segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Inflação nos preços dos alimentos

                            

Por Jorge Luiz Lopes

O consumidor paga caro porque ele quer? A resposta pode ser sim, em alguns momentos.

Estamos entrando para a segunda semana de 2016 com um horizonte cheios de nuvens meio acinzentadas, meio escuras e com poucas nuvens brancas. As que tem são consideradas CBs enormes, do tipo que nem avião quer atravessar para não ter problemas. Isso é o que ocorrer com a nossa economia, o nosso bolso.

Alimentação, transporte e energia foram os destaques negativos no ano passado, de triste memória para os brasileiros, e que agora foram apresentados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE.  De acordo com ele, legumes, frutas e verduras, que tiveram os preços afetados por problemas climáticos ou pela alta do dólar, deverão continuar pesando  no bolso nesse primeiro semestre de 2016.

Mas, segundo o gerente de Modernização do Mercado Hortigranjeiro da CONAB, Erick Brito Freitas, a situação poderá melhorar, já que não prevê novos aumentos acontecendo, desde que o dólar permanecerá no patamar onde chegou,  ou diminua ( o dólar está em R$ 4). Claro, o tempo também terá que ajudar bastante: nem muita chuva e nem muita seca.  Com isso, as próximas safras terão seus preços bem mais em conta, acredita ele.

O Índice aponta que o tomate teria ficado 47,45% mais caro no decorrer de 2015, por conta de outros fatores também, como os dos aumentos de preços das sementes, fertilizantes e demais insumos importados. Por conta disso, muita gente teria deixado de plantar.

No caso da cebola, houve uma alta de 60,61%, devido às chuvas nas áreas produtoras do país. O vegetal, tão necessário em nossa cozinha,  chegou a ser importado, principalmente da Holanda, o que ajudou a segurar os preços.

Só que os técnicos que montaram o IPCA não disseram é o que realmente está acontecendo, além dos fatores climáticos: a situação no caso da cebola foi bem pior. Os produtores rurais deixaram de plantar cebola em 2015 por conta dos preços baixos do produto em 2014, obrigando-os ao prejuízo. Eles, os produtores rurais, não quiseram arriscar e não plantaram por conta disso, ou reduziram a área de plantio.

Especialistas afirmam que esse cenário tende a continuar este ano.

As fortes chuvas também teriam prejudicado os preços da batata inglesa, com alta de 34,18%. Realmente, mas não foi só isso. Boa parte da produção se perdeu no transporte entre a região produtora e a central de abastecimento, por conta da pressa do produtor rural em tirar o produto e envia-lo molhado. 

Claro, a carga foi se deteriorando no meio do caminho e quando o produto chegou ao mercado já estava impróprio para a venda, sendo recusado pelos comerciantes.  E o que se viu, por exemplo, na Ceasa do Rio de Janeiro era de chorar: milhares de sacas de 50 quilos jogadas no lixo, sendo catadas pelos mais necessitados que aproveitaram muita coisa.

Uma outra coisa: muitos comerciantes da Ceasa carioca preferiram jogar sacas de batatas fora a, pelo menos, tentar vender o produto com preços mais baixos. Pura especulação.

Frutas

No caso das frutas, os fatores climáticos e a especulação também prejudicaram e muito, contribuindo para a alta dos preços.  Muitos produtores rurais preferiram vender a produção no mercado externo, aproveitando a alta do dólar.

No caso dos preços altos também conta fatores como o aumento das tarifas de transporte, energia elétrica, combustível, entre outros. Só de energia, o aumento foi de 51%. Absurdo.

Buraco mais embaixo

O consumidor sofre por todos os lados, o que não lá uma novidade.  O que não aparecem nas estatísticas são os alimentos jogados fora no campo por conta da tirania da beleza, impostas pelas redes de supermercados e de hortifrutis, e adotada pelos brasileiros. Por conta dessa burrice, muita coisa vai para o lixo, ao invés de ir para o prato do brasileiro, por que o produto não está bonitinho. 

Com isso perde o produtor rural e o consumidor final, enquanto os supermercados atuam numa espécie de máfia que já deveria estar sendo investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público da Justiça.

Na realidade hoje, em determinados aspectos, o consumidor paga caro por que quer.
Enquanto os supermercados nos empurram frutas colhidas verdes e amadurecidas a sopapos, as feiras livres, onde encontramos os produtos mais nutritivos, ficam desprestigiadas e até chegam a desaparecer, como aconteceram em alguns bairros do Rio. Claro, ajudados também pela Prefeitura carioca.
O consumidor tem que voltar a eleger a feira livre como sua primeira manifestação de compra de produtos para a sua cozinha, e só depois, muito depois, em último caso, comprar no supermercado ou no sacolão. 

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