes.
- Enfrentamos temperaturas acima de 40ºC no verão em nossa cidade e até agora era impossível oferecer hortaliças ao mercado neste período. Com a utilização de estufas e com a orientação dos técnicos da Emater-Rio, poderemos produzir o ano inteiro, o que vai aumentar nossa renda. Sem esse projeto grupal do Rio Rural não teríamos condições de começar este tipo de cultivo - relatou.

Sobre o cultivo protegido

O cultivo protegido com a utilização de estufas é um sistema de produção agrícola especializado, que possibilita maior controle das condições do ambiente de produção, como temperatura, umidade do ar, radiação, solo e vento. Uma das práticas incentivadas pelo Programa Rio Rural, a técnica auxilia agricultores a obter melhor produtividade e qualidade dos alimentos, evitando prejuízos devidos à sazonalidade, que atingem principalmente a olericultura. Um dos principais resultados é o aumento da remuneração dos produtores, já que a colheita ocorre durante um tempo maior, inclusive nos períodos com menor oferta e melhor preço. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Vinhas começam a "brotar" na Região dos Lagos, no Rio

Produtor adota técnicas agroecológicas e festeja o cultivo de videiras na Baixada Litorânea fluminense.

            

Quando se fala em produção de uvas no Brasil, automaticamente lembramos das paisagens de clima frio no sul do país, onde o cultivo ficou conhecido, principalmente, em razão da colonização italiana. Cem anos depois, as videiras ganharam espaço na zona rural de outros estados, de clima mais quente, como o Rio de Janeiro. E o mais inusitado: agora as parreiras estão carregadas de cores e aromas a menos de 20 quilômetros das praias fluminenses.

Vários motivos explicam essa novidade: a escolha da variedade adequada à região, o estudo da qualidade da água, bem como a fertilidade e conservação do solo.

- Geralmente, a vegetação de cobertura das plantações de uva são baixinhas. Na Região dos Lagos, o produtor faz apenas a roçada. As plantas espontâneas, habitualmente descartadas, são reutilizadas, pois vão formar uma camada que protege e nutre a terra, garantindo mais saúde para as videiras - explica Cíntia Cruz, extensionista rural da Emater-Rio e técnica executora do Rio Rural, programa da secretaria estadual de Agricultura, que promove a sustentabilidade nas lavouras fluminenses.

- As pessoas não acreditavam que seria possível produzir uvas nessa região. Hoje, estão encantadas. Vem gente de várias cidades fazer visitação - comemora o agricultor Márcio Parud, do sítio Recanto da Uva, na zona rural de Rio das Ostras, Região dos Lagos Fluminense. Márcio está no terceiro ano de cultivo da uva Niágara Rosada, uma das mais populares nas prateleiras dos supermercados. Ele produz duas toneladas do fruto por ano.

Combate às pragas

O viticultor se prepara para fazer em breve a transição agroecológica, processo de passagem da agricultura tradicional para o cultivo com tecnologias de base ecológica. Uma das técnicas que ele vem adotando com sucesso é o monitoramento integrado de controle de pragas e doenças. A ideia é diminuir gradativamente o uso de produtos químicos na lavoura. Sempre que necessário, soluções alternativas de controle de pragas são utilizadas. Um exemplo é calda bordalesa, mistura de água, cal virgem e sulfato de cobre.

- Todo dia observo as folhas para ver se aparecem fungos. Se for algo pequeno, retiro a folha para não contaminar as outras. Se tiver potencial de causar prejuízo financeiro, uso fungicida, mas tenho aumentando mais o intervalo entre as aplicações. Uma coisa é certa: a calda bordalesa é bem melhor para o meio ambiente - argumenta o produtor.

O uso de caldas alternativas é uma das práticas incentivadas pelo Rio Rural que, além de ser ecologicamente recomendável, reduz os custos de produção.

- Uma vez que o agricultor familiar deixa de fazer as aplicações contínuas de agrotóxicos, ele economiza, pois diminui a mão de obra e também porque deixa de comprar os defensivos em grande escala. Além disso, as caldas alternativas não agridem os lençóis freáticos. O uso sustentável da terra é garantia de mais água para todos - ressalta o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.

Neto de pescadores e agricultores, Márcio Parud se preocupa com a questão ambiental também em razão do público consumidor. A ideia dele não é levar mais pessoas ao supermercado para apenas comprar o produto já colhido, mas trazê-las à propriedade por meio do turismo rural.

- Meu sonho é mostrar às novas gerações que é possível produzir alimento saudável e de mãos dadas com a natureza - comenta.

Com o sucesso da produção da uva de mesa, o agricultor se animou e está produzindo 250 pés da variedade Isabel, indicada para a produção de vinhos, sucos e geleias, pois essa uva tem um nível mais elevado de acidez.

A versatilidade da uva

O clima tem forte influência sobre a videira. Segundo o engenheiro agrônomo e especialista em viticultura, Leandro Hespanhol, no clima frio ela entra em dormência para suportar as baixas temperaturas. Na prática, isso aumenta o tempo entre a poda e a colheita. Em regiões mais quentes, não há dormência, permitindo a realização de duas colheitas por ano.

Para quem pretende “surfar” nessa nova onda, Hespanhol orienta que, apesar do calor parecer um dos maiores entraves à produção de uvas em áreas quentes, como é o caso das zonas costeiras – já que a temperatura ideal para o cultivo de uva varia entre 15ºC e 30ºC –, a água e o solo é que merecem maior atenção.

- Não basta apenas selecionar uma ótima variedade para clima quente. Perto do mar, é comum a presença de água e solo com altas concentrações de sal, o que pode inviabilizar o processo produtivo. Outro fator importante é a adubação orgânica. A técnica permite um melhor desenvolvimento das raízes e, por consequência, melhor absorção de nutrientes, além de manter a terra mais úmida - detalha o especialista.

As chamadas uvas de mesa, consumidas in natura, como a Niágara Rosada, são mais indicadas para climas quentes e úmidos em virtude de sua boa adaptação ao clima, além de serem mais resistentes às pragas e doenças. No Norte e Noroeste Fluminenses, regiões também conhecidas pelas altas temperaturas o ano inteiro, a viticultura está em expansão. Destaque para as cidades de Cardoso Moreira e Bom Jesus do Itabapoana, com maiores safras.